O evento acontece nos dias 9 e 10 de junho, às 19h, nos canais de YouTube e Facebook do IMS. A atividade integra a programação da mostra da fotógrafa Madalena Schwartz, em cartaz no IMS Paulista.
No mês do orgulho LGBT, o IMS promove o ciclo de debates online “Arquivos LGBT+ na América Latina”. Em dois encontros, o evento refletirá sobre a atuação de coletivos e ativistas na preservação da memória LGBT+ no território latino-americano. Como se dá a constituição desses acervos? O ato de colecionar pode ser uma ferramenta de resistência?
Questões como essas nortearão o evento gratuito, que acontece nos dias 9 e 10 de junho (quarta e quinta-feira), às 19h, com transmissão ao vivo nos canais de YouTube e Facebook do IMS. O ciclo conta com a participação de nomes como o das ativistas María Belén Correa, do Archivo de la Memoria Trans de Argentina, e Librada González Fernández, do Archivo CubaneCuir. Nos debates, haverá interpretação em Libras e tradução simultânea para as falas em espanhol.
A atividade integra a programação da mostra Madalena Schwartz: As metamorfoses – Travestis e transformistas na SP dos anos 70, em cartaz até setembro no IMS Paulista. A exposição parte de um ensaio famoso no qual Madalena registrou travestis e transformistas que frequentavam a cena alternativa de São Paulo nos anos 1970. Em diálogo, a mostra exibe fotografias de países latino-americanos dedicadas aos mesmos temas.
O evento traz pesquisadoras e pesquisadores que colaboraram com a exposição de Madalena, cedendo obras e documentos dos acervos que representam. A programação inicia no dia 9 de junho, às 19h, com a presença de Remom Bortolozzi, fundador do Acervo Bajubá, iniciativa comunitária de salvaguarda e pesquisa da memória e cultura LGBT no Brasil, e da ativista cubana Librada González Fernández, idealizadora do Archivo Cubanecuir, dedicado a preservar documentos da comunidade LGBT+ do seu país de origem.
Remom e Librada abordarão os processos de constituição das respectivas coleções, desde a busca por materiais até a salvaguarda dos documentos. Também falarão sobre a importância da valorização dessas memórias, muitas vezes silenciadas e ocultadas pelas narrativas oficiais. A conversa contará com a mediação do museólogo Tony Boita e comentários de Gonzalo Aguilar, cocurador da exposição de Madalena Schwartz.
O segundo debate, no dia 10 de junho, às 19h, traz a ativista María Belén Correa, fundadora da Associação de Travestis da Argentina e do Archivo de la Memoria Trans de Argentina, e o boliviano David Aruquipa Pérez, presidente do Directorio de la Comunidad Diversidad e autor do livro La china morena: memoria histórica travesti, que aborda a história dos primeiros homossexuais e travestis a participarem das festas populares na Bolívia.
Na conversa, serão discutidos os impactos das iniciativas de preservação da memória LGBT + na esfera pública, abordando como a visibilidade desses grupos pode fortalecer o debate e proporcionar transformações no contexto político, abrindo espaço para novas vozes e narrativas. A mediação também será de Tony Boita, com comentários de Gonzalo Aguilar.
Serviço
Arquivos LGBT+ na América Latina
9 e 10 de junho (quarta e quinta-feira), às 19h
Evento gratuito, com tradução simultânea
Transmissão ao vivo no YouTube e no Facebook do IMS.
Nas duas plataformas, haverá interpretação em Libras. No Facebook, o recurso de legendas também estará disponível.
Programação completa
9 de junho (quarta-feira)
19h
Processos de construção e manutenção dos arquivos LGBT+
Debate com Remom Bortolozzi (Brasil) e Librada González Fernández (Cuba)
Mediação de Tony Boita e comentários de Gonzalo Aguilar
10 de junho (quinta-feira)
19h
Visibilidade da cultura LGBT+ como potência de transformação social
Debate com María Belén Correa (Argentina) e David Aruquipa Pérez (Bolívia)
Mediação de Tony Boita e comentários de Gonzalo Aguilar
Participantes
Remom Bortolozzi (Brasil)
Membro fundador do Acervo Bajubá e doutorando no Programa de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, possui graduação em psicologia pela Universidade Federal do Paraná (2010), mestrado em educação pela Universidade de Brasília (2014) e especialização em gênero e sexualidade pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2016).
Librada González Fernández
Librada González Fernández é uma pesquisadora e arquivista trans nascida em Cuba. Em 2019, criou o Archivo Cubanecuir, uma coleção dedicada a preservar e resgatar documentos históricos da comunidade LGBTI+ cubana. Como arquivista independente, Librada se esforça para priorizar as narrativas queer mais marginalizadas, que permanecem fora dos arquivos institucionais.
María Belén Correa (Argentina)
María Belén Correa (Olivera, 25 de junho de 1973) é uma importante ativista trans argentina pelos direitos das minorias sexuais, das pessoas LGBTI e, em particular, das pessoas transexuais. Em 25 de junho de 1993 fundou, com Claudia Pía Baudracco e outras ativistas, a Associação de Travestis da Argentina, da qual foi presidente entre 1995 e 2001, e que posteriormente passaria a se chamar Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros Argentinas (ATTTA). Em 2004, durante seu exílio em Nova York, participou da fundação da Rede Latino-Americana e Caribenha de Pessoas Transgêneros (REDLACTRANS) e, nesse mesmo ano, colaborou na criação da Fundação Santamaría LGBT da Colômbia, da qual é madrinha. Em 2005, criou o projeto TransEmpowerment NY, ligado ao Lower East Side Harm Reduction Center, um centro de acolhimento para pessoas LGBTI usuárias de drogas do sul de Manhattan, e, em 2006, o grupo Mateando LGBT NY, integrado por pessoas LGBTI da Argentina e do Uruguai, integrando a Comissão Latina sobre Aids e o programa Somos. Em memória do imenso número de companheiras transexuais assassinadas, ou mortas em consequência da Aids, e tendo em vista a falta de proteção do Estado, em 2012, criou o Archivo de la Memoria Trans de Argentina, com a intenção de relembrar e conservar a memória histórica do coletivo transexual de seu país.
David Aruquipa Pérez (Danna Galán) (Bolívia)
Ativista pelos direitos humanos, membro da Familia Galán e atual presidente do Directorio de la Comunidad Diversidad. Tem 20 anos de ativismo político pelas diversidades sexuais e de gênero na Bolívia. Publicou a pesquisa La china morena: memoria histórica travesti (2012), que compila memórias e testemunhos dos primeiros homossexuais e travestis nas festas populares da Bolívia. Junto com a Familia Galán, tem realizado uma série de ações políticas no país, envolvendo fotografia, teatro, instalações e ações públicas, cinema, documentários, rádio e televisão, onde apresenta na TV Bolívia, canal estatal, o Programa Transformando.
Tony Boita (Brasil)
Museólogo, mestre em antropologia e doutorando em comunicação pela UFG. É editor da revista Memória LGBT+ e membro da Rede LGBT de Museologia Social. É autor do livro Museologia LGBT: cartografia das memórias LGBTQI+ em acervos, arquivos, patrimônios, monumentos e museus transgressores. Atualmente, é diretor do Museu das Bandeiras, do Museu de Arte Sacra da Boa Morte e do Museu Casa da Princesa (Ibram/Mtur).
Gonzalo Aguilar (Argentina)
Gonzalo Aguilar (Buenos Aires, 1964) é professor titular de literatura brasileira e portuguesa na Universidade de Buenos Aires. É autor, entre outros, dos livros Poesia concreta brasileira: as vanguardas na encruzilhada modernista (2003); Otros mundos: un ensayo sobre el nuevo cine argentino (2006, traduzido para o inglês); e Hélio Oiticica, a asa branca do êxtase: arte brasileira de 1964-1980 (2016). Verteu para o espanhol obras de Augusto de Campos, Clarice Lispector, João Guimarães Rosa e Oswald de Andrade, entre outros. Aguilar é cocurador da exposição da fotógrafa Madalena Schwartz, em cartaz no IMS Paulista.
Sobre a exposição
Madalena Schwartz: As metamorfoses – Travestis e transformistas na São Paulo dos anos 70
Visitação: até 26 de setembro
Entrada gratuita
IMS Paulista
No centenário de Madalena Schwartz (1921-1993), o IMS Paulista apresenta a exposição As metamorfoses. A mostra exibe o ensaio no qual a fotógrafa registrou travestis e transformistas que frequentavam a cena alternativa de São Paulo, na primeira metade dos anos 1970, em plena ditadura militar. Há retratos de nomes como Ney Matogrosso e os integrantes do grupo Dzi Croquettes, até figuras hoje menos conhecidas. Em diálogo, a exposição traça um breve panorama da fotografia latino-americana dedicada aos mesmos temas. A seleção das obras é de Gonzalo Aguilar, professor de literatura brasileira na Universidade de Buenos Aires, e Samuel Titan Jr., coordenador executivo do IMS e docente de teoria literária na Universidade de São Paulo.