Em cartaz até 23/7, a obra surge do desejo e da pesquisa do coletivo RAINHA KONG em descolonizar as narrativas LGBTQIA+ e compreendê-las na perspectiva de quem as vive e/ou viveu.
A videoinstalação Diásporas LGBTQIA+ na Cidade de São Paulo acaba de estrear na Oficina Cultural Oswald de Andrade e fica disponível para visitação até 23 de julho. A obra surge do desejo e da pesquisa do coletivo RAINHA KONG em descolonizar as narrativas LGBTQIA+ e compreendê-las na perspectiva de quem as vive e/ou viveu.
A chegada do grupo a São Paulo em 2017 foi marcada por um contato intenso com a população LGBTQIA+ residente da cidade – seja por meio dos Centros de Referência da população LGBTQIA+ ou do Centro de Acolhida e Cultura Casa 1. Este contato foi marcado por trocas artísticas, pedagógicas, afetivas e apresentações da peça O Bebê de Tarlatana Rosa, primeira peça do repertório do coletivo, criada em 2016. Com essas trocas, foi possível perceber que muitas dessas pessoas, LGBTQIA+ como as integrantes do grupo, não eram naturais da cidade de São Paulo.
Ademais, a reflexão sobre pontos de contato entre a dramaturgia com a qual o grupo recentemente passou a trabalhar, com a peça Sarah e Hagar decidem matar Abraão, e a história da cidade de São Paulo, trouxe algumas respostas. A dramaturgia trata do início da civilização suméria, construída entre dois rios – Tigre e Eufrates -, assim como São Paulo foi erguida entre (e sobre) dois rios – Anhangabaú e Tamanduateí -, que hoje estão soterrados no centro da cidade.
Sarah e Hagar decidem matar Abraão fala sobre indivíduos diaspóricos, que migram em busca de utopias – assim como São Paulo recebeu milhares de migrantes.
SOBRE A VIDEOINSTALAÇÃO
Todas essas reflexões levaram o coletivo à seguinte pergunta, norteadora da videoinstalação: A cidade de São Paulo abriga uma diáspora LGBTQIA+? A partir deste questionamento, a RAINHA KONG, em parceria com a roteirista e cineasta Giorgia Narciso, iniciou o processo de elaboração da vídeo-instalação, em agosto de 2021. Foram convidadas 5 pessoas LGBTIA+ imigradas para São Paulo. Foram gravados os cotidianos dessas pessoas dentro de suas casas, em diferentes bairros da cidade de São Paulo, bem como a relação dessas pessoas fora de suas casas, em diálogo com a parcela da cidade onde residem.
O material editado ganha agora uma cenografia site specifc para a Oficina Cultural Oswald de Andrade. “O trabalho surgiu a partir da narrativa de jovens trans que são de outros estados e ouviram falar que São Paulo é essa cidade que pode proporcionar uma qualidade de vida melhor, mais aceitação, mais inserção social, uma vida melhor para as pessoas da nossa comunidade”, afirma Giorgia Narciso, criadora do projeto.
SERVIÇO
O QUE? vídeo-instalação Diásporas LGBTQIA+ na Cidade de São Paulo
QUANDO? Até 23/7
Segunda a sábado, das 10h às 21h.
ONDE? Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo – SP)
QUANTO? Gratuito
SOBRE A RAINHA KONG
Desde 2016, a RAINHA KONG investiga intersecções de diferentes linguagens artísticas a fim de discutir questões LGBTQIAP+ cenicamente. O coletivo, oriundo do curso de Artes Cênicas da Unicamp, se coloca em cena enquanto ato político de resistência, mas também questionando a construção de novas narrativas – a partir de histórias e corpos até então silenciados – na investigação e formatação de novas linguagens e formas de se pensar o fazer teatral, performático e artístico.
A primeira produção do coletivo, O Bebê de Tarlatana Rosa, reordena o conto homônimo de João do Rio, alocando-o em uma perspectiva queer, confluindo a narrativa do conto com depoimentos biodramáticos des integrantes do elenco. Além disso, a coletiva organizou diversos cursos e oficinas em parceria com diverses artistas e coletivos LGBTQIAP+ como a Casa1, Helena Vieira, Ave Terrena, Ferdinando Martins, Daniel Veiga, etc.