BLOG

Mario Oshiro e Dominic Amaral lançam HQ sobre conexão e representatividade

A primeira incursão do premiado roteirista Mario Oshiro fora do audiovisual, “Achados & Perdidos” (Skript Editora, 160 páginas) é uma HQ que mistura humor, drama e uma narrativa distópica ambientada em São Paulo. Com arte de Dominic Amaral, a obra foi contemplada pelo ProAC/SP e apresenta a história de Kenzo, um jovem que, sem lembranças de quem é ou como chegou ali, é encontrado no metrô da capital paulista e levado para um departamento de achados e perdidos onde pessoas são tratadas como objetos esquecidos.

No sistema, Kenzo é catalogado como “B124” e diagnosticado com a Síndrome dos Achados e Perdidos (SAP), que o leva a questionar não apenas onde está, mas quem realmente é. A trama ganha vida ao explorar como ele, ao lado de Pedro, um “perdido” rebelde e divertido, navega pela solidão e busca por pertencimento nesse universo distópico. A relação entre os dois se aprofunda em um romance enquanto eles enfrentam os desafios de um sistema frio e impessoal que os vê como coisas esquecidas em prateleiras vazias.

As ilustrações de Dominic Amaral capturam a essência da cidade como um personagem vivo. Inspirada por pessoas reais, Dominic foca nas expressões faciais dos personagens para transmitir as emoções que permeiam a trama.

Representatividade e temas universais

A HQ se destaca pela representatividade de personagens LGBTQIAP+, protagonismo amarelo e um olhar profundo sobre saúde mental. Mario Oshiro, um homem gay e de ascendência japonesa, reflete na obra questionamentos sobre identidade, solidão e a pressão social em um mundo urbano acelerado. “São reflexões que dialogam com a complexidade de se encontrar em um ambiente que constantemente tenta definir quem você deve ser.”

Para Dominic, vivemos em um “mundo muito fácil de se perder entre objetos, padrões de corpos, consumo, estilo de vida e até de amores já pensados para nós”. “A história de Kenzo e Pedro é um lembrete amigável, leve e divertido de que somos humanos e únicos, afinal, todos nascemos sem um propósito de vida claro e o encontramos ao longo de nossas jornadas”.

Apesar de abordar temas historicamente negligenciados, Mario acredita que a HQ não se trata apenas de um personagem gay e asiático, mas também de uma história sobre a humanidade com vivências universais sobre solidão e recomeço. “Esses temas são minha forma de transformar experiências pessoais em algo maior, que dialogue com quem também já se sentiu perdido ou fora do lugar. Perder-se pode ser doloroso, mas também é um processo necessário para se redescobrir. Afinal, não dá pra se encontrar se você nunca se perder.” 

Conheça os autores

Mario Oshiro, com 15 anos de experiência no audiovisual, traz para a HQ a fluidez narrativa típica de suas produções cinematográficas. A ideia de “Achados & Perdidos” surgiu como um roteiro para cinema, mas ganhou vida como quadrinho após os desafios do mercado audiovisual.

Entre suas inspirações, Mario cita obras como a HQ Heartstopper, séries como Fleabag e Looking, além dos filmes Medianeras e Encontros e Desencontros. O autor também destaca a importância de criar histórias que transformam experiências pessoais em narrativas que dialoguem com o público de forma universal.

Já Dominic Amaral nasceu em Belo Horizonte, cresceu em Nova Lima e hoje vive em Cabo Frio (RJ). Formada em Design pela UFMG, com complementação em Artes Visuais, iniciou sua carreira vendendo ilustrações online e, desde então, atuou em diversos projetos, como os quadrinhos publicados pela Revista Recreio e a graphic novel “Achados & Perdidos”

Atualmente, dedica-se a ilustrações sob demanda, diagramação de livros e projetos autorais, sempre buscando contar histórias por meio de seus traços.

Entre suas inspirações para “Achados & Perdidos”, a ilustradora cita artistas como Kii Kanna (Estranho à Beira-Mar), Leonardo Romero (Marvel) e Vitor Cafaggi (Turma da Mônica Laços), além do quadrinho “O Muro” de Fraipont & Bailly.

Foto: Divulgação

A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade. Contamos com três frentes principais: república de acolhida para jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsos de casa, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativa e a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos e terapias complementares, com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.

Notícias Relacionadas

4ª edição do Festival Vórtice reúne obras que abordam sexualidade e...

Museu da Diversidade Sexual inaugura nova exposição sobre envelheci...

ParadaSP 2025 destaca cuidados com o envelhecimento em programação ...

Roda de Conversa discute transfobia em Terreiros

29ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo celebra as pesso...

Conheça as HQs de Kael Vitorelo na Biblioteca da Casa 1

Para ler e assistir, conhecendoa história de Marcelo RubensPaiva

Potyguara Juão Nyn, estreia no Sesc Avenida Paulista com TYBYRA

Santo de Casa, novo livro de Stefano Volp, propõe a desconstrução d...

Direitos LGBT+ enfrentam reação negativa do setor de tecnologia, ma...

Peça ‘Zona Lésbica’ tem exibição gratuita no CCBB RJ

“Baby” ganha cartaz inédito e está em exibição nas sal...