Música, acompanhada de videoclipe, conta com percussões afro-nordestinas inspiradas no maracatu enquanto realça a força do sagrado feminino
A cantora Nathalia Bellar lança “Deixa eu Colar” em uma celebração da latinidade, amor livre e a força do sagrado feminino. A faixa é uma parceria com os artistas Guga Limeira e Carol Jongo, além de contar com produção musical de Hugo Limeira, trazendo uma sonoridade que mistura influências afro-latinas e nordestinas, na maior fusão dançante.
“Deixa eu Colar” nasceu de conversas e trocas musicais entre Bellar e Guga Limeira. A vontade de Nathalia em incorporar mais da cultura latina no seu trabalho se uniu à criatividade de Guga e Carol, que chegou para somar ainda mais. “Meu coração apontava para uma fase mais solar, mais dançante, e para o desejo de falar sobre a liberdade de amar quem se quer. Papeamos bastante a respeito de influências, referências, mercado, etc, e ele me mostrou algumas de suas criações, eu trouxe também músicas minhas que estavam ainda inacabadas. Uma delas, em parceria com a compositora mineira Carol Jongo. Fomos misturando versos e ‘Deixa eu Colar’ desabrochou”, conta Nathalia.
A música, marcada por beats dançantes, percussões inspiradas no maracatu afro-nordestino e metais que remetem ao universo da música latina, compõe um mosaico sonoro bem característico da Nova MPB, inspirada também por nomes como Luedji Luna, Seu Jorge, Sara Tavares e Xenia.
Com uma letra que aborda o encontro e o envolvimento romântico entre duas mulheres pretas, abençoadas por uma Deusa interior que simboliza a força e a capacidade de reger o mundo, a mensagem fica clara e retrata a força do sagrado feminino. “É também sobre empoderamento, sobre assumir os desejos mais íntimos e ir em busca de realizá-los”, comenta.
A estreia de “Deixa eu Colar” também marca os 18 anos de carreira musical da artista e chega acompanhada por um videoclipe potente, cuja concepção artística foi feita majoritariamente por mulheres na linha de frente. A produção traz referências visuais às deusas da antiguidade, como Afrodite e Iansã, e utiliza a maçã do amor como símbolo de encantamento e pertencimento. Filmado nas ladeiras históricas de Olinda (PE) e no Centro Histórico de João Pessoa (PB), o clipe captura a energia boêmia e as cores vibrantes desses espaços, transportando o espectador para o universo quente e apaixonante da música.
“Estávamos alinhadas com a ideia de que trataríamos desse amor quente retratado na música com delicadeza, pensando sempre no conceito da pele como espelho de todas as sensações e emoções”, diz.
Nathalia Bellar encontrou na música um meio de expressão e conexão com a sua identidade e ancestralidade. Ela acredita no poder transformador da arte e utiliza suas canções para compartilhar histórias reais e emocionantes: “A arte me devolveu a lugares que sempre foram meus, mas que me foram negados por muito tempo. Costumo dizer que foi através da música que descobri a minha negritude, quando tive coragem de assumir meus cabelos crespos e me conectar com a minha ancestralidade. Me interesso por falar sobre a minha história real, sobre o quanto o palco me cura das mazelas do mundo, me liberta das inseguranças, me faz sentir orgulho de pertencer à terra onde nasci e ainda assim querer voar pelo mundo. Canto como quem empunha uma espada. Até mesmo quando falo de amor, penso que falo também de luta”, finaliza a artista.
Foto de capa: Vanessa Pessoa