Por Ponte Jornalismo
Covereadora Samara Sosthenes (PSOL) registrou neste domingo (31) boletim de ocorrência sobre disparo efetuado em frente à sua casa: “Revoltada e acima de tudo preocupada com minha família”
Pela terceira vez em menos de uma semana, em pleno Mês da Visibilidade Trans, uma travesti eleita em São Paulo foi vítima de ataques. Na madrugada deste domingo (31/1), a vítima foi a covereadora Samara Sosthenes (PSOL), do Mandata Coletiva Quilombo Periférico, que teve disparos de arma de rua em frente à sua casa.
Segundo a assessoria da covereadora, um homem chegou em uma motocicleta e efetuou um tiro para o alto em frente a casa onde mora Samara, sua mãe e irmãos. O mandato destacou que “o fato não está isolado, uma vez que outras vereadoras eleitas pelo PSOL sofreram atentados e ameaças diretas a sua integridade física”.
Em contato com a Ponte no início da madrugada deste segunda-feira (1/2), a covereadora disse estar bem, mas temendo pelos ataques. “Estou com medo e também revoltada pelo que aconteceu, e acima de tudo preocupada com a minha família. Esse é o sentimento que está em mim neste momento”.
Samara destacou os outros ataques e perseguições que aconteceram na semana. “Esses três ataques a mulheres trans que estão em espaço de poder, ocupando a Câmara de São Paulo, em espaços de decisões e que incomodam muita gente, são alertas, mas nós não vamos nos calar”.
O caso foi registrado no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) na noite deste domingo como disparo de arma de fogo e ameaça. Foi solicitado perícia técnica para o local e, segundo a vereadora, uma pessoa testemunhou o ocorrido, mas não quis prestar depoimento.
Para a Polícia Civil, Samara disse que acredita que a motivação pode ter sido política ou transfóbica, “razão pela qual se sente ameaçada e teme pela sua integridade física”, conforme boletim de ocorrência.
Os episódios de ataques e perseguições recentes começaram no último dia 26 de janeiro. A vereadora Erika Hilton (PSOL), primeira travesti a ocupar uma cadeira na Câmara de São Paulo, relatou ter sido perseguida por um homem dentro da Casa.
Na madrugada do mesmo dia, dois tiros acertaram a casa da covereadora Carolina Iara (PSOL), que é travesti intersexo e foi eleita com a Bancada Feminista, na região de Itaquera, zona leste de São Paulo. O ataque resultou em um dos projéteis alojado na parede da sala da covereadora e outro no muro.