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Barbaridade, tchê! Conheça Natália Borges Polesso, a gaúcha duplamente vencedora do Jabuti

Por Daniele Gross, voluntária da Biblioteca Caio Fernando Abreu

Anote este nome: Natalia Borges Polesso. 41 anos, lésbica, gaúcha. Logo em sua estreia (2013), com o livro de contos Recortes para álbum de fotografia sem gente, recebeu o prêmio Açores, o maior prêmio literário de seu estado natal. Em 2016, repete a premiação com outro livro de contos: Amora. Mas não apenas. É com esse livro que recebe seu primeiro Jabuti. Primeiro? Sim! Em menos de uma década de publicações, e com um pequeno intervalo de quatro anos, recebeu seu segundo Jabuti, dessa vez com o romance coletivo Corpos Secos (2020). Dois Jabutis. O ápice literário brasileiro. Em dose dupla. Para poucos.

Assim, em celebração à 1ª Semana de Visibilidade Lésbica da Casa Um, chegamos ao seu nome. Mas algo aí, de partida já era intrigante: como será o texto dessa que já abocanhou tantos prêmios, locais e nacionais, desde seu início literário? Como é a escrita dessa mulher que figurou na seleta lista Bogotá39, que reúne os 39 melhores escritores da América Latina, com menos de 39 anos?

Dessa forma, antes de escrever qualquer linha, escolhi um de seus livros. Fugi um pouco da obviedade, e não mergulhei nos vencedores do Jabuti. Escolhi seu primeiro romance, Controle (2019), uma história de amor e amizade entre mulheres.

E, certamente, minhas impressões não poderiam ser diferentes. Afinal, estamos falando de uma vencedora de dois Jabutis! DOIS! Mas, vamos ao que interessa.

Narrado em primeira pessoa, Controle apresenta a história de Maria Fernanda, desde sua pré-adolescência, quando sofre sua primeira convulsão, descobrindo o diagnóstico da epilepsia. O ponto crucial do texto é a delicadeza e intensidade com que a escritora coloca sua protagonista. E, uma das
características mais marcantes é a capacidade com que Polesso arranca gargalhadas minhas durante a leitura: para mim, um forte indicativo de que quem escreve tem o domínio de sua arte. Quando há domínio da linguagem, a gente se percebe rindo, sorrindo, se emocionando ao longo da história. A
narrativa prende a gente pela emoção. Maria Fernanda apresenta suas dores e angústias com tamanha intensidade e sinceridade, que a gente se identifica com ela.

Doutora em Teoria Literária, mestre em Literatura, Natalia Borges Polesso também tem publicados dois livros de poesia — Coração à Corda (2015) e Pé Atrás (2018) — além de seu último romance A Extinção das Abelhas (2021).

Ilustração: Gustavo Inafuku, voluntário da Biblioteca Caio F Abreu

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