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Majur: Liniker me fez acreditar que poderia ser cantora

A cantora baiana Majur, 26, ficou conhecida nacionalmente após participar do single “AmarElo” (2019), de Emicida, ao lado de Pabllo Vittar. Depois disso, ganhou Caetano Veloso como padrinho musical após cantar em uma festa na casa dele, debutou nos trios elétricos do Carnaval de Salvador e gravou uma música com sua ídola Liniker.

De lá para cá, a artista trans tem alcançado cada vez mais reconhecimento e fãs. Em maio deste ano, ela lançou seu primeiro álbum de carreira, “Ojunifé”, nome em iorubá que significa “olhos do amor”. O trabalho com dez músicas demorou dois anos para ficar pronto. Com participações da conterrânea Luedji Luna e da paulista Liniker, o álbum explora as vivências, amores e o processo de transição do seu corpo.

Majur conta que a principal faixa do álbum é “Rainha de Copas”, que ela canta com Liniker. As duas ainda gravaram juntas um videoclipe, lançado nesta quarta-feira (27). “Esse é com certeza um dos clipes da minha carreira. Não só por apresentar eu e Liniker de uma forma nunca antes vista pelo público, mas também pelo significado que essa canção tem para mim”, explica Majur.

Segundo a cantora, a música fala do processo mais importante da sua vida, que foi a sua transição. A artista diz que foi neste momento que se encontrou como pessoa e conseguiu ser ela mesma. “Estamos falando de uma mulher trans e do processo de transição do seu corpo.” Mas o encontro das duas cantoras trans aconteceu três anos antes delas gravarem juntas. Em uma passagem de Liniker por Salvador, o produtor de Majur pediu para ela levar um violão em um programa de TV para Liniker. Sem saber, aquele encontro mudaria a sua vida e elas se tornariam grandes amigas.

No mesmo dia, a cantora esteve no show de Liniker e foi convidada a cantar no palco com ela a música “Tua”. A visibilidade do show deixou a cantora, que despontava na cena musical de Salvador, ainda mais famosa. “A Majur surge porque eu lancei o meu primeiro trabalho [EP Colorir] três meses depois de encontrar a Liniker.”

Para a artista baiana, a presença de Liniker na faixa principal do seu álbum e no videoclipe tem um significado especial. Segundo ela, o encontro com a artista fez ela acreditar que poderia ser cantora porque viu alguém como ela no palco. “Eu estou falando sobre a primeira e única pessoa que eu vi e que me fez pensar sobre quem eu poderia ser.”

Antes de lançar seu primeiro álbum, Manjur ganhou ainda o apadrinhamento do cantor Caetano Veloso e de sua mulher Paula Lavigne. Em maio de 2019, o cantor compartilhou no Facebook um vídeo elogiando a artista baiana cantando “Náufrago”, ao lado do rapper Hiran, em sua casa em Salvador. Depois disso, ela estourou no Carnaval baiano e participou de vários trios elétricos.

Majur diz que o encontro com Caetano foi um processo de aprendizagem necessário para a construção da sua musicalidade. Ela afirma que antes dele era uma pedra bruta que tinha muita coisa a dizer, mas não sabia como.

“Com a Paula e o Caetano eu aprendi exatamente tudo, como ser artista, cantora, me portar e entender mais sobre música. Eu tinha estudado mais de 15 anos [de música], mas encontrar Caetano é descobrir sempre alguma coisa que você não sabia.”

Nascida na periferia de Salvador, Majur começou a se interessar por música aos três anos vendo a apresentação do coral na igreja evangélica que frequentava com a mãe. Aos cinco anos, ela entrou no coral da Orquestra Sinfônica da Juventude de Salvador, onde ficou até os 14 anos.

A cantora lembra que durante os anos em que esteve na instituição aprendeu a tocar piano, violino, violão e flauta. “Para criar música e não ser parecida com alguma outra é muito difícil. A gente tem que ter muito repertório, estudar muito. Tudo é educação, a educação é o centro de todas as coisas.”

SÃO PAULO, SP

Foto de capa: Divulgação

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