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Violência online dificulta representatividade das mulheres na política

MonitorA lança relatório no qual reúne análises e sugestões para o combate à violência política de gênero no país

Por Bárbara LibórioJamile SantanaFernanda Martins e Mariana Valente, do Internet Lab

Durante as eleições municipais de 2020, a violência política direcionada às mulheres foi marcante nas redes sociais. O cenário se constituiu por ameaças, discursos de incitação à violência e ódio, desmerecimento intelectual, críticas a seus corpos, idade e pertencimento étnico-racial,  e, quanto às mulheres trans, negação de sua identidade de gênero. Esses ataques foram identificados pelo MonitorA, uma parceria da Revista AzMina e do InternetLab, que acompanhou, de setembro a novembro de 2020, as redes sociais (Twitter, Instagram e YouTube)  de 175 candidaturas, homens e mulheres, para cargos de vereança, vice-prefeituras e prefeituras. 

O estudo apontou que, em comparação aos homens, elas foram atacadas por aquilo que são – mulheres, negras, idosas, trans -, enquanto os candidatos que receberam ataques foram ofendidos majoritariamente  por suas atuações profissionais, como políticos e gestores públicos – com exceção de idosos e GBT+, que também foram alvo de ódio e agressões por essas características. 

Ao considerar a baixa representatividade feminina nos cargos legislativos e executivos do país, somada aos atos discursivos violentos direcionados às mulheres que buscam entrar na vida política ou permanecer nela, fica claro que não é possível melhorar a representação feminina nesses espaços se não houver condições para que as mulheres disputem as eleições e permaneçam em seus cargos sem temer por suas vidas, ou lidar com as consequências desse tipo de violência para a saúde psicológica. 

É fato que há uma lacuna significativa na legislação eleitoral e ordinária em vigor para lidar com o problema. Assim como é fato que as soluções exigem a construção de esforços  que envolvem diferentes atores e setores sociais: os poderes executivo, legislativo e judiciário, mas também as plataformas de redes sociais – tendo em vista que o ambiente online é uma oportunidade para que esses ataques ocorram e se espalhem – e a sociedade civil. 

Durante os últimos meses de 2020, o MonitorA se concentrou em capturar e analisar os dados da violência política de gênero nas redes sociais e a publicar seus principais achados instantâneos. Agora, reunimos todas essas análises em um relatório que se propõe não apenas a comunicar os problemas encontrados, mas também a colaborar com sugestões que amplificam o debate em diferentes esferas. 

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Revista feminista independente, que respeita e valoriza a mulher em toda a sua diversidade. Nasceu em 2015 com um financiamento coletivo e também lançou as campanhas de conscientização e luta contra o machismo, como #MachismoNãoÉBrincadeira, Carnaval Sem Assédio e #VamosMudarOsNúmeros. O conteúdo d’AzMina é livre de direitos autorais e reproduzido aqui no site da Casa 1 com os devidos créditos.

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