Projetos

OFICINA DE NOMES
A Oficina de Nomes é um projeto da Casa1 com objetivo de promover a reflexão sobre direito e cidadania, por meio de ações socioeducativas, levantando questões sobre individualidade e expressão de gênero.
O nome pode parecer algo comum e já estabelecido, o que faz com que a maioria da sociedade nem sequer pense identidades a partir dos nomes.
Saiba maisPor três semanas seguidas, na entrada do Sesc Avenida Paulista foi montada uma instalação.
Com algumas perguntas disparadoras como “Qual a história do seu Nome”, “Como você se chama?”, “Quantos nomes você tem?”, “Quem é você a partir do seu nome?” e “Seu nome segue um pronome?”, convidamos o público a compartilhar suas vivências.
As pessoas passantes se sentiram convidadas pela instalação, ou pela a ideia de compartilhar o nome no post-it. Alguns entendiam que era sobre um espaço para ser contado o significado do seu nome, outros chegavam apenas para escrever o nome no post-it, ou apenas perguntando: “o que é isso?”.
Depois, começava uma interação perguntando qual o nome da pessoa, se ela gosta do nome, quem escolheu o seu nome, se você tem um apelido, um nome social, ou quem é você a partir do seu nome e nessa troca falamos sobre identidade e expressão de gênero, o que é nome social, a importância do nome social, o que é retificação, o que é um corpo trans, um corpo não binário, um corpo cis. E para todos estes questionamentos surgiam duvidas e naquele espaço respondido, compreendido, para alguns foi de emoção, de memória.
Ou mesmo de uma referência importante, como no caso de uma pessoa que ganhou nome inspirado na cantora Nina Simone e que, emocionada, compartilha as sensações de carregar esse nome. O espaço, portanto, foi de partilha.
Mais histórias do projeto: uma mulher cis lésbica que passou pelo período da ditadura militar e teve que trocar seu nome três vezes para se manter viva; de uma gravidez de risco para a mãe e filha, sobreviventes, que terminou com o nascimento da Vitória; a primeira travesty doutoranda em uma universidade publica no Amazonas; a frase: Nunca fui Ana, sempre fui Rafael; e outro post-it: Mãe da água, Yara;
O espaço, para além das histórias partilhadas, também foi de momentos com as crianças passantes ou ali do território do Sesc que estão em situação de vulnerabilidade social que centralizaram um tempo ali conosco para pintar, desenhar, colar. Também tiveram momentos em que fomos questionados sobre nossa identidade e expressão de gênero: “Tia, você também é?” e foi um ponto de partida por meio lúdico de explicarmos sobre o assunto.
Além da própria instalação, o projeto compôs uma série de atividades, como oficinas de Zine, Ilustração, História em Quadrinhos, Bordado e Bate-Papo com a Renata Carvalho. Também rolou o atendimento de orientação para retificação para pessoas trans realizado pelo Poupa Trans, realizando assim uma ação de responsabilidade social por partilhar, questionar, refletir a respeito de quem somos nós a partir de nossos nomes e como valorizamos e evidenciamos nossa identidade e construção de nossas histórias.
O nome pode parecer algo comum e já estabelecido, o que faz com que a maioria da sociedade nem sequer pense identidades a partir dos nomes. Na oficina, tivemos a oportunidade de explorar os arquétipos identitários por meio de perguntas disparadoras e uma instalação de post-it. Acompanhamos histórias de pessoas com diferentes recortes e de pessoas que se identificaram e se emocionaram com histórias e relatos de outras pessoas que provavelmente não ocupariam o mesmo espaço e núcleo social, gerando uma conexão imagética entre todas essas existências e contribuindo também para um espaço seguro de compartilhamento de histórias e desmistificação de estereótipos.
Até a próxima!
Diego e Gustav, educadoras do projeto.