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Orgulhe-se: financiamento busca segurança alimentar para a população LGBTQIA+

O dia 18 de novembro marcou o lançamento da campanha “Orgulhe-se”, que vai mobilizar a sociedade para levantar recursos, por meio de uma plataforma colaborativa online, para apoiar as ações de segurança alimentar para pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade desenvolvidas por casas de apoio e centros de acolhimento. A iniciativa será implementada em parceria pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexo (ABGLT), a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e a Associação Baiana de Travestis, Transexuais e Transgêneros em Ação (Atração), com o apoio da campanha ONU Livres & Iguais, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), da Rede Brasileira do Pacto Global, do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+.

A pandemia da COVID-19 tem impactado de forma desproporcional parcelas mais vulnerabilizadas da população, entre elas pessoas LGBTQIA+, especialmente pessoas trans e travestis. De acordo com o Índice de Estigma em Relação às pessoas vivendo com HIV/AIDS, realizado em 2019, 46,7% das pessoas trans que vivem com HIV não conseguem atender, algumas vezes, a necessidades básicas como comida, moradia e vestimenta. Já 16,7% não conseguem atender essas necessidades a maior parte do tempo. Os impactos socioeconômicos da pandemia de COVID-19 afetaram significativamente o trabalho que essas pessoas desenvolvem. Somado a isso, os processos de estigmatização e violências cotidianas intensificaram situações de desabrigamento e insegurança alimentar dessa população.

“A pandemia intensificou as desigualdades e empurrou ainda mais as populações mais vulneráveis para as margens da sociedade. A campanha Orgulhe-se terá um papel fundamental para fortalecer a sociedade civil a fim de que pessoas LGBTQIA+ mais vulneráveis tenham acesso a serviços básicos, como alimentação e higiene”, destaca Claudia Velasquez, diretora e representante do UNAIDS no Brasil.

Para o representante da ONU Direitos Humanos na América do Sul, Jan Jarab, essa é uma oportunidade para que empresas reforcem seu apoio às pautas LGBTQIA+ para além do mês do orgulho, celebrado em junho. “O setor privado pode assumir um papel importante aqui, contribuindo para que a recuperação da pandemia seja mais justa com essas pessoas. Proporcionar uma alimentação adequada é o primeiro passo de um longo caminho de oportunidades que precisam ser ofertadas à população LGBTQIA+, e especialmente à população trans”, diz.

“A retomada pós-covid precisa levar em consideração as pessoas mais vulneráveis e de maneira rápida. E o setor privado precisa estar atento a isso. Fazer, mas fazer da forma correta. Precisamos pensar nas pessoas e termos elas como o centro de todos esses esforços. As empresas impactam mais do que apenas quem está dentro dos seus muros, mas também de toda a comunidade em que estão inseridos. Campanhas como a ‘Orgulhe-se’ são fundamentais para engajar ainda mais pessoas e empresas dentro dessas agendas”, defende Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global da ONU.

Conforme o Guia de Cuidado e Atenção Nutricional à População LGBTQIA+, um levantamento preliminar mostrou que 68,8% das pessoas LGBTQIA+ estão em algum grau de Insegurança Alimentar (IA), sendo 20,2% em IA grave, o que provavelmente foi agravado no contexto de isolamento social e pandemia. O recurso arrecadado por meio da plataforma de financiamento colaborativo da Campanha Orgulhe-se será distribuído a 25 casas de acolhimento de 12 estados e do Distrito Federal, que utilizarão o valor para dar continuidade e fortalecer as ações voltadas à segurança alimentar que vêm sendo realizadas desde o início da pandemia, como distribuição de cestas básicas, kits de limpeza e higiene pessoal.

“As exclusões que já existiam deixaram graves consequências a populações vulneráveis como a LGBTQIA+ nessa pandemia”, ressalta Symmy Larrat, presidenta da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) e coordenadora da Casa Neon Cunha, uma das instituições beneficiadas pela campanha. “É urgente que a solidariedade e a empatia fortaleçam redes que respondam a estas demandas. É disso que falamos quando uma campanha dessa chega e atende uma população como a nossa”.

Lançamento

O lançamento oficial da campanha Orgulhe-se aconteceu na quinta-feira, dia 18/11, às 15h. O evento foi realizado de maneira virtual pelo canal de Youtube do Pacto Global, com uma apresentação do projeto e uma roda de conversa com Symmy Larrat, representante da Casa Neon Cunha, de São Bernardo do Campo (SP), Keila Simpson, presidenta da ANTRA, e Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, além da mediação de Ariadne Ribeiro, Assessora para Apoio Comunitário do UNAIDS no Brasil.

Contribua

Para colaborar com a campanha, acesse o link da plataforma de financiamento colaborativo e participe doando qualquer quantidade. Toda doação faz a diferença! O pagamento pode ser feito via cartão de crédito ou boleto.

Caso você não possa colaborar, compartilhe a campanha em suas redes sociais para que mais pessoas sejam alcançadas.

A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade. Contamos com três frentes principais: república de acolhida para jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsos de casa, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativa e a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos e terapias complementares, com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.

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