Por Tamara Cleveland, voluntária da Biblioteca Caio Fernando Abreu
As bibliotecas são espaços de diferentes tamanhos que, através de seu acervo físico, buscam a democratização da informação pelo acesso à leitura. Alguns espaços oferecem conexão com a internet e brinquedoteca, além de funcionarem como lugares de estudo e pontos de encontro para estudantes e amantes dos livros. No entanto, normalmente nem todos os livros estão disponíveis para empréstimo. Existem livros que só podem ser consultados no local, e os motivos para isso são variados.
Uma máxima que não pode ser ignorada é que todas as bibliotecas tendem a sofrer perdas de exemplares com o passar dos anos, livros emprestados que nunca retornam ao acervo. Após as bibliotecas públicas terem ficado fechadas por quase dois anos devido à pandemia de COVID-19, é possível imaginar que inúmeros exemplares não regressaram às prateleiras após a crise sanitária. Para incentivar os frequentadores a devolverem os exemplares, é comum encontrar, em páginas de prefeituras na internet, campanhas do “Perdão”. Nessas campanhas, os usuários que estiverem com livros emprestados das bibliotecas municipais em atraso poderão devolvê-los sem o cumprimento de afastamento ou, em alguns casos, sem o pagamento de multas, independentemente do tempo em que estejam com o livro.
Na Caio Fernando Abreu, os livros com a etiqueta de identificação cinza são exemplares disponíveis apenas para consulta. Estão identificados com essa etiqueta os livros da seção “Autografados”, que, por terem sido autografados por seus autores e/ou alguns com dedicatória para a Casa 1, podem ser lidos apenas no espaço da biblioteca.
Na seção, encontra-se o livro “TransResistência: Pessoas Trans no Mercado de Trabalho”, de Caê Vasconcelos, lançado em 2021 pela editora Dita. Caê participou de uma roda de conversa na biblioteca Caio Fernando Abreu sobre sua obra durante a VII Semana de Visibilidade Trans e Travesti, realizada este ano pela Casa 1. Outra obra presente é o livro “Uma Vida Positiva”, de Rafael Bolacha. Os dois exemplares desse livro fazem parte da seção. Com 134 páginas, é uma leitura rápida da coletânea de postagens que Rafael fez sob o pseudônimo Luan F. em seu blog Uma Vida Positiva, criado um mês após descobrir que era soropositivo. O livro foi lançado em 2012 pela editora Cidade Viva, próximo ao Dia Mundial de Combate à Aids.
E SE EU FOSSE PUTA – AMARA MOIRA
Uma das mais recentes obras a fazer parte da seção de autografados é o livro “E se eu fosse puta”, da escritora Amara Moira. Professora de literatura e doutora em Letras pela Unicamp, Amara foi prostituta em Campinas, cidade onde nasceu. Em seu livro de estreia, com uma escrita livre e fluída, ela faz um relato autobiográfico sobre sua transição de gênero e sobre as experiências vividas como profissional do sexo.
Em maio, Amara, como coordenadora do Museu da Diversidade Sexual localizado no bairro República, em São Paulo, visitou a Casa 1 acompanhada por pessoas do museu. Durante a visita ao espaço da biblioteca, Amara fez uma dedicatória em um dos dois exemplares de seu livro no acervo.
“Pova bonita da Casa 1, vez de vocês se perderem na bagunça perigozosa das minhas páginas”! – Amara Moira, 10/05/2024
O livro foi recatalogado e agora está disponível apenas para consulta. Vale lembrar que alguns dos livros da seção “Autografados”, assim como o de Amara, também têm exemplares disponíveis para empréstimo.
Conheça o espaço e faça a sua carteirinha de segunda a sábado, das 10h às 19h, na Rua Condessa de São Joaquim, 277, no bairro Bela Vista.
Boa leitura!
Foto de Capa e da dedicatória no livro “E se eu fosse puta”: Thabata Veloso