Por Brida Pinheiro, assistente social da Casa 1 e representante do projeto na Conferência Nacional
No segundo dia de Conferência, durante a leitura da carta magna da 4ª Conferência Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, a convidada Ruth Venceremos destacou em sua fala de forma contundente a importância de compreender os direitos e a inclusão não como favores ou concessões, mas como princípios estruturantes de uma sociedade verdadeiramente democrática, e levantou questões pertinentes sobre a sobrevivência, desenvolvimento e fortalecimento da população LGBTQIAPN+
A oradora iniciou abordando a inclusão desde a infância, defendendo que o ambiente escolar tem papel essencial na formação de sujeitos que reconhecem e respeitam a diversidade. Explicou que, quando crianças crescem convivendo com diferentes expressões de gênero, orientações afetivas e formas de existir, tornam-se adultos mais empáticos, menos suscetíveis ao preconceito e abertos à pluralidade humana. “É na convivência cotidiana com a diferença que se aprende o valor da igualdade”, afirmou.
Em contraposição, criticou duramente os projetos e discursos que buscam segregar ou excluir a temática LGBTQIA+ dos espaços educativos, apontando que essas iniciativas não visam proteger ninguém, mas enfraquecer uma luta histórica. “Projetos que tentam se instalar em nossas comunidades com a promessa de ordem e moral servem apenas para dividir e apagar décadas de construção coletiva”, enfatizou.
A fala também ressaltou que é na vivência coletiva que se constrói o respeito e a cidadania. Ninguém se forma sozinho — é no encontro com o outro, nas diferenças, que se consolidam valores democráticos. Assim, defender a presença e a visibilidade das pessoas LGBTQIA+ nos espaços públicos, nas escolas e nas políticas é defender o próprio sentido de humanidade compartilhada.
A ativista pontuou ainda sobre o modo como setores da direita tentam desqualificar as lutas LGBTQIA+, rotulando-as como “pautas identitárias” para minimizar sua importância política. Reafirmou que essa visão é reducionista e perversa, pois a luta LGBTQIA+ não é uma pauta isolada, mas uma luta por democracia, por direitos e por humanidade. “Quando nos chamam de identitários, tentam nos fragmentar, mas o que fazemos é lutar pelo direito de existir, de viver com dignidade — e isso é universal, não particular”, disse.
Encerrando sua intervenção, defendeu que a inclusão e o respeito à diversidade devem ser compreendidos como bases de uma sociedade democrática e plural, e que o Brasil só poderá se considerar verdadeiramente livre quando todas as pessoas, sem exceção, tiverem garantido o direito de ser quem são.
Em seguida tivemos a leitura do regimento interno informando as normas e diretrizes dos trabalhos que serão realizados