Em novembro de 2022, a Casa 1 anunciou a campanha SOS Casa 1, uma ação emergencial para manter os serviços e atividades do projeto funcionando.
Com um calendário recheado de eventos como Drag Bingo, Bazar, rifa, visitas guiadas para empresas e uma festa em parceria com o coletivo Cine sapatão, o SOS Casa 1 foi o foco central da instituição durante todo o mês de dezembro.
A campanha foi oficialmente encerrada em maio deste ano, com uma aula da ativista Rita Von Hunty no Galpão. A venda dos ingressos foi totalmente revertida para o projeto. Além da ativista, outras personalidades se uniram à campanha, como os apresentadores do podcast Me Conte Uma Fofoca e a drag queen Ikaro Kadoshi.
A iniciativa da arrecadação emergencial surgiu depois de anos difíceis. As dificuldades das esferas públicas, privadas e políticas refletiram no financiamento da instituição. No mês do orgulho, período conhecido pelas publicidades coloridas, a arrecadação das campanhas não chegou a 15% do necessário para manter o projeto em funcionamento. Nos anos anteriores, o valor arrecadado chegava a 40% do necessário.
Para Lívia Dias, uma das diretoras da instituição e coordenadora da Clínica Social, a campanha trouxe alguns aprendizados e perspectivas sobre o projeto.
“Do ponto de vista interno, foi um bom momento para fazer uma revisão e imersão em tudo que é feito no espaço com pouco recurso, deu uma dimensão ao trabalho. Isso foi um ponto positivo. Por outro lado, acho que a gente foi percebendo que teremos que repensar as formas de financiamento, que vão ficando mais difíceis”, relata.
O impacto da recessão, reflexo da pandemia, é visível: várias instituições de terceiro setor abriram campanhas emergenciais. Existe uma ideia que a Casa 1, por sua projeção, tem uma situação financeira confortável, o que infelizmente não é a realidade.
Saiba como ajudar no financiamento da Casa 1
“A gente vem sentindo esse impacto principalmente dentro das parcerias com empresas. E, com relação às pessoas físicas, as doações pesam no bolso. Pensar em doações recorrentes em tempos de recessão é mais difícil. As doações são cortadas quando as pessoas estão com uma renda limitada, vivendo com dívidas”, diz a diretora.
Para ela, a questão de identificação com o projeto também afeta as doações. Um projeto que atende pessoas LGBTQIAPN+ irá receber doações muito possivelmente dessa minoria social, que sofre de maneira mais severa com os períodos de recessão.
“O que acontece é o que não queremos que aconteça: momentos de ‘apagar incêndio’, com campanhas pontuais e emergenciais. Se queremos uma organização sustentável financeiramente, não dá para viver de SOS. É sempre muito cansativo usar esse recurso. Pensar em formas de não precisar mais de uma campanha emergencial é o nosso maior desafio”.
Cenário atual e o futuro do projeto
Apesar da projeção nos veículos e nas redes sociais, o retorno financeiro da campanha não foi suficiente para a expansão da Clínica Social.
Atualmente o espaço funciona com uma estrutura reduzida, sem conseguir abrir as portas para novos atendimentos. A consulta, online ou presencial, é realizada por voluntáries do projeto para público atendido pelo espaço e pessoas que já eram cadastradas nos serviços oferecidos.
“Existe interesse e vontade que ela se mantenha, mas temos dificuldades de [conseguir mais] recursos financeiros”, lamenta a diretora.
Hoje, a equipe contratada da instituição desenvolve estratégias de captação e arrecadação que envolvem editais, parcerias com empresas privadas, consultorias e palestras.
Buscando a segurança do financiamento recorrente, a Casa 1 passou a integrar o grupo de instituições do Visa Causas, como o primeiro projeto destinado às pessoas LGBTQIAPN+. Já na plataforma benfeitoria, a Casa 1 está entre os financiamentos de maior alcance do país – apesar da quantia estar longe da meta ideal para o projeto seguir com tranquilidade.
Saiba como ajudar no financiamento da Casa 1
Além de doar financeiramente, existem outras formas de ajudar na continuação do projeto “É possível apoiar o nosso trabalho visitando a biblioteca, participando das oficinas e eventos abertos ao público, ocupando os espaços da instituição e compartilhando o trabalho da Casa 1 com quem você conhece. É importante manter o projeto ativo e vivo”, finaliza.