Assim que vimos que a 21ª edição do Big Brother Brasil contaria com uma quantidade recorde de pessoas LGB, todos e todas negras, imediatamente pensamos: “Precisamos gerar conteúdo, vai ser uma oportunidade massa de falar sobre temas que o programa mais assistido do país talvez não tenha abordado”.
De pronto subimos o post “Eis a melhor defesa do Gilberto do BBB, a poc mais empolgada do Brasil”, e foi um hit, com mais de cinco mil likes no Instagram. Logo em seguida mobilizamos os voluntários e voluntárias que começaram a sugerir posts.
Era uma receita onde todo mundo saia ganhando: usaríamos a visibilidade do programa para trazer a tona pautas, geraríamos audiência para nossas redes e blog, algo fundamental para um projeto que vive de doações como é a Casa 1 e o programa teria mais uma dezena (entre milhares) de conteúdos que geram audiência pro programa global.
Porém, já na primeira semana a coisa toda desandou e o programa se tornou um show de abusos, ofensas e preconceitos, algo inerente às pessoas, o problema é que a emissora tem se mostrado extremamente irresponsável na condução dessas questões e ai chegamos no ponto principal:
Enquanto continuarmos assistindo, financiando e produzindo conteúdos a Rede Globo vai cada vez menos interferir no programa e principalmente ajudar a normatizar atitudes extremamente danosas.
Não existe da nossa parte nenhum julgamento de quem segue acompanhando o programa, mas entendemos que como uma organização de sociedade civil, que luta constantemente contra o racismo, a xenofobia, a desigualdade social, pela manutenção da saúde mental e combate à violências, não podemos nos aproveitar a audiência e visibilidade do programa ignorando a forma como a emissora tem lidado com essas questões.
Caso ao longo do programa entendermos que é necessário algum tipo de posicionamento institucional retornaremos à falar sobre o Big Brother Brasil, até lá, vamos tocando nosso trabalho e encontrando novas formas de nos entretermos.