BBB 22: Vigiar os gastos de pessoas pobres é concordar com a falácia da meritocracia

Um dos assuntos — dentro e, principalmente, fora — da casa é a diferença entre a realidade financeira dos participantes desta edição. De um lado temos participantes como Jade Picon e Tiago Abravanel, que tiveram uma vida repleta de privilégios e do outro temos Vyni Fernandes e Jessilane Alves, que têm uma história completamente diferente dos endinheirados. 

O buraco entre essas duas vivências ficou ainda maior quando, em uma conversa com o ator e cantor Tiago Abravanel, Jessi explicou o que era o FIES (Programa de Crédito Educativo do governo federal) e como o programa permitiu que ela conseguisse concluir sua graduação em Biologia para o artista, que não conhecia o fies. 

A professora já mencionou na casa que está com boletos do financiamento atrasado e, em entrevista, a irmã Caroline Alves explicou que a dívida começou quando Jessi foi mandada embora e passou de um salário de R$2.800,00 para um de R$800,00. 

Essa diminuição na renda fez com que o pagamento das parcelas ficasse inviável. Ela planejava pagar o que ficou pendente com o salário de um concursado que prestou antes de entrar no reality. Jessi passou para o cargo que desejava em primeiro lugar, mas optou por tentar mudar a vida radicalmente participando do programa. 

Muitos questionamentos foram gerados aqui fora apontando a desvalorização dos profissionais da educação, e até o perdão da dívida de bilionários e de igrejas, mas não de alunos oriundos das classes mais baixas que devem para o programa de financiamento estudantil. Dentro dessa cacofonia da internet, uma opinião se sobressaiu e causou reações diversas nas redes sociais: uma usuária do twitter printou uma foto do perfil da participante no Instagram com um Iphone 11 com o seguinte texto “Jessi disse essa manhã para o Thiago que não paga o FIES desde agosto de 2019 por falta de condições, mas tem um iPhone 11 que foi lançado em setembro de 2019. Essa conta não fecha, se tá devendo o FIES foi por escolha dela e não por falta de dinheiro, iPhone 11 R$5.000,00 #BBB22”. 

Muitas pessoas concordaram com esse posicionamento enquanto outras discutiam contra esse tipo de opinião nos comentários. O tweet gerou até uma resposta da equipe que administra o perfil da participante nas redes e de Caroline, que disse que a irmã comprou o Iphone parcelado, depois de vender o celular antigo, como um presente para si mesma e como forma de melhorar a qualidade de suas aulas remotas. 

Em outra edição, a participante Gleici Damasceno também foi julgada por falar de dívidas fora da casa e ter um (isso mesmo) guarda roupa em casa. 

Essa tendência de “vigiar e punir” os gastos da classe mais baixa não acontece só com pessoas em grande exposição, como as participantes no reality, mas aconteceu recentemente com ativistas do MTST por distribuírem marmitas com camarão seco. 

Esse tipo de discurso acontece porque as pessoas continuam vendo as classes mais altas como detentoras de todos os poderes, os únicos que podem ter uma vida mais confortável. Veem a compra de produtos mais caros como um merecimento e não um direito. Isso é um pensamento forjado na falácia da meritocracia: se ela não trabalhou para pagar as parcelas, ela também não merece, na cabeça dessas pessoas, desfrutar de um Iphone (que é visto como um item de luxo e um objeto de valor social, mas isso é conversa para outro texto). 

A colunista da Elle Brasil, urbanista, arquiteta e ativista, Joice Berth, em um post no Instagram comentou o caso e disse que as pessoas continuam acreditando e replicando a “lógica da meritocracia” porque “não quer[em] encarar a conversa sobre sua própria exploração histórica, sobre estruturas de poder consolidadas e os truques capitalistas para acúmulo de riquezas”.

É importante também acrescentar aqui que esse discurso, alimentado pela elite que reverbera na classe média, que diz que o trabalhador esforçado também consegue mudar de classe e que essa mudança depende apenas da vontade e não de heranças e de bons contatos (e um pouco de passar a perna na justiça tributária) é falacioso e cruel. 

A indignação de quem vive em um país dolorosamente desigual e acha que pessoas mais pobres deveriam trabalhar apenas para sobreviver, sem se permitir um agrado, ou o consumo de algo que não foi “destinado” para eles não aparece quando ricos fazem compras extravagantes: Jade Picon comprou dezenas de calcinhas “descartáveis” para não precisar lavar roupa no programa e não rendeu tanto assunto quanto o celular da professora.  

Na postagem criticando a compra, outros professores se manifestaram. “Não precisa ficar se explicando não. Professor pode sim ter vida digna e consumir as coisas, vamos parar de ficar reforçando esse estereótipo de que professor é sempre um miserável que não pode consumir nada, fazer nada”, disse um internauta, e outro completou “Mesmo que não fosse para dar aula. Ela tem o direito de ter o que pode pagar. Não trabalhamos só para comer, estão descobrindo isso só agora?“. 

“Em nosso nome”: Indianarae produz filme sobre a luta pela retificação

Indianarae Siqueira, transvestigenere, fundadore da CasaNem e ativista LGBTQIA+, comemorou o reconhecimento civil de pessoas não binaries e anunciou a produção do filme “Em Nosso Nome”, que contará a história do preconceito que pessoas trans, travestis e não binaries passam no Brasil em busca da retificação dos documentos.

Segundo Indinarae, a produção aborda a luta de pessoas não cisgêneras desde os anos 90 pelo nome social. “O movimento está lutado há três décadas pelo reconhecimento social das pessoas transexuais, travestis, não bináries e intersexo: as mais esquecidas da comunidade LGBTQIA+”, pontuou.

O filme está previsto para estrear no dia 28 de junho, marcado internacionalmente como Dia do Orgulho LGBTQIA+ .

Foto de capa: Reprodução

O que a Casa 1 fez em janeiro de 2022

Começamos 2022 com muita coisa rolando aqui na Casa 1. Apesar das restrições impedirem o andamento de algumas atividades presenciais, como os shows que planejamos para o Dia da Visibilidade Trans, as atividades não pararam! 

Com os textos de “prestação de contas”, buscamos comunicar as pessoas que apoiam e financiam o projeto sobre as atividades que realizamos, um hábito que mantemos desde o início da Casa 1. 

Nossa equipe de pessoas contratadas segue atuando para que o público que atendemos possa receber o cuidado e o auxílio que merecem, e aproveitamos para agradecer também a dezena de voluntários, voluntárias e voluntáries, que doam seu tempo para que o projeto possa seguir existindo. Obrigada! 

Vamos às prestações de contas de janeiro! 

O centro de acolhida continua recebendo moradores e moradoras que possuem acompanhamento em saúde mental, clínica e sexual. Além do auxílio da equipe de empregabilidade e planejamento financeiro, os e as jovens acolhidas participam de atividades educativas no campo de línguas e corpo e criação.  

Na clínica social, que se dividiu para servir de espaço de isolamento para acolhidos fazerem quarentena, atendimento do projeto PrEP 15-19, continua com os atendimentos ao público de forma online. A equipe realizou 10 atendimentos psiquiátricos, 13 Plantões de Escuta e 59 atendimentos de psicoterapia continuada.

O Centro Cultural, que agora atua como principal ponto de atendimento para a população vulnerável e em situação de rua,  distribuiu 120 cestas básicas, 200 kits de higiene menstrual, 200 kits de roupa e 900 máscaras e 250 kits de higiene. No Galpão, foi implementado um bebedouro coletivo com água filtrada possibilitando o acesso à água potável para todas as pessoas que precisarem, de forma gratuita e universal.

Já a Biblioteca Comunitária Caio F. Abreu recebeu 1758 títulos de doações, entre eles livros, revistas, DVDs, CDs e HQs. No “Balaio Literário” foram distribuídos 877 títulos gratuitamente e 169 kits para crianças com material de leitura, desenho, pintura e/ou escolar. A biblioteca também repassou para outras instituições 1549 títulos e através do projeto recibo foram produzidos e distribuídos 150 metros de textos literários e atividades para a comunidade. O Marca-texto, podcast de mediação de leitura coordenado pela equipe da biblioteca, publicou dois novos episódios: Confissões ao Mar e Neca. A equipe também realizou uma formação para 61 novos voluntários e voluntárias.

Em parceria com a Editora Monstra, os GT de Saúde e Jurídico lançaram, respectivamente, o dossiê “ALOKA!  Comentando histórias sobre a patologização das vidas LGBTQIA+” e a cartilha “Retifiquei. E agora?” em parceria com a equipe da iniciativa PoupaTrans

As equipes de Programação, Educativo e Profissionalizante estão em fase de planejamento e produção. 

Se você quer ajudar tudo isso a continuar acontecendo, basta clicar aqui!

Rebecca festeja sucesso e prepara álbum, turnê nos EUA e estreia no cinema

Com apenas 23 anos, a cantora Rebecca, antes conhecida como MC Rebecca, já se prepara para grandes desafios e marcos na carreira de apenas quatro anos. Após o lançamento do single “Barbie”, a artista realizará uma turnê nos Estados Unidos e começar a planejar sua apresentação no Rock in Rio Lisboa, no palco Valley, que acontecerá em junho.

“Nunca imaginei que isso fosse acontecer tão rápido”, diz a cantora, que começou seus passos na música em 2018, como artista independente.

Segundo ela, os primeiros anos de carreira foram fundamentais para chegar onde está agora, mas não deixa de ressaltar a evolução que teve após assinar com a gravadora, atualmente, a Sony Music.

Em 2022, ela afirma que irá se dedicar a sua turnê, ao planejamento do Rock in Rio e também que pretende trabalhar em seu primeiro álbum. “Estou pesquisando músicas e vou fazer campo de composição”, explica ela sobre o processo da criação das canções.

Enquanto isso, ela prepara ainda uma nova versão do single “Barbie”, a convite do Spotify. A música contará com participações de Dulce Maria, Farina e MC Danny, e deve trazer surpresas aos fãs, afirma Rebecca: “Até em espanhol eu estou cantando”, comenta ela, em entrevista pelo telefone, ao F5.

Para ela, o projeto feito em parceria com Lexa, Danny Bond e Pocah vai muito além de apenas um lançamento. “A música é muito representativa para mim e para as meninas”, conta. “Na minha infância não tinha Barbies pretas e de cabelo crespo, aquilo me incomodava”, relembra a artista. Rebecca diz que atualmente consegue ver sua filha de 4 anos encontrando representatividade em diversos lugares.

“O mercado precisava disso, de mulheres cantando e se unindo”, reflete. A cantora ainda reforça que é importante trazer pautas relevantes, mas conhecendo seu público para conseguir adaptar a mensagem da melhor forma, e também divertir os seguidores. “É importante não apenas militar, mas trazer coisas que as pessoas possam refletir”, completa ela.

Rebecca afirma que possui várias mulheres como inspiração, e cita nomes como Valesca Popozuda -uma de suas primeiras referências-, Normani, Beyoncé e Anitta, que esteve recentemente em entrevista com Jimmy Fallon. Ela diz que também procura se moldar como uma artista que possa cantar de tudo, que se arrisque além do funk, mas que não esqueça sua origem. “Gosto muito de misturar”, revela.

“Quando quero fazer algo diferente ou que eu nunca tenha tentado, sempre tento fazer parcerias com pessoas que já fazem os ritmos”, diz a artista, que relembra sua parceria com o samba “A Coisa Tá Preta”, feito com Elza Soares, que faleceu dia 20 de janeiro, aos 91 anos. “Eu só ia lançar a música se fosse com a Elza”, completa.

A artista também diz que se descobriu versátil em diversos campos, para além da música. Rebecca agora dirige seus clipes e estará em cartaz nos cinemas ainda este mês com uma participação no filme “Me Tira da Mira”, de Cleo. Ela também trabalha em uma série, em que será protagonista, mas não conta mais detalhes para dar um gostinho de surpresa. “Era um dos sonhos que eu queria realizar.”

“Quando me tornei cantora eu não sabia que podia fazer tudo”, diz com animação. Ela conta que durante a pandemia passou a estudar inglês, espanhol, português e redação, além de estratégias para conseguir se comunicar melhor através das redes sociais, que foram um ponto-chave para o entretenimento nos últimos anos.

“Consegui me reinventar também nessa pandemia, eu tinha muita dificuldade de gravar Stories e fazer publicidade”, completa. Por fim, a artista conta que torce para que o quadro da Covid-19 se estabilize com o avanço da vacinação no Brasil, para que o setor do entretenimento consiga seguir trabalhando.

“Acredito que com o avanço da vacinação já estamos conseguindo fazer bastante coisa. Em 2020 não conseguíamos nem sair de casa”, relembra. Para o futuro, Rebecca diz que estará em constante aprendizado. “Só tenho 23 anos, e tenho muita coisa para aprender e evoluir. Cada passo na carreira é fundamental”, completa.

SÃO PAULO, SP

Foto de capa: Reprodução/Instagram

Necessidades da população LGBTQIA+ entrarão na base de dados da Prefeitura de SP

A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, da Prefeitura de São Paulo, lançará em março a plataforma de Cadastro Municipal LGBTI+, que tem como objetivo mapear os membros da comunidade que vivem na capital paulista e suas necessidades.

Estas informações serão utilizadas para criar uma base de dados para auxiliar na criação de políticas públicas.

A decisão foi tomada após o governo federal excluir perguntas sobre identidade de gênero e orientação afetivo-sexual do Censo 2022 do IGBE.

O cadastro poderá ser preenchido de maneira voluntária.

Foto de capa: Folha Press

De ‘Sex and the City’ a ‘Rebelde’, remakes tentam consertar narrativas LGBTQIA+

Num internato no México, uma estudante brasileira dá as boas-vindas aos alunos recém-chegados e logo é corrigida por um deles. “Sejam todes bem-vindes. Estamos na terceira década do século 21”, diz o jovem, deixando a frase na linguagem neutra para contemplar os estudantes não binários –isto é, que não se identificam integralmente com o gênero masculino nem com o feminino.

Num restaurante luxuoso de Nova York, um grupo de amigas de 50 e poucos anos bate papo enquanto toma café da manhã. “Não dá para continuar sendo quem éramos, certo?”, sugere uma delas, uma advogada prestes a começar uma especialização em direitos humanos e engatar um relacionamento com uma personagem não binária.

Cenas como essas poderiam ter saído dos roteiros de seriados como “Sex Education” e “A Vida Sexual das Universitárias”, lançados recentemente já mergulhados em questões de gênero e sexualidade. Mas elas fazem parte dos revivals de “Rebelde” e “And Just Like That”, que retoma “Sex and the City”, na esteira de uma explosão de reboots e remakes que precisam enfrentar um problema que eles próprios criaram no passado –a falta de diversidade.

Quando foram lançadas, entre o fim da década de 1990 e o início dos anos 2000, essas produções tinham pouca ou nenhuma preocupação com representatividade. No meio dos anos 1990, existiam só 12 personagens LGBTQIA+ na TV, contra os 360 de hoje, de acordo com a pesquisa Where We Are on TV, da ONG americana Glaad, que monitora anualmente como a comunidade tem sido representada na mídia.

Ao retornar, porém, esses seriados encontram um mundo em que pessoas LGBTQIA+ querem ser vistas –ou melhor, bem-vistas– nas telas. O problema é que, para atender à demanda, algumas produções acabam por criar personagens sem profundidade, que, tratados como cotas, servem só para alavancar a trajetória de outras figuras e encher os bolsos das emissoras com o chamado “pink money”.

É que não basta um revival ter personagens coloridos. Suas histórias precisam ser complexas como as de qualquer outra figura. A avaliação é de Michel Carvalho, roteirista com trabalhos na Globo e na Netflix e antropólogo com formação na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“A palavra que define um bom personagem LGBTQIA+ é subjetividade”, afirma. “Todo personagem precisa ter um interesse e uma agenda com questões próprias, mas muitas vezes personagens diversos são planificados, ou seja, a subjetividade deles é regida por apenas um aspecto –o fato de ele ser trans, ou negro, ou gay.”

É o que ocorre no revival de “Sex and the City”, analisa o roteirista. Ao tentar tirar suas protagonistas de uma bolha glamorosa e heteronormativa para envolver as personagens em narrativas com diversidade, o seriado acabou criticado por apresentar figuras estereotipadas.

Che Diaz, por exemplo, é retratada de forma caricata. A personagem se identifica como queer e não binária, tem ascendência mexicana, fuma maconha e faz sexo casual. Sem conflitos próprios, o combo de diversidade que Diaz carrega serve só para desconstruir o trio de mulheres brancas, cisgênero e até então heterossexuais formado pelas personagens principais.
“O reboot cria um choque entre as protagonistas e o que é contemporâneo. Até é um conflito interessante, mas serve para aprofundar e construir a subjetividade de quem? Da não binária? Não, das personagens principais. É como se Diaz não tivesse vida própria. Parece muito mais um projeto caça-pauta do que qualquer outra coisa”, diz Carvalho.

Embora seja mais visível no streaming, uma indústria que cresce a todo vapor, a estratégia também tem sido adotada no cinema. Prova disso é o remake de “A Bela e a Fera” com atores de carne e osso, em que LeFou é gay, e somente gay, sem nenhuma outra função narrativa além de trazer à produção representatividade, ou pelo menos tentar, já que o personagem detonou críticas de que era estereotipado.

Outro reboot de série rechaçado nas redes sociais é “Charmed – Nova Geração”, que acabou criando personagens caricatos ao tentar solucionar quase que com um “check list” as lacunas de diversidade sexual, racial e de gênero da versão original, de 1998.

Raina Deerwater, pesquisadora do Glaad, concorda que uma representação efetiva precisa ser mais densa. Ela sugere perguntas que devem ser feitas para analisar a qualidade de um personagem LGBTQIA+.

“Temos de questionar se eles têm suas próprias histórias e não estão a serviço de personagens heterossexuais ou cisgênero. Questionar se são tratados com o mesmo respeito que seus colegas, se podem contar a própria história, se têm os mesmos altos e baixos, os mesmos romances, as mesmas diversões que os heterossexuais.”

Há produções que cumprem tais requisitos. É o caso da releitura da Netflix para o desenho “She-Ra e as Princesas do Poder”, em que a protagonista praticamente salva o mundo tascando um beijo em outra personagem feminina, Felina, e de “High School Musical: The Musical: The Series”, que retornou com um casal gay depois de ter forçado a heterossexualidade de um coprotagonista na trilogia original de filmes.

Mesmo “The L Word”, que já era centrada em personagens lésbicas em 2004, quando estreou, incorporou no remake “Geração Q” um personagem transgênero e bissexual com conflitos que vão além de sua identidade de gênero e de sua orientação sexual, assim como “One Day at a Time”, que voltou ao ar 33 anos depois do encerramento de sua primeira versão, desta vez com a filha da protagonista se assumindo lésbica e namorando uma personagem não binária.

O reboot de “Rebelde”, lançado neste ano, teve o mesmo cuidado. A atriz Giovanna Grigio, que interpretou uma personagem bissexual em “Malhação” e agora vive outra, Emilia, pede que os roteiristas vão além do cumprimento da tabela. “Amo na história da Emilia que sua sexualidade é apenas um detalhe. Ela é uma menina cheia de conflitos, vivendo com intensidade a adolescência, lidando com pressões, encontrando o amor, se questionando enquanto pessoa”, diz.

Carvalho, o roteirista, afirma que a complexidade nasce a partir do momento em que certas convenções sobre a comunidade LGBTQIA+ na TV são quebradas. “Já vimos a narrativa da saída do armário, de se apaixonar pelo melhor amigo, de não se aceitar, de sofrer homofobia. Quando a gente desestrutura essas convenções, complexificamos os personagens”, afirma.
Mas ainda há um longo caminho para que essas histórias cheguem à altura das que, por décadas, têm sido contadas sobre pessoas heterossexuais. Segundo Deerwater, a pesquisadora do Glaad, é preciso adicionar mais diversidade à diversidade.

“A TV precisa contar mais histórias de pessoas queer negras, indígenas, assexuais, intersexuais, não binárias, de corpos diversos, dos que vivem com HIV. Histórias significativas, com personagens tridimensionais e com pessoas LGBTQIA+ não só na frente, mas atrás das câmeras.”

SÃO PAULO, SP, E RIBEIRÃO PRETO, SP 

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‘Foi lindo’: presidente da associação de Surdos de SP sobre discurso de Tadeu Schmidt

O discurso de eliminação de Tadeu Schmidt, 47, na madrugada desta quarta (2) deixou o público e os participantes do BBB 22 (Globo) um tanto quanto surpresos. Isso porque, pela primeira vez na história do programa, o apresentador fez parte do discurso em libras.

Segundos antes de anunciar o eliminado do paredão, Schmidt se direcionou à Jessilane e disse que ela e Natália ficariam no programa, explica Jorge Suede, 26, Presidente da Associação dos Surdos de São Paulo (ASSP) e ativista em prol da língua de sinais. “Eu estava no meio de uma conversa séria com um amigo meu e do nada vejo o Tadeu falando em libras, surtei! Foi muito lindo”, afirma.

“Depois de conversar com meus amigos surdos, chegamos na conclusão de que ele quis dizer: ‘Professora, as mulheres ficam, as mulheres ficam, você fica’. Ficou um pouco confuso, porém como é o Tadeu, eu perdoo”, comenta.
Mesmo que a mensagem tenha sido breve, Suede acredita que o momento foi muito importante para trazer visibilidade a língua de sinais. “No Brasil ela é apenas reconhecida como meio de comunicação e não como uma língua oficial”, diz.

Jorge Suede também comenta que a participação de Jessilane, professora de biologia e ativista pela inclusão da comunidade, é reconhecida por todos. “Ela luta para que os alunos surdos dela consigam compreender e se sentirem incluídos”, exalta.

Com o nervosismo tomando conta, Jessilane disse que na hora pensou que seria eliminada. A professora de biologia foi a menos votada com 25,45%. Natália ganhou 26,1% dos votos e Rodrigo saiu com 48,45%.

“Eu estava com tanto medo de estar fazendo tudo errado. Foi uma mensagem pra mim”, disse Jessilane para os colegas de confinamento, ainda êxtase com a atitude de Tadeu Schmidt.

A internet também exaltou o apresentador. “Tadeu perfeito, chorei com a parte que ele falou em Libras com a Jessi, me desmontei, o melhor acerto dessa edição foi o apresentador, humano, direto e carismático”, opinou um telespectador no Twitter.

“Achamos incrível o Tadeu fazer o finalzinho do discurso em libras. Está arrasando muito”, escreveu a administradora do perfil da Linn da Quebrada na rede social.

SÃO PAULO, SP

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“Manhãs de Setembro” retorna com Linn da Quebrada, Ney Matogrosso e Mart’nália no elenco

A segunda temporada da série “Manhãs de Setembro”, da Amazon Prime Video, retorna em 2022 com mais histórias para contar. Para isso, nomes como Linn da Quebrada, Mart’ nália e Ney Matogrosso se juntam ao elenco formado por Liniker, Karine Teles, Thomas Aquino e Gustavo Coelho.

Na série Liniker vive Cassandra, uma mulher trans que sonha em ser cantora e vê sua vida dar uma reviravolta quando descobre que tem um filho.

Nos novos episódios iremos acompanhar os acontecimentos da vida de Cassandra e seu filho Gersinho. Além de outros encontros como o de Liniker e Seu Jorge, que interpreta o pai da cantora.

Foto de capa: Divulgação

De Xica Manicongo a Erica Malunguinho: as mulheres trans na política

Mulheres trans e travestis vêm fazendo a diferença na política brasileira, a partir de suas vivências e visões de mundo. Para entender a importância destas candidaturas, o Nós conversou com estudiosas, políticas e militantes sobre história, representatividade, violência política e perspectivas para 2022.

Equipe de Linn da Quebrada registra ocorrência por transfobia

 A equipe de Linn da Quebrada anunciou nas redes sociais que registrou um boletim de ocorrência por racismo, transfobia e injúria após a participante do BBB 22 (Globo) ser alvo de ataques de um blog. A página seria a mesma que incitou mensagens de ódio e preconceito contra o ator Douglas Silva, também confinado no reality show.

“Infelizmente, é preciso interromper a nossa programação de postagens habituais para compartilhar com vocês, público da Linn, um posicionamento que tomamos sobre a existência de um blog com conteúdos criminosos contra ela e outros participantes desta edição”, lamentou sua equipe em nota.

“Na semana passada, nós fomos avisados sobre esse site e, desde antes de ser anunciado na mídia, já estávamos apurando”, diz o texto. “Essa é uma decisão pensada em conjunto para o conjunto, porque acreditamos que nossas ações podem criar um futuro melhor, com mais respeito para todes. E com leis que garantam nossos direitos e nos protejam.”

A equipe confirma então que registrou a ocorrência na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) de São Paulo. Também diz que está em contato com o advogado de Douglas Silva “a fim de trocar informações e criar uma rede jurídica que possa dar celeridade ao caso”.

Além disso, foram acionados parlamentares da Câmara e do Senado para pedir que eles aprovem medidas que promovam os direitos fundamentais de pessoas transexuais e travestis no Brasil. “Nosso jurídico está atento a cada postagem, cada comentário que fala da Linn”, garante a equipe. “Enquanto Linn vive sua jornada no BBB, sendo a pessoa divertida e alegre que ela é, nós estamos aqui por ela e com ela.”

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LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA

“LINA É UMA LEGIÃO

Linn é filha, irmã, amiga. Ele é atriz, cantora, compositora. Ela é todas essas e tudo mais o que deseja ser. Ela quebra, ela encaixa, ela se faz e refaz. A sua jornada no BBB 22 é sobre ser quem ela realmente é. Do lado de cá, nós estamos muito orgulhosos de sua participação e felizes com todo o amor, o apoio, o carinho e a torcida que estamos recebendo.

Infelizmente, é preciso interromper a nossa programação de postagens habituais para compartilhar com vocês, público da Linn, um posicionamento que tomamos sobre a existência de um blog com conteúdos criminosos contra ela e outros participantes desta edição. Na semana passada, nós fomos avisados sobre esse site e, desde antes de ser anunciado na mídia, já estávamos apurando. Essa é uma decisão pensada em conjunto para o conjunto, porque acreditamos que nossas ações podem criar um futuro melhor, com mais respeito para todes. E com leis que garantam nossos direitos e nos protejam.

Registramos ocorrência por crimes de racismo, transfobia e injúria na DECRADI de São Paulo. A advogada da Linn, Juliana Souza, também acionou parlamentares da Câmara e do Senado Federal para relatar os fatos e ressaltar a importância da mobilização pela aprovação de proposituras específicas para os crimes de homotransfobia, bem como projetos que promovam os direitos fundamentais de pessoas transexuais e travestis no Brasil. A advogada contatou as autoridades policiais envolvidas na apuração de fatos que envolvem o investigado e procurou o advogado do ator Douglas Silva (também atacado no blog) a fim de trocar informações e criar uma rede jurídica que possa dar celeridade ao caso.

Nosso jurídico está atento a cada postagem, cada comentário que fala da Linn. Somos uma rede, somos conexão. Nós e todes vocês. E é por acreditar nessa potência, que é ‘dar as mãos’, que tomamos essa decisão. Nós vamos em frente, conquistando nossos sonhos, cantando, atuando, advogando, mestrando, doutorando, filosofando, criando… Em todos os lugares. E enquanto Linn vive sua jornada no BBB, sendo a pessoa divertida e alegre que ela é, nós estamos aqui por ela e com ela.

Equipe Linn da Quebrada”

SÃO PAULO, SP

Foto de capa: Reprodução/Instagram