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Dia Mundial de combate à LGBTfobia: Partidos investem menos de 2% do teto de gastos em candidaturas LGBTs

Levantamento inédito feito pelo #VoteLGBT mostra que candidaturas LGBTs
ganharam força, mas ainda enfrentam apagamento dentro e fora das legendas.


Candidaturas de pessoas LGBTs recebem, em média, apenas 2% do teto de gastos de partidos políticos brasileiros. É o que revela o relatório “A Política LGBT+ Brasileira: entre potências e apagamentos”, feita pela organização #VoteLGBT, com apoio da ERA Fund, Victory Institute e Google.org
Esse número mostra a realidade em cidades com mais de 500 mil habitantes. Nas menores, os partidos destinam, em média, 6% da verba para essas candidaturas. O levantamento aponta para as inovações políticas apresentadas por representantes LGBT+ e, ao mesmo tempo, para os obstáculos enfrentados na sociedade e dentro das legendas.


“Nas últimas eleições, observamos o sucesso eleitoral das candidaturas LGBTs.Tivemos números recordes de candidaturas e de eleitos, mas todas essas vitórias estão sendo construídas em um contexto de muita luta e, muitas vezes, a despeito dos partidos políticos. As candidaturas ainda são subfinanciadas. Sem apoio financeiro, elas ainda sofrem com as suas reais chances de disputa em muitas cidades do país. Estamos em todos os lugares, mas estamos isolados”, afirma Evorah Cardoso, pesquisadora e integrante do #VoteLGBT.


A pesquisa faz parte do mapeamento que a organização realiza do legislativo brasileiro desde 2014. O levantamento identificou 556 candidaturas LGBT+ na campanha de 2020. Dessas, 97 foram eleitas, 17% do total.


Entre os representantes pesquisados, 49% sofreram ataques por sua orientação sexual; 32% sofreram ataques por ser mulher; 29% sofreram ataques por sua identidade de gênero; 26% relataram ter sofrido violência por parte de pessoas do próprio partido; 54% das candidaturas que sofreram violência buscaram ajuda do partido, mas em 56% dos casos, os partidos não fizeram nada.


“Existe muita potência política nesses mandatos eleitos. Eles estão construindo as primeiras políticas públicas voltadas para a população LGBT de suas cidades. São as pioneiras e estão sofrendo com isso também. O cenário da violência política está presente e não fica restrito às eleições. Continua nos mandatos eleitos, dentro dos partidos e das casas legislativas. Isso precisa ser combatido, pois existimos, não seremos apagados e nosso lugar é em todo lugar”, conclui Evorah.


Sobre a pesquisa

O relatório “A Política LGBT+ Brasileira: entre potências e apagamentos” é parte do projeto +LGBT na Política que tem o objetivo de entender, analisar e disseminar informações sobre a representação política LGBT+ no Brasil. Desde maio de 2021, o VoteLGBT vem realizando uma ampla e profunda pesquisa para compreensão do contexto político LGBT+ no Brasil, além da promoção de treinamentos de lideranças e criação de ferramentas para participação.
A primeira etapa da pesquisa teve como método a coleta de dados a partir de entrevistas semiestruturadas com 30 pessoas (26 eleitas e 4 não eleitas) que passaram pela última corrida eleitoral.
Em seguida, a organização enviou um questionário anônimo para todos os partidos brasileiros para analisar a experiência das pessoas LGBT+ filiadas às legendas. Por último, investigou dados oficiais do TSE e do IBGE para entender quais fatores poderiam ter influenciado o desempenho eleitoral nas mais de 500 candidaturas LGBT+ mapeadas pela sociedade civil nas eleições de 2020.

Sobre o #VoteLGBT


O #VoteLGBT é uma organização que, desde 2014, busca aumentar a
representatividade de pessoas LGBT+ em todos os espaços, principalmente na política. Entendemos que só existe democracia quando há diversidade, por isso, também enxergamos a representatividade de forma interseccional às questões de gênero e raça. Desde 2016, realizamos pesquisas sobre a população LGBT+, entendendo que esses dados são fundamentais para uma leitura complexa dessa parcela da população e para a criação de políticas públicas voltadas para nossas necessidades.

A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade. Contamos com três frentes principais: república de acolhida para jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsos de casa, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativa e a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos e terapias complementares, com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.

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