O assassinado de João Pedro Mattos, de 14 anos, pelo braço armado do Estado durante uma operação da Polícia Civil e da Polícia Federal no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio que aconteceu na segunda-feira, 18, foi mais um dos milhares que acontecem em território nacional, em especial nas periferias das cidades.
Segundo a 13ª edição do Anuário da Violência, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2019, 75,4% das vítimas pelas polícias brasileiras eram negros. No estudo, uma das conclusões é que no Rio de Janeiro, indivíduos negros possuem 23,5% mais chances de serem mortos, em comparação aos não negros e ainda jovens negros tem 147% mais chances de serem assassinados do que brancos, amarelos e indígenas. A matéria feita pelo portal Alma Negra destrincha ainda mais a pesquisa e pode ser lida aqui.
Com a notícia do assassinato de João vem a sensação de impotência: como mais podemos lutar para que esses crimes autorizados pelo Estado parem de acontecer? As respostas são muitas, porém um bom jeito de começar é entender sobre o tema e apoiar organizações que já atuam em várias esferas pelo combate ao genocídio negro.
Para começar, vale acompanhar essa entrevista com o delegado Orlando Zaccone, conhecido por defender o direito penal minimalista.
Neste perfil feito pelo jornalista Bernardo Esteve para “Revista Piauí”, dá para saber mais sobre o delegado.
Outro perfil interessante é o do Joel Luiz, advogado criminal da favela Jacarezinho e do Fórum Grita Baixada. É membro da Reforma e colunista da Agência de Notícias de Favelas.
Nesta coluna do jornal Intercept Brasil, Joel narra um pouco de sua trajetória e luta
E não podemos deixar de citar o vídeo incrível das ativistas e pesquisadoras Gabrielle Nascimento, Suzane Jardim e Raíssa Belintani com a Jout Jout sobre encarceramento em massa.
E claro, a leitura do livro “Encarceramento em Massa” da pesquisadora Juliana Martins.
Existem mais uma dezena de livros sobre o tema, incluindo “Estarão as prisões obsoletas?” da referência mundial Angela Davis e estamos programando em breve um post dedicado exclusivo ao tema.Segue agora as organizações que ja atuam no combate à repressão policial e genocídio da população negra:
Coalizão negra por direitosA coalizão reune mais de 150 organizações e conta com 14 pontos de atuação e 25 agendas, entre elas “o fim do encarceramento em massa, das torturas, violações e mortes promovidas em presídios, delegacias, casas de detenção e centros de cumprimento de medidas socioeducativas; além da fiscalização, e prevenção, rumo a um projeto antipunitivista e ao fim das prisões”.Nesse link você consegue acessar todas as pautas e também a lista com todas as organizações que compõem a coalização.Mães de Manguinhos“É um movimento formado por Mães da Favela de Manguinhos -RJ, que tem filhos encarcerados ou que perderam seus filhos pelo braço armado do Estado, a polícia Racista e Fascista Brasileira”, diz o Facebook do grupo que pode ser acessado neste link.
Movimento Mães de Maio
Assim como grupo carioca, o coletivo Mães de Maio luta por Memória, Verdade e Justiça na cidade de São Paulo. Veja mais na página do grupo no Facebook.
Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência
A Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência é um movimento social independente do Estado, de empresas, partidos políticos e igrejas, que reúne moradores de favelas e comunidades pobres em geral, sobreviventes e familiares de vítimas da violência policial ou militar, e militantes populares e de direitos humanos. Saiba mais no site da rede e no perfil no Facebook.
Iniciativa Direito à memória e Justiça Racial
“A Iniciativa Direito à Memória e a Justiça Racial é apoiada pela Ford Foundation com objetivo de racializar a discussão e ação no campo da segurança pública na Baixada Fluminense, no estado do RJ e Brasil”, diz a página do Facebook da organização que pode ser acessada neste link.
Justiça Global
“A Justiça Global é uma organização não governamental de direitos humanos que trabalha com a proteção e promoção dos direitos humanos e o fortalecimento da sociedade civil e da democracia. Fundada em novembro de 1999, nossas ações visam denunciar violações de direitos humanos; incidir nos processos de formulação de políticas públicas, baseadas nos direitos fundamentais e na equidade de gênero e raça; impulsionar o fortalecimento das instituições democráticas; e exigir a garantia de direitos para as vítimas de violações e defensoras/es de direitos humanos. Estamos organizados em quatro programas temáticos e uma área administrativa, conformando uma equipe multidisciplinar, que realiza suas atividades articulando estratégias de pesquisa e documentação, litigância, advocacy, comunicação e formação”, explica o site da organização que pode ser acessado neste link.
A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade.
Contamos com três frentes principais: república de acolhida para jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsos de casa, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativa e a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos e terapias complementares, com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.