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Rapper Iza Sabino canta amores lésbicos e o protagonismo das mulheres

Com letras sobre sobre empoderamento feminino e relacionamento lésbico, rapper Iza Sabino conquista espaço na cena do rap

Por Beatriz Oliveira

Natural de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte (MG), Iza Sabino está na cena do rap desde 2014. Quer chegar longe, mas não quer chegar só: deseja que mulheres rappers tenham mais prestígio. Em suas produções, aborda temas que conversam com mulheres negras e com a comunidade LGBTQIAP+.

O gosto pelo movimento hip hop veio de casa. Seu pai a apresentou ao rap ainda criança. Racionais MC’s era som frequente no ambiente familiar. Mas a mineira não se limita a esse gênero: para produzir suas músicas, une características do rap, funk e MPB. Entre suas referências internacionais no meio musical, cita Missy Elliott, Beyoncé e Lauryn Hill. Já na cena de MPB, curte nomes como Seu Jorge e Cássia Eller.

A rapper também centra sua admiração em mulheres do movimento hip hop em Minas Gerais. Artistas que, em sua opinião, merecem mais visibilidade. Clara Lima, Sarah Guedes e  Negra Lud são alguns dos nomes citados. 

Mulher. Preta. Lésbica. Iza Sabino relata que o fato de reunir essas três características já lhe fechou portas no meio musical. “Comecei a entender que as coisas são como a hierarquia quer que seja. Estou um pouco abaixo das mulheres padrões e acima de nós ainda tem muita coisa”, explica.

Questionada sobre o que espera alcançar com a música, a resposta da mineira não é apenas sobre a própria carreira. “Penso em alcançar uma visão diferente sobre as mulheres. Que a gente não precise pedir por respeito ou demonstrar ser duas vezes melhor. Queremos ter os nossos lugares, nossas conquistas e a nossa grana”, afirma.

Amar, viver e compor

O primeiro álbum solo de Iza Sabino leva o nome de “Glória” e foi lançado em 2020. Com participações da dupla Tasha e Tracie e da rapper Bivolt, as letras abordam, entre outras coisas, o machismo no hip hop. Em “Pretas nas Ruas”, Iza canta “Agora cês vão ter que me engolir! /Já que pra hypar no rap basta você ter um pingulin”.

No mesmo ano, a artista participou do álbum colaborativo “Best Duo” com o rapper FBC. Em 2021, foi a vez do EP “Trono de Vidro” vir ao mundo.

Seu mais recente lançamento é dedicado a um sentimento: o amor. Publicado em 2023, o EP “Amar Dói” tem quatro faixas que abordam relacionamentos lésbicos. A partir de experiências individuais, Iza Sabino sensibilizou o público em suas próprias vivências. A musicalidade do EP gira em torno da MPB e do rap. A faixa “Confusão” traz versos marcantes sobre o assunto.

“Só você na mente, e confusão/ Só você, preta, me tem nas mãos”.

A rapper explicou que seu desejo com EP é se “conectar e ficar mais perto das pessoas”. E conseguiu. A cantora relata ter recebido várias mensagens de pessoas que se emocionaram e choraram com as músicas.

“Todos os meus trabalhos, eu faço de acordo com o que eu tô vivendo. ‘Glória’ é um álbum muito sensível, fala sobre a minha experiência com relacionamentos abusivos e tóxicos. A gente estava na pandemia, passando por protestos e várias injustiças. E aí eu fiz esse álbum, tipo, a partir dessa vivência. E agora decidi fazer ‘Amar Dói’, porque eu tô amando”, conta Iza.

Acesse o site Nós Mulheres da Periferia.

Foto de capa: Reprodução

Nós Mulheres da Periferia é um coletivo jornalístico independente, transparente e apartidário formado por jornalistas moradoras de diferentes regiões periféricas da cidade de São Paulo. Atuantes em diferentes plataformas de comunicação, sua principal diretriz é disseminar conteúdos autorais produzidos por mulheres e a partir da perspectiva de mulheres, tendo como fio condutor editorial a intersecção de gênero, raça, classe e território. O conteúdo do Nós Mulheres da Periferia é livre de direitos autorais e reproduzido aqui no site da Casa 1 com os devidos créditos.

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