Tibira do Maranhão, primeira vítima de LGBTfobia registrada no território brasileiro, pode virar Herói da Pátria

Em 1614, um indígena tupinambá foi executado pela Igreja Católica em missão no Brasil.

Conhecido como Tibira do Maranhão (“Tibira” é o termo tupi utilizado para nomear identidades que não cabem na norma cis-heteronormativa), o indígena teve sua cintura amarrada na boca de um canhão no Forte de São Luís e, quando os executores lançaram fogo, metade do corpo de Tibira caiu em terra e outra metade foi em direção ao mar. O relato do crime violento e desumanizador foi detalhado no livro do missionário francês Yves d’Évreux “Viagem ao Norte do Brasil feita nos anos de 1613 e 1614“.

Em 2020, Juão Nyn, multiartista lançou e resgatou a história no livro “TYBYRA: Uma Tragédia Indígena Brasileira“, peça teatral que contextualiza o acontecido e traz outras reflexões acerca da resistência indígena no país nos dias atuais.

Assista a aula aberta de Juão Nyn para a Casa 1

A história também foi contada pelo sociólogo e antrópolo Luiz Mott, professor da Universidade Federal da Bahia e fundador da ONG Grupo Gay da Bahia no livreto “São Tibira do Maranhão”.

Em homenagem à Tibira o governo do Maranhão inaugurou uma placa na Praça Marcílio Dias, São Luís.

A trágica e violenta morte de Tibira foi usada para que a moralidade e os padrões dos colonizadores fossem impostas aos povos originários. Relembrar essa história é também estar sempre ciente do apagamento e a punição à diferentes orientações afetivas-sexuais e identidades como uma herança perversa da colonização.

Célia Xakriabá e Erika Hilton registram PL para que Tiriba seja considerado Herói da Pátria

Hoje, 19 de abril, comemorado o Dia dos Povos Indígenas, as deputadas Célia Xakriabá e Erika Hilton protocolaram um projeto de lei para incluir Tibira no livro de Heróis da Pátria.

“Hoje, então, se faz necessário de reconhecer o heroísmo de Tibira do Maranhão, ao ousar ser quem se era e por defender seu território, incluindo seu nome no livro dos heróis nacionais brasileiros”, escreveram nas redes sociais.

Para coletivos indígenas e LGBTQIAP+, a proposta é um marco que reconhece a existência e a luta dos povos indígenas desde a colonização.

O livro Heróis e Heroínas da Pátria também é conhecido como Livro de Aço e fica em Brasília no Panteão da Pátria e da Liberdade.

Arte de capa: Miguel Galindo

Acesso à saúde de pessoas LGBT+ com mais de 50 anos é o pior do Brasil

De acordo com um estudo realizado por pesquisadores do Hospital Albert Einstein, da Faculdade de Medicina da USP e Universidade de São Caetano do Sul, pessoas LGBT+ com mais de 50 anos têm o pior acesso ao sistema de saúde, público e privado, no Brasil. 

A pesquisa “Transformando o invisível em visível: disparidades no acesso à saúde em idosos LGBTs” mostrou que a pior pontuação de acesso à saúde é da população LGBT+ e negra: 41%. Pessoas LGBTs brancas ficaram com 29%. Entre as pessoas cishéteros brancas, apenas 17% das pessoas avaliaram como ruim seu acesso à saúde contra 28% da população cishétero negra. 

“Em uma sociedade capacitista que entende o envelhecimento como declínio, perda e incapacidade, pessoas LGBTQIAPN+ envelhecidas experimentam uma dupla invisibilidade: tanto pela marginalização e desvalorização das(os) idosas(os) quanto pela LGBTfobia, o que aumenta muito suas vulnerabilidades, inclusive em relação à saúde. Por muito tempo e ainda hoje pessoas LGBTQIAPN+ são expulsas de casa ou cortam vínculos com suas famílias biológicas e constroem laços até profundos com “famílias de escolha”, mas a solidão e o isolamento social ainda são frequentes nos estágios avançados das vidas dessas pessoas”, explica Adriel Santana, médico voluntário da Casa 1. 

Mais de 6 mil pessoas foram entrevistadas e 1.332 se identificaram como LGBT+. A produção de dados é importante para conhecer a realidade desse público, mas não deve ser a única ferramenta no combate a desigualdade.

“Entender quais são as necessidades de saúde de pessoas LGBTQIAPN+ ao longo da vida é fundamental para a elaboração de serviços de saúde efetivos, mas estamos muito longe disso. Existem estudos que mostraram taxas maiores de depressão, obesidade, sedentarismo, suicídio e uso de álcool e substâncias psicoativas, entre outros agravos de saúde, na população LGBTQIAPN+. O acesso à saúde também precário pode contribuir para um controle pior de doenças crônicas como diabetes ou hipertensão. O rastreio de câncer de colo de útero é por vezes negligenciado em mulheres lésbicas e homens trans. Mulheres trans não são ativamente rastreadas para câncer de mama ou de próstata. No entanto, as respostas para esse cenário precisam ir além das ciências da saúde e também envolver mudanças institucionais e sociais”, continua Adriel. 

No Brasil, os grupos minoritários, incluindo a comunidade LGBT+, expressam baixos índices de confiança na prestação de serviços de saúde, quadro motivado especialmente por experiências negativas no passado. 

“Que vontade você teria de ir numa consulta sabendo que o nome que estará na sua ficha não é o seu e que o gênero ainda vai constar como o gênero designado no nascimento? Que sua identidade de gênero ou será tratada como irrelevante (e silenciada ou não abordada) ou como único “problema de saúde” que você tem? Por exemplo: uma senhora cis hetero procura um pronto socorro porque está com diarreia, mas o receio de ser julgada, constrangida e diminuída a leva a não contar à(ao) médica(o) plantonista que vive com HIV; a(o) plantonista não pensa em causas de diarreia que podem acometer pessoas que vivem com HIV, não cogita efeito colateral das medicações, prescreve uma medicação inapropriada e assim por diante. Toda essa LGBTfobia institucional leva a atendimentos de péssima qualidade e com efeitos desastrosos na saúde das pessoas”.

Para o médico, grupos e profissionais voltados para a saúde de pessoas não-cis e não-héteros se constroem a partir de esforços individuais. “A medicina, como aparato de biopoder, é cis-heteronormativa. A gerontologia, que é o estudo do envelhecimento em aspectos biológicos, psicológicos, sociais e outros, persiste há tempos na superação do mito da velhice assexual, mas profissionais médicos ao atenderem uma pessoa idosa ainda pressupõem que ela(e)(u) é hetero, que não transa mais, que não tem risco de pegar IST, que não tem mais desejos e nem demandas de saúde sexual. Acredito que as presunções de assexualidade, de cisgeneridade e de heterossexualidade são as principais fontes de estigma no atendimento de saúde de pessoas LGBTQIAPN+ envelhecidas”.

“A formação de profissionais de saúde precisa urgentemente abranger especificidades da saúde de pessoas LGBTQIAPN+. Os gestores dos serviços de saúde precisam entender que a LGBTfobia institucional (desde as aparentemente inofensivas às mais violentas) adoece e mata pessoas. Por fim, é preciso superar a ideia de que pessoas idosas não tem (ou não podem ou não devem ter) vida sexual, para além de visões capacitistas e cis-heteronormativas”, completa Adriel. 

Foto de capa: reprodução

Como ajudar Erika Hilton a construir uma Frente Parlamentar LGBTI+

A Deputada Federal Erika Hilton (PSOL – SP), propõe a construção de uma Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos LGBTI+ no Congresso. Uma Frente Parlamentar Mista reúne Deputados e Senadores a favor de um tema ou uma causa e para sua elaboração é preciso 198 assinaturas no requerimento.

“A função [da frente parlamentar] é garantir que nossa População tenha o devido protagonismo quando os debates no Congresso nos envolverem. Isso nos fortalece frente aos desafios da intolerância, dos ataques de ódio, das fake news e também nos fortalece na luta e conquista por direitos e igualdade”, declarou a deputada em suas redes sociais.

Confira o pronunciamento da deputada nas redes sociais.

Como ajudar a frente parlamentar a sair do papel?

Peça aos Deputados eleitos em sua Unidade da Federação, especialmente naqueles que você acompanha ou votou, para assinarem o requerimento!

Modelo de texto:

Nobre Deputado/a, eu, (nome), morador/a de (cidade/UF), venho solicitar que, enquanto representante de meu Estado, assine o requerimento para a criação da Frente Parlamentar LGBTI+.

Sua assinatura representaria o compromisso com todas as pessoas LGBTI+ de nosso Estado e País, com a diversidade que forma nosso povo e com os princípios constitucionais de igualdade.

Procure seus/as representantes na lista de email:

André Janonesdep.andrejanones@camara.leg.br
Bruno Fariasdep.brunofarias@camara.leg.br
Delegada Ionedep.delegadaione@camara.leg.br
Greyce Eliasdep.greyceelias@camara.leg.br
Luis Tibédep.luistibe@camara.leg.br
Pastor Sargento Isidóriodep.pastorsargentoisidorio@camara.leg.br
Waldemar Oliveiradep.waldemaroliveira@camara.leg.br
Alex Manentedep.alexmanente@camara.leg.br
Amom Mandeldep.amommandel@camara.leg.br
Any Ortizdep.anyortiz@camara.leg.br
Arnaldo Jardimdep.arnaldojardim@camara.leg.br
Acácio Favachodep.acaciofavacho@camara.leg.br
Alberto Mourãodep.albertomourao@camara.leg.br
Alceu Moreiradep.alceumoreira@camara.leg.br
Andreia Siqueiradep.andreiasiqueira@camara.leg.br
Antônio Doidodep.antoniodoido@camara.leg.br
Augusto Pupiodep.augustopupio@camara.leg.br
Baleia Rossidep.baleiarossi@camara.leg.br
Carlos Chiodinidep.carloschiodini@camara.leg.br
Célio Silveiradep.celiosilveira@camara.leg.br
Cobalchinidep.cobalchini@camara.leg.br
Delegado Palumbodep.delegadopalumbo@camara.leg.br
Dra. Alessandra Haberdep.dra.alessandrahaber@camara.leg.br
Duda Ramosdep.dudaramos@camara.leg.br
Elcione Barbalhodep.elcionebarbalho@camara.leg.br
Emanuel Pinheiro Netodep.emanuelpinheironeto@camara.leg.br
Eunício Oliveiradep.euniciooliveira@camara.leg.br
Fábio Terueldep.fabioteruel@camara.leg.br
Gutemberg Reisdep.gutembergreis@camara.leg.br
Helena Limadep.helenalima@camara.leg.br
Henderson Pintodep.hendersonpinto@camara.leg.br
Hercílio Coelho Dinizdep.herciliocoelhodiniz@camara.leg.br
Isnaldo Bulhões Jr.dep.isnaldobulhoesjr@camara.leg.br
Iza Arrudadep.izaarruda@camara.leg.br
José Priantedep.josepriante@camara.leg.br
Juarez Costadep.juarezcosta@camara.leg.br
Keniston Bragadep.kenistonbraga@camara.leg.br
Lucio Mosquinidep.luciomosquini@camara.leg.br
Márcio Biolchidep.marciobiolchi@camara.leg.br
Marussa Boldrindep.marussaboldrin@camara.leg.br
Newton Cardoso Jrdep.newtoncardosojr@camara.leg.br
Olival Marquesdep.olivalmarques@camara.leg.br
Osmar Terradep.osmarterra@camara.leg.br
Otoni de Pauladep.otonidepaula@camara.leg.br
Pezentidep.pezenti@camara.leg.br
Rafael Britodep.rafaelbrito@camara.leg.br
Rafael Prudentedep.rafaelprudente@camara.leg.br
Renilce Nicodemosdep.renilcenicodemos@camara.leg.br
Ricardo Maiadep.ricardomaia@camara.leg.br
Roseana Sarneydep.roseanasarney@camara.leg.br
Sergio Souzadep.sergiosouza@camara.leg.br
Simone Marquettodep.simonemarquetto@camara.leg.br
Thiago Floresdep.thiagoflores@camara.leg.br
Adriana Venturadep.adrianaventura@camara.leg.br
Gilson Marquesdep.gilsonmarques@camara.leg.br
Marcel van Hattemdep.marcelvanhattem@camara.leg.br
Dr. Fredericodep.dr.frederico@camara.leg.br
Fred Costadep.fredcosta@camara.leg.br
Marreca Filhodep.marrecafilho@camara.leg.br
Pedro Aiharadep.pedroaihara@camara.leg.br
Alice Portugaldep.aliceportugal@camara.leg.br
Daiana Santosdep.daianasantos@camara.leg.br
Daniel Almeidadep.danielalmeida@camara.leg.br
Jandira Feghalidep.jandirafeghali@camara.leg.br
Márcio Jerrydep.marciojerry@camara.leg.br
Orlando Silvadep.orlandosilva@camara.leg.br
Renildo Calheirosdep.renildocalheiros@camara.leg.br
Afonso Mottadep.afonsomotta@camara.leg.br
André Figueiredodep.andrefigueiredo@camara.leg.br
Dorinaldo Malafaiadep.dorinaldomalafaia@camara.leg.br
Duda Salabertdep.dudasalabert@camara.leg.br
Eduardo Bismarckdep.eduardobismarck@camara.leg.br
Félix Mendonça Júniordep.felixmendoncajunior@camara.leg.br
Flávia Moraisdep.flaviamorais@camara.leg.br
Idilvan Alencardep.idilvanalencar@camara.leg.br
Josenildodep.josenildo@camara.leg.br
Léo Pratesdep.leoprates@camara.leg.br
Márcio Honaiserdep.marciohonaiser@camara.leg.br
Marcos Tavaresdep.marcostavares@camara.leg.br
Mário Heringerdep.marioheringer@camara.leg.br
Mauro Benevides Filhodep.maurobenevidesfilho@camara.leg.br
Pompeo de Mattosdep.pompeodemattos@camara.leg.br
Professora Gorethdep.professoragoreth@camara.leg.br
Robério Monteirodep.roberiomonteiro@camara.leg.br
Abilio Bruninidep.abiliobrunini@camara.leg.br
Adilson Barrosodep.adilsonbarroso@camara.leg.br
Alberto Fragadep.albertofraga@camara.leg.br
Altineu Côrtesdep.altineucortes@camara.leg.br
Amália Barrosdep.amaliabarros@camara.leg.br
André Fernandesdep.andrefernandes@camara.leg.br
André Ferreiradep.andreferreira@camara.leg.br
Antonio Carlos Rodriguesdep.antoniocarlosrodrigues@camara.leg.br
Bia Kicisdep.biakicis@camara.leg.br
Bibo Nunesdep.bibonunes@camara.leg.br
Cabo Gilberto Silvadep.cabogilbertosilva@camara.leg.br
Capitão Alberto Netodep.capitaoalbertoneto@camara.leg.br
Capitão Aldendep.capitaoalden@camara.leg.br
Capitão Augustodep.capitaoaugusto@camara.leg.br
Carla Zambellidep.carlazambelli@camara.leg.br
Carlos Jordydep.carlosjordy@camara.leg.br
Caroline de Tonidep.carolinedetoni@camara.leg.br
Chris Toniettodep.christonietto@camara.leg.br
Coronel Chrisóstomodep.coronelchrisostomo@camara.leg.br
Coronel Fernandadep.coronelfernanda@camara.leg.br
Coronel Meiradep.coronelmeira@camara.leg.br
Daniel Agrobomdep.danielagrobom@camara.leg.br
Daniel Freitasdep.danielfreitas@camara.leg.br
Daniela Reinehrdep.danielareinehr@camara.leg.br
Delegado Caveiradep.delegadocaveira@camara.leg.br
Delegado Éder Maurodep.delegadoedermauro@camara.leg.br
Delegado Paulo Bilynskyjdep.delegadopaulobilynskyj@camara.leg.br
Delegado Ramagemdep.delegadoramagem@camara.leg.br
Detinhadep.detinha@camara.leg.br
Domingos Sáviodep.domingossavio@camara.leg.br
Dr. Jazieldep.dr.jaziel@camara.leg.br
Eduardo Bolsonarodep.eduardobolsonaro@camara.leg.br
Eli Borgesdep.eliborges@camara.leg.br
Emidinho Madeiradep.emidinhomadeira@camara.leg.br
Eros Biondinidep.erosbiondini@camara.leg.br
Fernando Rodolfodep.fernandorodolfo@camara.leg.br
Filipe Barrosdep.filipebarros@camara.leg.br
Filipe Martinsdep.filipemartins@camara.leg.br
General Girãodep.generalgirao@camara.leg.br
General Pazuellodep.generalpazuello@camara.leg.br
Giacobodep.giacobo@camara.leg.br
Gilvan da Federaldep.gilvandafederal@camara.leg.br
Giovani Cherinidep.giovanicherini@camara.leg.br
Gustavo Gayerdep.gustavogayer@camara.leg.br
Helio Lopesdep.heliolopes@camara.leg.br
Icaro de Valmirdep.icarodevalmir@camara.leg.br
Jefferson Camposdep.jeffersoncampos@camara.leg.br
João Carlos Bacelardep.joaocarlosbacelar@camara.leg.br
João Maiadep.joaomaia@camara.leg.br
Joaquim Passarinhodep.joaquimpassarinho@camara.leg.br
Jorge Goettendep.jorgegoetten@camara.leg.br
José Medeirosdep.josemedeiros@camara.leg.br
Josimar Maranhãozinhodep.josimarmaranhaozinho@camara.leg.br
Julia Zanattadep.juliazanatta@camara.leg.br
Junio Amaraldep.junioamaral@camara.leg.br
Junior Lourençodep.juniorlourenco@camara.leg.br
Júnior Manodep.juniormano@camara.leg.br
Lincoln Porteladep.lincolnportela@camara.leg.br
Luciano Vieiradep.lucianovieira@camara.leg.br
Luiz Carlos Mottadep.luizcarlosmotta@camara.leg.br
Luiz Limadep.luizlima@camara.leg.br
Luiz Philippe de Orleans e Bragançadep.luizphilippedeorleansebraganca@camara.leg.br
Magda Mofattodep.magdamofatto@camara.leg.br
Marcelo Álvaro Antôniodep.marceloalvaroantonio@camara.leg.br
Marcelo Moraesdep.marcelomoraes@camara.leg.br
Marcio Alvinodep.marcioalvino@camara.leg.br
Marcos Pollondep.marcospollon@camara.leg.br
Mario Friasdep.mariofrias@camara.leg.br
Matheus Noronhadep.matheusnoronha@camara.leg.br
Mauricio do Vôleidep.mauriciodovolei@camara.leg.br
Miguel Lombardidep.miguellombardi@camara.leg.br
Nikolas Ferreiradep.nikolasferreira@camara.leg.br
Pastor Euricodep.pastoreurico@camara.leg.br
Pastor Gildep.pastorgil@camara.leg.br
Paulo Freire Costadep.paulofreirecosta@camara.leg.br
Pr. Marco Felicianodep.pr.marcofeliciano@camara.leg.br
Professor Alcidesdep.professoralcides@camara.leg.br
Ricardo Sallesdep.ricardosalles@camara.leg.br
Roberta Romadep.robertaroma@camara.leg.br
Roberto Monteirodep.robertomonteiro@camara.leg.br
Robinson Fariadep.robinsonfaria@camara.leg.br
Rodolfo Nogueiradep.rodolfonogueira@camara.leg.br
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Wellington Robertodep.wellingtonroberto@camara.leg.br
Yury do Paredãodep.yurydoparedao@camara.leg.br
Zé Trovãodep.zetrovao@camara.leg.br
Zé Vitordep.zevitor@camara.leg.br
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Gilson Danieldep.gilsondaniel@camara.leg.br
Igor Timodep.igortimo@camara.leg.br
Mauricio Marcondep.mauriciomarcon@camara.leg.br
Nely Aquinodep.nelyaquino@camara.leg.br
Raimundo Costadep.raimundocosta@camara.leg.br
Renata Abreudep.renataabreu@camara.leg.br
Rodrigo Gambaledep.rodrigogambale@camara.leg.br
Sargento Portugaldep.sargentoportugal@camara.leg.br
Adriano do Baldydep.adrianodobaldy@camara.leg.br
Afonso Hammdep.afonsohamm@camara.leg.br
Aguinaldo Ribeirodep.aguinaldoribeiro@camara.leg.br
AJ Albuquerquedep.ajalbuquerque@camara.leg.br
Amanda Gentildep.amandagentil@camara.leg.br
Ana Paula Leãodep.anapaulaleao@camara.leg.br
André Fufucadep.andrefufuca@camara.leg.br
Arthur Liradep.arthurlira@camara.leg.br
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Bebetodep.bebeto@camara.leg.br
Clarissa Térciodep.clarissatercio@camara.leg.br
Claudio Cajadodep.claudiocajado@camara.leg.br
Coronel Telhadadep.coroneltelhada@camara.leg.br
Covatti Filhodep.covattifilho@camara.leg.br
Da Vitoriadep.davitoria@camara.leg.br
Daniel Barbosadep.danielbarbosa@camara.leg.br
Delegado da Cunhadep.delegadodacunha@camara.leg.br
Delegado Fabio Costadep.delegadofabiocosta@camara.leg.br
Dilceu Speraficodep.dilceusperafico@camara.leg.br
Dimas Fabianodep.dimasfabiano@camara.leg.br
Doutor Luizinhodep.doutorluizinho@camara.leg.br
Dr. Luiz Ovandodep.dr.luizovando@camara.leg.br
Eduardo da Fontedep.eduardodafonte@camara.leg.br
Evair Vieira de Melodep.evairvieirademelo@camara.leg.br
Fausto Pinatodep.faustopinato@camara.leg.br
Fernando Monteirodep.fernandomonteiro@camara.leg.br
Gerlen Dinizdep.gerlendiniz@camara.leg.br
João Leãodep.joaoleao@camara.leg.br
José Neltodep.josenelto@camara.leg.br
Julio Arcoverdedep.julioarcoverde@camara.leg.br
Julio Lopesdep.juliolopes@camara.leg.br
Lázaro Botelhodep.lazarobotelho@camara.leg.br
Lula da Fontedep.luladafonte@camara.leg.br
Marcelo Queirozdep.marceloqueiroz@camara.leg.br
Marco Brasildep.marcobrasil@camara.leg.br
Mário Negromonte Jr.dep.marionegromontejr@camara.leg.br
Marx Beltrãodep.marxbeltrao@camara.leg.br
Mauricio Nevesdep.mauricioneves@camara.leg.br
Mersinho Lucenadep.mersinholucena@camara.leg.br
Neto Carlettodep.netocarletto@camara.leg.br
Pedro Lupiondep.pedrolupion@camara.leg.br
Pedro Westphalendep.pedrowestphalen@camara.leg.br
Pinheirinhodep.pinheirinho@camara.leg.br
Socorro Neridep.socorroneri@camara.leg.br
Thiago de Joaldodep.thiagodejoaldo@camara.leg.br
Tião Medeirosdep.tiaomedeiros@camara.leg.br
Toninho Wandscheerdep.toninhowandscheer@camara.leg.br
Vicentinho Júniordep.vicentinhojunior@camara.leg.br
Zezinho Barbarydep.zezinhobarbary@camara.leg.br
Max Lemosdep.maxlemos@camara.leg.br
Weliton Pradodep.welitonprado@camara.leg.br
Bandeira de Mellodep.bandeirademello@camara.leg.br
Duartedep.duarte@camara.leg.br
Eriberto Medeirosdep.eribertomedeiros@camara.leg.br
Felipe Carrerasdep.felipecarreras@camara.leg.br
Gervásio Maiadep.gervasiomaia@camara.leg.br
Guilherme Uchoadep.guilhermeuchoa@camara.leg.br
Heitor Schuchdep.heitorschuch@camara.leg.br
Jonas Donizettedep.jonasdonizette@camara.leg.br
Lídice da Matadep.lidicedamata@camara.leg.br
Lucas Ramosdep.lucasramos@camara.leg.br
Luciano Duccidep.lucianoducci@camara.leg.br
Paulo Folettodep.paulofoletto@camara.leg.br
Pedro Camposdep.pedrocampos@camara.leg.br
Tabata Amaraldep.tabataamaral@camara.leg.br
Aluisio Mendesdep.aluisiomendes@camara.leg.br
Gilberto Nascimentodep.gilbertonascimento@camara.leg.br
Glaustin da Fokusdep.glaustindafokus@camara.leg.br
Romero Rodriguesdep.romerorodrigues@camara.leg.br
Ruy Carneirodep.ruycarneiro@camara.leg.br
Antonio Britodep.antoniobrito@camara.leg.br
Átila Linsdep.atilalins@camara.leg.br
Beto Pretodep.betopreto@camara.leg.br
Castro Netodep.castroneto@camara.leg.br
Célio Studartdep.celiostudart@camara.leg.br
Cezinha de Madureiradep.cezinhademadureira@camara.leg.br
Charles Fernandesdep.charlesfernandes@camara.leg.br
Daniel Soranzdep.danielsoranz@camara.leg.br
Danrlei de Deus Hinterholzdep.danrleidedeushinterholz@camara.leg.br
Delegada Katarinadep.delegadakatarina@camara.leg.br
Diego Andradedep.diegoandrade@camara.leg.br
Diego Coroneldep.diegocoronel@camara.leg.br
Domingos Netodep.domingosneto@camara.leg.br
Fabio Reisdep.fabioreis@camara.leg.br
Gabriel Nunesdep.gabrielnunes@camara.leg.br
Hugo Lealdep.hugoleal@camara.leg.br
Ismaeldep.ismael@camara.leg.br
Ismael Alexandrinodep.ismaelalexandrino@camara.leg.br
Josivaldo JPdep.josivaldojp@camara.leg.br
Júlio Cesardep.juliocesar@camara.leg.br
Júnior Ferraridep.juniorferrari@camara.leg.br
Laura Carneirodep.lauracarneiro@camara.leg.br
Leandredep.leandre@camara.leg.br
Luisa Canzianidep.luisacanziani@camara.leg.br
Luiz Fernando Fariadep.luizfernandofaria@camara.leg.br
Luiz Gastãodep.luizgastao@camara.leg.br
Luiz Nishimoridep.luiznishimori@camara.leg.br
Marco Bertaiollidep.marcobertaiolli@camara.leg.br
Marcos Aurélio Sampaiodep.marcosaureliosampaio@camara.leg.br
Misael Varelladep.misaelvarella@camara.leg.br
Otto Alencar Filhodep.ottoalencarfilho@camara.leg.br
Paulo Litrodep.paulolitro@camara.leg.br
Paulo Magalhãesdep.paulomagalhaes@camara.leg.br
Pedro Paulodep.pedropaulo@camara.leg.br
Raimundo Santosdep.raimundosantos@camara.leg.br
Ricardo Guididep.ricardoguidi@camara.leg.br
Ricardo Silvadep.ricardosilva@camara.leg.br
Sandro Alexdep.sandroalex@camara.leg.br
Sargento Fahurdep.sargentofahur@camara.leg.br
Sidney Leitedep.sidneyleite@camara.leg.br
Stefano Aguiardep.stefanoaguiar@camara.leg.br
Zé Haroldo Cathedraldep.zeharoldocathedral@camara.leg.br
Adolfo Vianadep.adolfoviana@camara.leg.br
Aécio Nevesdep.aecioneves@camara.leg.br
Beto Pereiradep.betopereira@camara.leg.br
Beto Richadep.betoricha@camara.leg.br
Carlos Sampaiodep.carlossampaio@camara.leg.br
Dagoberto Nogueiradep.dagobertonogueira@camara.leg.br
Daniel Trzeciakdep.danieltrzeciak@camara.leg.br
Geovania de Sádep.geovaniadesa@camara.leg.br
Geraldo Resendedep.geraldoresende@camara.leg.br
Lêda Borgesdep.ledaborges@camara.leg.br
Lucas Redeckerdep.lucasredecker@camara.leg.br
Paulo Abi-Ackeldep.pauloabiackel@camara.leg.br
Paulo Alexandre Barbosadep.pauloalexandrebarbosa@camara.leg.br
Vitor Lippidep.vitorlippi@camara.leg.br
Célia Xakriabádep.celiaxakriaba@camara.leg.br
Chico Alencardep.chicoalencar@camara.leg.br
Erika Hiltondep.erikahilton@camara.leg.br
Fernanda Melchionnadep.fernandamelchionna@camara.leg.br
Glauber Bragadep.glauberbraga@camara.leg.br
Guilherme Boulosdep.guilhermeboulos@camara.leg.br
Ivan Valentedep.ivanvalente@camara.leg.br
Luiza Erundinadep.luizaerundina@camara.leg.br
Pastor Henrique Vieiradep.pastorhenriquevieira@camara.leg.br
Professora Luciene Cavalcantedep.professoralucienecavalcante@camara.leg.br
Sâmia Bomfimdep.samiabomfim@camara.leg.br
Talíria Petronedep.taliriapetrone@camara.leg.br
Tarcísio Mottadep.tarcisiomotta@camara.leg.br
Airton Faleirodep.airtonfaleiro@camara.leg.br
Alencar Santanadep.alencarsantana@camara.leg.br
Alexandre Lindenmeyerdep.alexandrelindenmeyer@camara.leg.br
Alfredinhodep.alfredinho@camara.leg.br
Ana Paula Limadep.anapaulalima@camara.leg.br
Ana Pimenteldep.anapimentel@camara.leg.br
Arlindo Chinagliadep.arlindochinaglia@camara.leg.br
Benedita da Silvadep.beneditadasilva@camara.leg.br
Bohn Gassdep.bohngass@camara.leg.br
Camila Jaradep.camilajara@camara.leg.br
Carlos Verasdep.carlosveras@camara.leg.br
Carlos Zarattinidep.carloszarattini@camara.leg.br
Carol Dartoradep.caroldartora@camara.leg.br
Dandaradep.dandara@camara.leg.br
Delegada Adriana Accorsidep.delegadaadrianaaccorsi@camara.leg.br
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13 livros brasileiros LGBTQIAP+ de 2022 para ler em 2023

Se você faz parte do grupo de pessoas que coloca como resolução de Ano Novo “ler mais livros” e fica perdido com o grande volume de exemplares nas prateleiras, vai adorar essa lista que fizemos para pessoas que querem ler mais, mas não sabem por onde começar.

Este conteúdo não tem intenção de rankear os livros, é apenas uma lista em ordem aleatória de livros com temáticas ou com autores LGBTQIAP+.

Corpo Desfeito – Jarid Arraes

Em uma cidade do interior do Ceará, uma família vive uma sequência de abusos: avó, mãe e neta estão presas em uma teia complexa e violenta de abuso e negligência. A dureza das expectativas criadas e não cumpridas, do ciúme doentio e do desejo de absoluto controle estão presentes neste primeiro romance de Jarid Arraes. Ao retratar o cotidiano de Amanda, jovem de doze anos que mora sozinha com a avó desde a morte da mãe e do avô, Arraes cria uma narrativa envolvente e brutal sobre os traumas vivenciados e passados adiante. Amanda vai enfrentar desafios cruéis e dolorosos pelas mãos daquela que devia ser seu porto seguro, mas é também lá que a menina descobrirá o poder do primeiro amor e a força necessária para superar qualquer obstáculo.

Nos Olhos de Quem Vê – Helô D’ Angelo

Quem nunca teve problemas com autoimagem, ou com autoaceitação, ou com autoestima? Quem nunca se comparou a padrões irreais (para não dizer malucos) de beleza e de comportamento e sofreu tentando se adequar a eles, apelando para métodos no mínimo duvidosos? E a troco de quê?

Foi com isso em mente que a quadrinista e finalista do CCXP Awards Helô D’Angelo escreveu este livro, compartilhando experiências pessoais com as quais é impossível não se identificar.

Com um sagaz toque de humor, muita ironia e ilustrações que são um espetáculo à parte, Helô nos leva do riso às lágrimas, convidando-nos a enfim olharmos para dentro e nos amarmos sem o peso do olhar do outro.

Viralizou – Juan Juliann e Igor Verde

O apocalipse chegou! O bondinho caiu, o Pão de Açúcar está em chamas e o Rio de Janeiro está vindo abaixo. Cabe a uma funkeira e a um jornalista de fofocas juntarem forças para conseguir salvar a humanidade. Viralizou é o divertidíssimo e imperdível épico de zumbis de Juan Jullian e Igor Verde.

Péu Madruga, conhecido jornalista de fofocas, acabou de conseguir o furo que pode salvar sua carreira. Só que a notícia é justamente sobre Talitta Bumbum, a funkeira do momento e ex-amiga de infância de Péu. Mas… amigos, amigos, negócios a parte, né? Revoltada com a traição, Talitta resolve confrontar Péu e tirar as muito devidas satisfações.

No meio da briga chega a notícia bombástica: aquele estouro lá fora não era bala perdida. Eram ZUMBIS. É isso mesmo! O apocalipse zumbi chegou com tudo na cidade do Rio de Janeiro — segurem os seus biscoitos Globo. Sem mais alternativas, Péu e Talitta vão precisar se unir se quiserem ter qualquer chance de se manter vivos.

Em meio a uma cidade tomada (ainda mais do que o normal) pelo caos, com um presidente que jura que a situação não passa de um viruzinho, e com seus corpos a um triz de virarem fast-food de zumbi, será que os ex-amigos irão provar que o brasileiro consegue, sim, sobreviver a tudo?

Viralizou, de Juan Jullian e Igor Verde, é uma genial aventura de terror cômico em que antigas amizades precisarão se provar mais fortes do que tudo para salvar o mundo. E, claro, com uma boa dose de funk.

Transresistência: Pessoas trans no mercado de trabalho – Caê Vasconcelos

Quantas pessoas trans fazem parte da sua vida? Quantas trabalham ao seu lado? Se você, assim como a maioria, respondeu “nenhuma”, talvez não saiba que o Brasil é o país que mais mata essa população no mundo. Um extermínio que, como sociedade, não podemos continuar a ignorar. Pessoas trans e travestis muitas vezes enfrentam dificuldades dentro do espaço familiar. Do lado de fora, sua exclusão persiste na ausência de direitos básicos como saúde, educação, moradia e trabalho. Este último, claro sintoma de nossa transfobia estrutural, é o tema que costura os perfis aqui reunidos. Não há dúvidas que ser uma pessoa trans no Brasil é resistir. Daí o título Transresistência. Escrito pelo jornalista Caê Vasconcelos, este livro pretende contribuir para a visibilidade de pessoas trans e travestis, indo contra a corrente conservadora – incluindo uma vertente do feminismo – que insiste em invalidar sua existência e humanidade.

O Beijo do Rio – Stefano Volp

Mergulhar nos pecados do passado pode ser uma viagem só de ida.

O solitário Daniel é um jornalista negro que escreve para a seção investigativa de uma revista independente. Ao saber da trágica morte de Romeu, seu melhor amigo de infância, ele decide voltar à sua cidade natal, Ubiratã, para investigar o caso, o qual a polícia prontamente concluiu ter sido suicídio.

Após dez anos longe, Daniel se vê de volta à pequena cidade onde cresceu. Seu regresso à casa é problemático. Bissexual, ele sempre se sentiu deslocado naquele bairro separado do resto da cidade por um rio. A nova companhia de teatro, figuras políticas da cidade, os membros de uma seita religiosa e famílias que não querem ser incomodadas são viradas de cabeça para baixo com a presença do jornalista e sua investigação criminal.

Há, também, algo do passado de Daniel de que ele não consegue – ou não quer – lembrar. Em vez de memórias, tem visões de um menino, que aparece para ele com mensagens indecifráveis. Agora, quanto mais se aproxima da verdade, mais visões tem e mais ele deve descobrir sobre si mesmo.

Vou sumir quando a vela se apagar – Diogo Bercito

Em seu romance de estreia, Diogo Bercito narra uma emocionante história de amor e autodescoberta ambientada no início dos anos 1930.

Yacub passa os dias na companhia de Butrus no vilarejo da Síria onde vivem. Os dois são inseparáveis e se deixam encostar casualmente enquanto colhem folhas de uva ou fumam no gramado, mas uma agonia crescente toma conta de Yacub quando essa proximidade é ameaçada. Butrus recebera um convite do tio para emigrar para o Brasil e aproveitar as muitas oportunidades de um futuro próspero no país. A perspectiva do distanciamento não é forte o suficiente para que os dois verbalizem seus sentimentos, mas permite que finalmente se toquem. O ato consumado, no entanto, é seguido de uma tragédia. O que para os médicos é cólera, para Yacub é a ação do lendário que habita o poço de uma casa abandonada, que estava aberto quando os jovens cederam aos seus desejos.

Esse é o ponto de virada da narrativa, que passa então a ter como cenário a vibrante São Paulo do início da década de 1930, uma cidade em transformação, ponto de atração de pessoas de diferentes partes do mundo. Em um ambiente marcado pela vontade de se estabelecer e pela infinidade de possíveis futuros, o passado cisma em se fazer presente para o imigrante, que começa a ter sonhos cada vez mais vívidos tendo o como figura persecutória.

Em seu romance de estreia, Diogo Bercito narra com delicadeza e admirável domínio da escrita uma história na qual o que não está dito salta aos olhos a cada página. Vou sumir quando a vela se apagar trata de afetos, com um protagonista que tem no diálogo constante com o a expressão de seus medos e o impulso da fuga de si. Uma trama atemporal, sobre as dificuldades de lidar com os desejos e a capacidade de tomar para si o próprio destino.

Rainhas da Noite – Chico Felitti

Andrea de Mayo era a rainha-empresária. Proprietária de pelo menos doze imóveis na cidade de São Paulo, ela investia no aluguel para garotas trans de programa. Teve três boates, entre elas a lendária Prohibidu’s, uma casa de travestis para travestis, além de ser agiota e “bombadeira”, como chamavam as pessoas que injetavam silicone em mulheres trans.

Jacqueline Welch, ou Jacqueline “Blábláblá”, era a abelha-rainha. Construiu seu próprio “castelo”, um bordel de luxo escondido atrás de um salão de beleza. Era violenta, mas glamurosa, com clientes importantes, entre políticos e artistas paulistanos. Seu castelo foi um dos primeiros pontos fixos de prostituição trans do centro de São Paulo, e do alto de sua “torre” Jacqueline comandava um mundo particular.

Cris Negão era a rainha das ruas. Do alto dos seus dois metros, garantia às travestis a proteção que o Estado não dava. Mas para isso, cobrava um preço. Dizia ser imortal, e provava isso com as cicatrizes de seis balas que usava como joias no peito. Era a mais violenta das monarcas.

A partir da década de 1970, uma cidade sóbria e conservadora começa a criar outros caminhos, cores e desejos. São Paulo se torna uma cidade de rainhas, dispostas a sair do anonimato e a lutar pela própria existência.

Rainhas da noite é uma série inédita, escrita pelo autor de Mulher Maravilha e Ricardo & Vânia, Chico Felitti, e narrada pela atriz e diretora Renata Carvalho, que celebra a vida destas mulheres que criaram uma sociedade só delas e para elas, e reinaram durante trinta anos no centro da maior cidade do país.

Rumores da Cidade – Lucas Rocha

Aos dezessete anos, André, morador da pequena e religiosa cidade de Lima Reis, sabe que não pode se assumir gay a menos que queira comprometer a reeleição do pai à prefeitura. Porém, uma questão familiar faz com que tio Eduardo, que o garoto nunca conheceu, volte à cidade. Logo fica claro que: a) o tio é cem por cento gay; e b) ele sobreviveu àquela cidade.

Munido de uma nova perspectiva, André percebe que não é provável que ele seja o único gay de Lima Reis. Além disso, o garoto acaba encontrando diversos indícios de que seu pai possa estar envolvido em casos de corrupção. Entre manter as aparências e fazer o que é certo, André não terá como fugir de algumas escolhas e precisará enfrentar todos os rumores da cidade para seguir o caminho que acredita.

Pedagogia das Travestilidades – Maria Clara Araújo dos Passos

Em Pedagogias das Travestilidades, a educadora e ativista Maria Clara Araújo dos Passos registra a luta do Movimento de Travestis e Mulheres Transexuais no Brasil, para assegurar que o Estado perceba essa comunidade como digna e lhe garanta os direitos sociais e políticos. Para isso, a autora documenta o saber que vem sendo produzido, desde 1979 até a atualidade, por esse coletivo, desde seu início, nas ruas, até sua chegada ao espaço privilegiado da academia. A publicação deste livro no Brasil – que desde 2008 lidera o terrificante ranking de assassinato de travestis e pessoas transexuais – é importante para afirmar que a existência dessas pessoas não apenas é possível, mas essencial para que a cidadania seja exercida de forma plena. Esta edição reúne apresentação da multiartista Linn da Quebrada e prefácio da professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Carla Cristina Garcia.

Movimento LGBTI+: Uma breve história do século XIX aos nossos dias – Renan Quinalha

“Sem a pretensão de escrever um manual exaustivo, o autor nos oferece um panorama da constituição moderna do movimento LGBTI+ como movimento político que reivindica direitos, equidade e respeito, a partir de um recorte geográfico ocidental.” Erika Hilton “Cada uma das partes que compõem este livro faz com que avancemos numa compreensão de que nossa existência é um ato político e o que fazemos a partir dessa conscientização pode, literalmente, ser a medida de nosso sucesso em um projeto de emancipação, horizontalidade e democracia.” Rita von Hunty Em tempos de autoritarismos e conservadorismos morais, nada como a história para nos ensinar e inspirar nas resistências do presente. Sistematizando anos de estudos e elaborações em torno da temática da diversidade sexual e de gênero, Renan Quinalha compartilha neste livro reflexões teóricas e historiográficas em linguagem acessível, sem renunciar à profundidade das discussões, com o objetivo de atingir um público mais amplo interessado no universo LGBTI+. Esta obra destina-se tanto a pessoas que desejam investigar a fundo essa temática como àquelas que estão dando seus primeiros passos nos estudos de gênero e sexualidade. Ela é, sobretudo, um convite à ação política e à luta por igualdade, diversidade e democracia.

Desmama: Memórias de uma mãe com outra mãe – Marcela Tiboni

Paixão, namoro, casamento, fertilização in vitro, gravidez de gêmeos, parto. Se você leu Mama (2019), livro de estreia de Marcela Tiboni, já conhece a história de amor vivida por Mel e Marcela. Mas o que acontece depois que as duas mães chegam da maternidade com os bebês recém-nascidos? Este livro parte do nascimento de Bernardo e Iolanda para narrar o cotidiano da família, desde os primeiros dias dos bebês até o desmame – tudo isso vivido em meio a uma pandemia. E mais: divididas em décadas, narrativas paralelas resgatam memórias da infância, juventude e vida adulta da autora. Em Desmama, Marcela Tiboni reafirma sua escolha de viver a maternidade de forma aberta e inclusiva, quebrando mais uma vez o tabu da maternidade homoafetiva para contar a história de seu maternar ao lado de outra mulher.

Fabulosas: Histórias de um Brasil LGBTQIAP+ – Patrick Cassimiro

Fabulosas conta as histórias de mais de trinta pessoas LGBTQIAP+ que deixaram e deixam uma marca no Brasil, por meio de sua arte, sua vida e sua luta. Os leitores vão conhecer personagens fascinantes e descobrir peculiaridades como o percurso enfrentado até o primeiro beijo gay na TV brasileira e o significado dos principais termos do pajubá.

Você certamente já ouviu falar de Laerte. E de Caio Fernando Abreu, de Marielle Franco, de Linn da Quebrada. Mas e Felipa de Souza? E Luiz Delgado? Muito antes de os movimentos LGBTQIAP+ se articularem e conseguirem suas primeiras vitórias, já havia brasileires lutando pelo direito de viver sua sexualidade e seu gênero de maneira livre. Desde então, esses personagens só aumentam — e suas conquistas também.

Fabulosas é uma homenagem à comunidade LGBTQIAP+ brasileira e uma celebração da vida de todes que ajudam a construir essa história — e não nos deixam esquecer toda a luta que enfrentaram para chegar e permanecer aqui.

A Menina Linda e outras Crônicas – Cidinha da Silva

O livro traz questões importantes para a crônica contemporânea: é o século XXI, com todos os temas debatidos na sociedade, transportado artisticamente para a Literatura em textos curtos, acessíveis e, sobretudo, atraentes. A Menina Linda tem textos construídos a partir de uma tessitura ao mesmo tempo delicada e contundente. Numa dicção original e surpreendentemente bela, Cidinha da Silva toca em temas sociais candentes, como racismo, periferia, relações trabalhistas, africanidade, sem nunca descuidar dos aspectos estéticos. No texto A menina linda, que abre o livro e lhe dá título, vemos uma professora que precisa se educar diante das surpresas indigestas que o racismo pode trazer. E fica a pergunta: “Por que a felicidade da mulher negra precisa ser guerreira, sempre?”. Já em A coleção de dicionários de capa dura na estante, o narrador aborda a importância da leitura em um ambiente familiar pouco afeito às manifestações da cultura letrada, visto que monopolizado pela sobrevivência cotidiano. É ainda este tema que vai ressoar na belíssima crônica Cenas da colônia africana em Porto Alegre – as lavadeiras, na qual a singularidade da voz narradora frente à labuta da vida cotidiana permite um olhar de esguelha às condições de vida das classes populares. Além do papel do livro e da leitura, a cultura do rap, o Carnaval e o samba também estão nas crônicas de Cidinha. Sendo assim, passeia pelos cabelos dos meninos negros e pela beleza negra em todos os seus possíveis níveis, desde o estético até o filosófico.

Se você leu algo que gostou muito e não encontrou aqui comenta pra gente incluir nas próximas!

Boa leitura!

Foto de capa: Ricardo Matsukawa/ Banco de Imagens TEM QUE TER

Liniker é a primeira mulher trans brasileira a ganhar o Grammy Latino

“Algo histórico acontece hoje para o meu país”, disse a cantora em seu discurso na noite de ontem (17/11) na premiação em Las Vegas. Liniker venceu na categoria Melhor Albúm de Música Popular Brasileira levou o gramofone de ouro.

“Sou uma cantora, compositora, atriz brasileira. Hoje algo histórico acontece na história do meu país. É a primeira vez que uma artista transgênero ganha um Grammy”, afirmou Liniker, sem segurar as lágrimas. Muito obrigada a toda minha equipe que esteve comigo desde o começo, sonhando junto comigo. Estou muito feliz”, foi o discurso completo da cantora em espanhol que foi muito bem recebida e aplaudida de pé pelas pessoas presentes.

Outro destaque também foi Ludmilla, que ganhou o prêmio pelo Melhor Álbum de Sampa/Pagode

Foto de capa: Getty Images

Demolição de casa de Caio Fernando Abreu é materialização do descaso com a memória

Na terça-feira, ativistas, artistas e leitores se movimentaram para tentar barrar a demolição de um sobrado na rua Doutor Oscar Bittencourt, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. A derrubada estava agendada para o dia 19/7 mas no local o grupo teve uma surpresa: a casa já estava no chão. 

Esta não foi a primeira tentativa de resgatar o histórico imóvel onde o escritor brasileiro Caio Fernando Abreu viveu. Em 2010, a Associação Amigos do Caio Fernando Abreu (AACF) queria que o local abrigasse um centro cultural, mas a casa foi leiloada antes que o projeto fosse totalmente desenhado e aprovado pela prefeitura. 

A AACF entrou com uma ação popular assim que a casa foi leiloada, para tentar impedir a demolição e oficializar a importância histórica do imóvel, mas foi atropelada pelo interesse mobiliário e descaso do poder público com a memória de uma figura importante para a luta contra a ditadura, para o movimento LGBTQIAP+ e das pessoas que vivem com HIV e AIDS.

Para o jornal Sul21, o engenheiro que coordenou a derrubada da casa disse que não sabia que ali tinha morado uma figura histórica e nem contou os planos que os novos donos do terreno tem para o espaço.

Caio Fernando Abreu nasceu em 1948 no Rio Grande do Sul. Durante a vida adulta, o jornalista e escritor morou em São Paulo e escreveu para diversas revistas e jornais. Foi amigo de grandes nomes da literatura como Hilda Hilst, e foi na casa da amiga que se refugiou no período em que foi perseguido pela ditadura militar brasileira.

O autor de “Morangos Mofados” e “Pequenas Epifanias” morreu em 25 de fevereiro de 1996, na antiga casa do bairro Menino Deus, em decorrência da AIDS.

Foto de capa: @caiofentrenos / Reprodução / Instragram

Gabriela Loran: “Eu me vejo ganhando um Oscar”

Desde criança Gabriela queria ser artista. 

Na infância ela sempre se identificou com o lúdico, com a arte de inventar personagens. Dona de uma imaginação muito fértil, que ela cultiva até hoje, “porque a imaginação é o ouro que a gente tem, mas acaba se afastando conforme vamos crescendo e vendo como o mundo é” ela cresceu vendo artistas mirins tomarem conta da televisão em casa. 

“Eu via as crianças indo no Raul Gil e achava incrível. Eu também queria poder mostrar meus talentos, meus dons, mas, a gente tinha uma condição muito difícil. Pedia para a minha mãe me botar no teatro, aula de música, só que não podia porque a gente não tinha verba”, conta a atriz por chamada de vídeo em entrevista para a Casa 1. 

“Fui crescendo com esse incômodo e na escola e na igreja participava do teatro, mas o que eu queria era realmente viver aquele ofício”.

Quando ela tinha 18 anos, entrou em um curso de Segurança do Trabalho para se preparar para a faculdade de Engenharia Ambiental. Porém, o seu curso dos sonhos estava na CAL – Casa das Artes das Laranjeiras, centro de treinamento de mão de obra artística para diversos setores das artes cênicas no Rio de Janeiro. 

“As aulas eram muito caras e eu não tinha condição de pagar com os 1300 reais que recebia na farmácia. Me formei em Segurança do Trabalho e na época que começaria Engenharia Ambiental, abriu o vestibular da CAL que, querendo ou não, é uma faculdade elitista, bem cara”, conta. 

“Fiz o FIES (programa de financiamento estudantil) e consegui bolsa de 100%, pagava 50 reais que era só a taxa do programa e consegui fazer a faculdade inteira. Minha tia me ajudou e eu deixei meu emprego e tudo para trás. Meus pais juntaram o pouquinho do dinheiro que eles tinham para que eu pudesse alugar um quarto na casa de uma família no Rio de Janeiro”. 

Assim, a atriz saiu de São Gonçalo, subúrbio do Rio de Janeiro, e se mudou para a capital para concluir seus estudos em artes cênicas.

Experiência nas telas 

Em 2018, Gabriela  entrou no ar na televisão pela primeira vez para fazer a coreógrafa Priscila em “Malhação Vidas Brasileiras”. Ela foi a primeira atriz trans na série. 

“Eu já tinha feito cinema, em uma participação como elenco de apoio, mas TV é completamente diferente do teatro e do cinema. No teatro, se a peça durar dois anos, você vive intensamente dois anos daquele personagem no palco. No cinema você vive isso e na TV também, mas são muitos fatores externos. Por exemplo, se vazar som [durante a gravação], tenho que refazer a cena. Você vai se desenvolvendo para saber trabalhar neste meio para não se desconectar do personagem”. 

“A Malhação foi incrível porque foi minha primeira oportunidade, que nem foi uma grande oportunidade porque foi só uma participação, mas fui a primeira atriz trans a viver uma personagem trans então foi grandioso”. 

A participação abriu muitas portas para a atriz, que antes era convidada para diversos projetos, mas não recebia cachê. Depois da telenovela, ela conseguiu alcançar trabalhos remunerados, um divisor de águas na sua vida. 

Depois de quatro anos, a mesma diretora de Malhação, Natália Grimberg, a convidou para participar de “Cara e Coragem”, a próxima novela das 7 da emissora, como Luana. 

“Desde que fiz Malhação eu trabalhei muito, não parei de trabalhar como atriz, só que fiz muitos trabalhos que ainda não saíram. Fiz “Perdidos” no Canal Brasil, “Anjo Loiro com Sangue no Cabelo”, fui protagonista de um filme internacional que ainda não saiu.. Só que na televisão já faz um tempo desde meu último trabalho”.

Para ela, a projeção que o trabalho na grade diária dá  é muito boa porque transfere o trabalho do artista para fora da tela. Quando fez Malhação ela recebeu muitos comentários de ódio em suas páginas nas redes sociais. Por outro lado, ela também percebeu que seu trabalho chegou em pessoas que genuinamente querem saber mais sobre a causa trans. 

“Eu recebi mensagens de mães falando que, através do meu conteúdo, conseguiram respeitar e entender mais as filhas, por isso é importante que não haja transfake. Eu espero que a gente chegue em uma era em que todo mundo possa interpretar tudo, mas hoje em dia não tem como porque o Brasil é o país que mais mata pessoas trans e muito desse ódio vem da falta de informação”. 

“O transfake é quando um ator cis interpreta uma pessoa trans e aí, aquela senhorinha que está vendo a novela ou filme, que se sente interessada pela história daquela personagem, ela pesquisa (o ator ou atriz) e encontra uma pessoa que não é trans o debate acaba ali. Quando eu estava vivendo aquela personagem, quando as pessoas iam me pesquisar na internet e viam todo o trabalho que eu tinha na internet, era muito maravilhoso”. 

“Atores e atrizes trans vem galgando bons espaços e as pessoas, diretores querem ajudar, só que é muito difícil você ajudar sem dominar o assunto. Não é só contratar uma pessoa trans para ser atriz de novela. É importante ter uma roteirista trans, ela já vai saber desenvolver uma personagem trans e muitas vezes sem precisar passar pela dor, porque nós não somos só dor também. Eu quero fazer uma personagem que herde muito dinheiro de um pai que ela não sabia que tinha. Eu quero também viver uma personagem que esteja vivendo um relacionamento abusivo. É preciso nos dar mais protagonismo também”. 

“Eu consigo me imaginar ganhando um Oscar, sendo indicada ao Emmy, mas eu não vou ser indicada ao Oscar porque eu ainda não tenho uma personagem para mim. Não foi criada essa personagem ainda”. Em 2016, o ator Eddie Redmayne, protagonista do filme “A Garota Dinamarquesa”, foi indicado ao Oscar. Em entrevista recente, ele disse que hoje não aceitaria o papel.

“Sinto que a gente [mulheres trans], ainda tá muito limitada na dramaturgia. Eu tenho uma carga dramaturgica enorme, mas eu não posso mostrar porque meus personagens não permitem isso. As personagens são sempre a amiga de fulana, madrinha, secretária e eu quero mais. Eu não, nós queremos mais”, desabafa.

“Não quero ficar refém”

Apesar de ser dona de um perfil com bom alcance – no Instagram ela conta com mais de 330 mil seguidores, sua relação com as redes sociais é ambivalente. Gabriela entende a importância de seus números nas redes sociais, mas ao mesmo tempo não se deixa deslumbrar e entende que é um ambiente no qual é preciso ter cuidado. 

“O algoritmo quer transformar a gente. Não entende que a gente é humano, entende que a gente é máquina e demanda muita postagem senão para de entregar o conteúdo. Eu comecei a levar de uma forma que era mais saudável para mim. Não quero ficar refém de algoritmos. Já entendi o que entrega, mas não quero falar sobre dor o tempo inteiro”. 

Em um país em que o cenário tido como “comum” para pessoas trans é a expulsão de casa, Gabriela rompe esse padrão e exibe no perfil todo o carinho que recebe da sua família. 

“É importante para mostrar que existe esperança. A maior parte das pessoas que me seguem são pessoas cis. Talvez quando eu mostro minha família, isso vire a chave em alguém que comece a respeitar mais a filha. Poucas pessoas são humanizadas”.

@gabrielaloran

O deboche é livre e cheio de amor ✨💕🍀 #trans travesti

♬ som original – Gabriela Loran

“Eu tenho 300 mil seguidores, que eu amo, mas porque será que eu não tenho um milhão como pessoas cis que viralizam e não tem conteúdo nenhum. O retrato disso é o preconceito e a resposta é a violência. Estar na internet é importante e é importante mostrar que eu tenho uma família que me respeita e me vê como ser humano”.

“Quando falamos de pessoas trans os direitos caminham devagar. Teve recentemente a adaptação da Lei Maria da Penha e as pessoas estão comentando com raiva esse direito. Esse direito que veio porque a menina foi ameaçada pelo pai e lutou pelo direito à vida. Estamos lutando pelo direito à vida que muitas vezes é negado”. 

Agora, Gabriela está cursando sua segunda graduação: psicologia. 

“O que me construiu enquanto mulher nesse processo de transição foi o apoio da minha família nisso tudo e, acompanhando minhas amigas e outras mulheres trans na internet, [percebi que] quando elas foram buscar ajuda na psicologia elas saiam mais assustadas do que entraram”.

“Nesse período de pandemia quem cuida da saúde mental de pessoas trans porque eu não quero entrar em um consultório de um psicólogo e querer ser convertida, isso é contra a lei e contra o conselho de psicologia, mas tem gente que vende este discurso. Esse desejo veio daí, quero ter meu consultório, quero me formar, quero trabalhar com pessoas trans e suas famílias. Quero que as pessoas tenham o que eu tive. O preconceito e a ignorância às vezes é maior que o amor. Quero que isso venha para fora através da minha vivência”.

Ela garante que essa mudança de área não é permanente. 

“Quero continuar trabalhando como atriz, mas esse caminho é muito incerto. Às vezes você tá ganhando rios de dinheiro trabalhando mas meses depois você tá sem um centavo porque não foi chamada para nada. Hoje minha fonte de renda é a internet, mas não quero ficar refém. Por isso estou buscando um trabalho que goste”.  

Foto de capa: Divulgação/Arquivo pessoal

O que sabemos até agora sobre o caso Yanomami e 11 instituições indígenas para conhecer e apoiar

No dia 25/4, a Comunidade Aracaçá na Terra Indígena Yanomami em Roraima, denunciou o sequestro, estupro e assassinato de uma criança de 12 anos e sequestro de uma criança de três anos por garimpeiros que estão ilegalmente no território

O crime repercutiu nas redes sociais, jogando luz às violências sofridas por essa comunidade que tem sua existência ameaçada por conta do garimpo clandestino há muito tempo.

Na noite do dia 29/4, Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), foi até a aldeia e encontrou o terreno em chamas e vazio. 24 pessoas residiam na área.

Não se sabe ainda se os indígenas deixaram o espaço ameaçados ou se foi por conta própria. Culturalmente, algumas comunidades queimam o corpo do ente morto e partem para um novo espaço. Também não se sabe como começou o fogo, se foi por parte dos indígenas, dos garimpeiros ilegais ou um acidente por conta do ritual. 

Em sua visita, Júnior encontrou dois indígenas da comunidade que não quiseram se manifestar. Eles disseram que receberam 5 gramas de ouro para não comentar o caso.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal relataram que não há indício de estupro ou desaparecimento das crianças. Os órgãos irão seguir com a investigação para melhor esclarecimento dos fatos

Após visitar a comunidade e constatar que um ritual de despedida foi realizado, um corpo foi queimado e a comunidade se retirou do local, a FUNAI divulgou uma nota dizendo que “Autoridades federais não encontraram indícios de crimes contra mulheres e crianças na Terra Indígena Yanomami”.

Em abril, a Hutukara Associação Yanomami lançou o relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo Ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo”. Acesse o documento.

11 organizações indígenas para conhecer e apoiar

Associação das Mulheres Yanomami – KumirayomaAMY Kumirayoma
Associação de Pais e Mestres ComunitáriosAPMC
Associação do Povo Ye’Kuana do BrasilAPYB
Associação TexoliTANER
Associação Yanomami do Rio Cauaburis e AfluentesAYRCA
Associação Yanomami do Rio Marauiá e do Rio PretoKURIKAMA
Círculo de Pais e Mestres Escola Estadual (Indígena) Apolinário GimenesCIPAMESAG
Federação das Organizações Indígenas do Rio NegroFOIRN
Hutukara Associação YanomamiHAY
Hwenama Associação dos Povos Yanomami de RoraimaHAPYR
Organização dos Povos Indígenas de RoraimaOPIR

Foto de capa: Divulgação/ A Última Floresta

Ficção científica LGBT+: conheça “Órbita de Inverno”

Lançado no Brasil pela Editora Suma, “Órbita de Inverno” é um épico espacial repleto de intrigas políticas interplanetárias, de romance e de personagens inesquecíveis.

Escrito por Everina Maxwell e traduzido por Vitor Martins, o livro conta a história do Príncipe Kiem que é intimado a se casar com o conde Jainan, viúvo de um parente de Kien, para garantir a paz entre os países Thea e Iskat.

“Traduzir ‘Órbita de inverno’ foi uma experiência incrível! Essa foi minha primeira vez traduzindo ficção científica, e precisei encarar muitos desafios típicos do gênero (nomes de planetas e artefatos inventados, por exemplo). Mas a história é tão imersiva e intensa que não dava vontade de parar. O relacionamento do Kiem com o Jainan se desdobra nos detalhes e trazer essas sutilezas para a nossa língua foi um trabalho muito divertido. O livro também tem uma trama de intriga política muito bem desenvolvida e cheia de reviravoltas e, como não li antes de traduzir, fui descobrindo tudo enquanto trabalhava”, diz Vitor.

No livro, Kiem não quer se casar e Jainan também não quer um novo marido, mas só juntos eles poderão enfrentar as intrigas e as maquinações da guerra.

“É uma história perfeita para quem gosta de guerras intergaláticas movidas pela fome de poder, mistérios políticos, personagens com passados sombrios e o tipo de romance que vai crescendo aos pouquinhos até pegar fogo”, elogia o tradutor.

Para Vitor, a ficcção especulativa (científica, fantasia, terror e todos os sub-gêneros onde é possível criar um novo universo), permite que os autores trabalhem com questões sociais importantes.

“Ao criar galáxias e sistemas e planetas completamente novos, é possível escolher o que entra e o que fica de fora quando criamos um comparativo com o nosso mundo real. E acredito que a autora Everina Maxwell foi muito feliz em suas escolhas. “Órbita de inverno” é um livro com protagonismo LGBTQ+, focado num relacionamento romântico entre dois homens que não carrega nenhum fardo ou resquício da nossa vida aqui na Terra. Não existe culpa, julgamento, homofobia nem nada do tipo. Os dois estão envolvidos num casamento arranjado por razões políticas e o fato de serem dois homens nunca chega a ser uma questão porque, neste universo, não é. Porque a autora escolheu que não fosse. Acho que esse tipo de posicionamento dá para os leitores LGBTQ+ um senso de “normalidade” que muitos de nós buscamos (às vezes sem nem perceber). A oportunidade de fugir para uma galáxia onde é possível apenas existir sem o peso que carregamos aqui”.

Biblioteca Convida: Assista a participação de Vitor Martins no programa de entrevistas da Biblioteca Comunitária da Casa 1!

Em “Órbita de inverno” é comum encontrar casais formados por pessoas do mesmo gênero, planetas onde gênero nem existe, comunidades em que o gênero é apresentado socialmente a partir de adereços escolhidos pelas pessoas e não pelo gênero designado no nascimento. Para o escritor, o livro dá uma ideia de como seria viver em uma sociedade livre de preconceito, sem soar como uma utopia, já que outras características humanas horrorosas estão presentes ao longo da história como ganância, corrupção e relacionamentos abusivos.

“Isso dá à história o tom de realidade que, como leitores, nos ajuda a comprar a narrativa, sem colocar em risco pessoas LGBTQ+ e limitar suas existências à parte do sofrimento. Gays podem salvar a galáxia! Pilotar naves! Matar ursos monstruosos cobertos de escamas! E, claro, se apaixonarem no processo”.

 

Vicenta Perrotta e o descarte da indústria têxtil na distopia teatral da coletiva RAINHA KONG

Ativista e artista, Vicenta Perrotta produz roupas não binárias, fazendo um trabalho que chama de “transmutação têxtil”, criando uma peça a partir de uma vestimenta já existente, trabalhando temas como desconstrução, descarte, acúmulo e precaridade.

Uma das coordenadoras do Ateliê TRANSmoras, um espaço de arte e cultura com renda destinada à pessoas transvestigêneres, ela também constrói residências artísticas no ateliê localizado na Moradia Estudantil da Unicamp. Foi nesse espaço que ela conheceu as integrantes da Rainha Kong , uma coletiva teatral de São Paulo que investiga novas linguagens e formas de se pensar o fazer teatral, performático e artístico.

Vicenta é a responsável pela composição do figurino da peça “Sarah e Hagar decidem matar Abraão”, peça que mescla a história contida no livro Gênesis com um futuro distópico, no qual é apresentada uma terra já habitada por bilhões de pessoas e tomada pelo lixo. “Estou adorando trabalhar com isso. Para mim está sendo uma outra experiência acompanhar uma produção de figurino desde o começo da escrita do projeto até a finalização da entrega da peça. É a minha primeira experiência completa, com pesquisa, proposta, ensaio, texto, iluminação… Construindo esse processo imagético mesmo”, conta Perrotta.

Escrita por Tiago Viudes e com direção de Diego Moschkovich, o texto procura retomar a fundação do patriarcado, de acordo com a bíblia. Para isso, a peça retoma o mito de Sarah, Hagar e Abraão, procurando outros ecos deste mito que não estejam sacramentados na perspectiva patriarcal com o qual ele é interpretado até hoje. Mais do que isso, a montagem traz a possibilidade dessa história ser narrada através da encenação de um elenco queer, interessado em romper com a perspectiva patriarcal, no teatro e no mundo.

A multiartista acredita que o convite para esse trabalho surgiu pelo seu histórico com a reconstrução e a quebra do pacto construído pelo capitalismo. “O meu trabalho tem muito a ver com isso, entender o que é descarte, o que é o lixo enquanto estereótipo e quebrar esse processo e reconstruir uma história. A gente pega esses restos, rasga e começa uma nova história”.

Suas criações buscam trazer um outro posicionamento intelectual e social. Uma roupa que não é roupa. Suas vestimentas abrem caminho para produzir um pensamento mais crítico e menos alienado. Essa abordagem conversa diretamente com a proposta do novo espetáculo da coletiva. 

“A moda carrega muito o patriarcado, na imagética. Também é um pilar na construção do estereótipo. O que é moda? Eu acredito muito que eu não faço moda porque moda é esse processo mercadológico, industrializado, autoalienante. Meu trabalho quebra essa indústria, quebra esse processo. Eu proponho algo que desloque as pessoas do que é uma camisa. Quando a camisa tá no pé a gente desloca esse imaginário. Você vai olhar aquilo e aquilo vai te incomodar. Você vai se questionar. Esse é um dos processos mais importantes do que eu faço como trabalho e do que tá sendo proposto no figurino”.

As referências que ela buscou para a peça foram os povos do deserto e uma vontade de “quebrar tudo e contar uma nova história”. Vicenta também tem estudado muito o consumo de moda,  a importância direta desse consumo na construção de estereótipos e sobre descarte e acúmulo. “Também quero [dialogar] com essa questão do texto que é bem acumulado de diálogo, acumulado de informação. Quero falar sobre o acúmulo, de lixão, do Deserto do Atacama que virou o acúmulo do descarte e desse processo do que chamamos de lixo”. 

A peça “Sarah e Hagar decidem matar Abraão” estreia no dia 25/3 para pessoas convidadas e será aberta ao público no dia 26/3, no TUSP. 10% da lotação da sala é reservada gratuitamente para pessoas trans.

“Sarah e Hagar decidem matar Abraão”

A peça mescla a história contida no livro Gênesis com um futuro distópico, no qual é apresentada uma terra já habitada por bilhões de pessoas e tomada pelo lixo. Neste futuro distópico, são apresentadas as figuras de Fátima e Ishká. Ishká é uma senhora infértil, que não consegue gerar filhos para seu marido, Elias. No decorrer da narrativa, Ishká articula, junto de sua serva Fátima, a morte e o desmembramento de Elias, pois é só a partir desta ação que as duas podem aventar a possibilidade de saírem em busca do paraíso. A história de Fátima e Ishká serve, aqui, para tensionar o mito da bíblia a ponto de que a afirmação ‘Sarah e Hagar decidem matar Abraão’ seja possível. 

SERVIÇO 

O QUE? Temporada de Sarah e Hagar decidem matar Abraão

QUANDO? De 26/03 a 17/04

Quintas a sábados às 21h e domingos às 19h 

estreia 25/03 fechada para convidados | temporada a partir de 26/03

ONDE? no Teatro da USP [TUSP] – R. Maria Antônia, 294 – Vila Buarque, São Paulo – SP

QUANTO? R$10,00 | R$5,00 [meia entrada]

10% da lotação da sala é reservada gratuitamente para pessoas trans [sujeito a lotação]

DURAÇÃO: 75 minutos

SOBRE A RAINHA KONG 

Desde 2016, a RAINHA KONG investiga intersecções de diferentes linguagens artísticas a fim de discutir questões LGBTQIAP+ cenicamente. O coletivo, oriundo do curso de Artes Cênicas da Unicamp, se coloca em cena enquanto ato político de resistência, mas também  questionando a construção de novas narrativas – a partir de histórias e corpos até então silenciados – na investigação e formatação de novas linguagens e formas de se pensar o fazer teatral, performático e artístico.

A primeira produção do coletivo, O Bebê de Tarlatana Rosa, reordena o conto homônimo de João do Rio, alocando-o em uma perspectiva queer, confluindo a narrativa do conto com depoimentos biodramáticos des integrantes do elenco. Além disso, a coletiva organizou diversos cursos e oficinas em parceria com diverses artistas e coletivos LGBTQIAP+ como a Casa1, Helena Vieira, Ave Terrena, Ferdinando Martins, Daniel Veiga, etc.

Foto de capa: Carla Carniel