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Ícone do ativismo LGBTQIA+, a multiartista travesti Claudia Wonder é evocada ao palco na peça “Wonder! Vem pra Barra Pesada!”

Espetáculo idealizado e estrelado pela atriz Wallie Ruy tem apresentações em vários teatros de São Paulo entre os meses de junho e agosto

A brilhante trajetória de muitas artes, vidas e afetos da saudosa artivista travesti paulistana Claudia Wonder (1955-2010), considerada um poderoso símbolo de luta e (re)existência da comunidade LGBTQIA+, é celebrada pela atuadora Wallie Ruy no espetáculo “WONDER! Vem pra Barra Pesada”. Em cena também está a banda formada por Felipe Botelho, Amanda Ferraresi e NBKÊ.

Entre 11 de junho e 21 de agosto, o espetáculo tem apresentações no Centro Cultural da Diversidade, no Teatro Sérgio Cardoso, no Teatro Alfredo Mesquita, no Complexo Cultural Funarte e no Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona. Veja todas as datas abaixo.

Reconhecida por suas letras bem politizadas e por criar performances extremamente impactantes, Claudia Wonder atuou no rock underground paulista, no cinema da pornochanchada, no teatro e na literatura, sempre intimamente ligada com as vivências da população LGBTQIA+.

“Claudia Wonder chega até nós para convocar sua presença no tempo presente. Evocar essa artista ímpar hoje é chamar à luz seu legado, que permanece latente, nas potencialidades de diversos artistas do teatro, da música, das artes visuais, do vídeo e da moda”, comenta a atriz Wallie Ruy.

Wonder contribuiu com a efervescência de sua arte para denunciar na sua música um Brasil que “cuspia no prato em que comia”. Apesar de diversas portas fechadas por afirmar sua identidade como pessoa travesti, permaneceu,forte em seus propósitos ampliando espaços de comunicação e unindo grupos do punk e do rock underground dos anos 70 e 80 em São Paulo.

“Com essa força, com essas trajetórias de vidas eternizadas e vidas aqui existentes, encontramos em ‘WONDER! Vem pra Barra Pesada’, um espaço de convívio e habitação de discussões para a construção de uma cidade mais humana, sensível e que busca sentido para um retorno passível de reconhecimento e existência”, acrescenta a idealizadora do trabalho.

O ponto de partida para a pesquisa foram as intersecções da vida de Wallie Ruy com Claudia Wonder e também a celebração de sua eternidade que em 2020, início do projeto, completaria 10 anos. O livro “Olhares de Claudia Wonder: Crônicas e Outras Histórias” (2008), publicado pelas Edições GLS, fruto de 6 anos da produção de Claudia para sua coluna da Revista G Magazine, também foi material para a pesquisa. Em conversa com a diversidade de leitores da comunidade “GLS” (como era conhecida à época), Claudia estabelecia um pensamento sobre os diversos sujeitos da diversidade, sobre a habitação no espaço de marginalidade, assim como as novas possibilidades de relações e afetos dissidentes ainda [e em constante]
construção.

Também nesta coluna, Claudia abordou sua história como travesti, suas escolhas, suas conquistas, sua luta e seu convite para a criação de novos olhares acerca da população transvestigênere.

O livro foi uma importante referência para o desenvolvimento de um roteiro de percepções sobre quem é Claudia e como sua visão de mundo se reverbera na atualidade e na corpa transvestigênere da atuadora Wallie Ruy, que propõe a visita à história e memórias de Claudia como uma ação de celebração e resgate do seu legado.

Além desse material, foram realizadas uma série de entrevistas com pessoas que compartilharam vivências pessoais com Claudia. A Coletiva Wonder também realizou um verdadeiro mergulho na obra musical, nos materiais audiovisuais e em entrevistas e outros documentos sobre a Claudia Wonder.

Uma das performances mais marcantes realizadas por ela e que serviu como uma importante referência para a montagem chama-se “Vômito do Mito”. Nela, Claudia denunciava a violência contra os corpos travestis e homossexuais durante a epidemia de HIV/Aids. Jogando sangue falso na plateia, ela se apropriava do desconforto das pessoas para questionar os medos e mitos construídos em torno do contágio e do corpo dissidente.

Outra referência importante para a montagem foi o documentário “Meu Amigo Claudia” (2009), de Dácio Pinheiro, que resgata o legado deixado pela
multiartista e sua atuação na cena underground paulista. O filme está
disponível aqui.

Sinopse

A história e o legado de Claudia Wonder são fios condutores para o espetáculo-show “Wonder! Vem pra Barra Pesada”. Como multiartista travesti, Claudia atuou no rock underground paulista, no cinema da pornochanchada, no teatro e na literatura, sempre intimamente ligada com as vivências da população LGBTQIA+. Wallie Ruy é a atuadora que empresta sua história para que este encontro aconteça. Atuadora e Wonder juntas de mãos dadas, na barra pesada.

Ficha Técnica 

Idealização, dramaturgia e atuação:  Wallie Ruy
Direção e dramaturgia: Rafael Carvalho
Assistência de Direção: Neve
Produção: Yaga Goya
Assistência de produção: Bioncinha do Brasil y Quebrantxy
Direção Musical: Felipe Botelho e Amanda Ferraresi
Banda: Felipe Botelho, Amanda Ferraresi y NBKÊ
Cenário: Maitê Lopes
Cenotécnico: Cássio Omae
Luz: Luana Della Crist
Audiovisual e Fotografia: Xisgenera
Visagismo: Vitor Flausino
Figurino: Gustavo de Carvalho
Designer, Ilustração de Audiovisual: Angie Barbosa
Social Media – Maria Pia Banchieri
Apoio: Oficina Cultural Oswald de Andrade, Teatro Oficina, Corpo Rastreado y Centro Cultural Galeria Olido.
Realização: Coletiva Wonder, Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo e a Secretaria Municipal de Cultura.

Serviço


Wonder!! Vem pra Barra Pesada, de Wallie Ruy e Rafael Carvalho
Classificação: 16 anos
Duração: 120 minutos
Acompanhe a página do espetáculo no Instagram: @coletivawonder

Centro Cultural da Diversidade – Rua Lopes Neto, 206, Itaim Bibi
Apresentações: 11 a 19 de junho
Aos sábados, às 20h, e aos domingos às 19h
Ingressos: Gratuitos

Teatro Sérgio Cardoso – Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista
Apresentações: 24, 25 e 26 de junho
Na sexta e no sábado, às 20h, e no domingo, às 19h
Ingressos: Gratuitos

Teatro Alfredo Mesquita – Av. Santos Dumont, 1770, Santana
Apresentações: 1º, 2 e 3 de julho
Na sexta e no sábado, às 20h, e no domingo, às 19h
Ingressos: Gratuitos

Complexo Cultural Funarte SP – Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos
Apresentações: 8 a 17 de julho
Às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h
Ingressos: Gratuitos

Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona – Rua Jaceguai, 520, Bixiga
Apresentações: 18 a 21 de agosto
De quarta a domingo, às 20h y 19h
Ingressos: A preços populares, vendas a partir de Julho/2022.

Foto de capa: Xisgenera

A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade. Contamos com três frentes principais: república de acolhida para jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsos de casa, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativa e a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos e terapias complementares, com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.

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