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Peça “Cesária” tem três travestis discutindo morte, vida e travestilidade em cena

Coletiva Profanas apresenta, a partir do dia 1º de setembro no Teatro Cacilda Becker, oespetáculo Cesária, com elenco composto por AIVAN (Mãe), Morgana Olívia Manfrim (Filho), Nata da Sociedade (Cesária) e trilha sonora ao vivo com o baterista Henrique Kehde.

Em uma montagem fragmentada que não se detém à passagem tradicional do tempo, o espetáculo parte de uma trama em que o filho procura pelo pai desaparecido, que começa a escrever-lhe cartas que se misturam ao passado e ao presente. Nessa busca pelo pai, o filho encontra sua mãe e Cesária, a travesti grávida de um planeta. 

As tramas remetem a tempos epi-pandêmicos – recentes e de outrora – , como a de HIV/AIDS, iniciada no fim dos anos 1980 e a da COVID-19, de 2020. A menção às pandemias não está implicada de modo objetivo, mas sim num campo de ambientação dessas duas épocas que se encontram. 

“A peça toca exatamente no assunto da travestilidade, porque desafia o público a entender seu olhar sobre uma pessoa transicionada em diversas gerações. – A dramaturgia surge com a necessidade de afirmar que pessoas trans não nasceram em um corpo errado e que a cisgeneridade não é uma condição intrínseca ao ser humano. Ninguém nasce cisgênero, vocês se tornam!”. conta Morgana Olívia Manfrim, que atua e assina direção e dramaturgia.

Todas nós morremos. Toda transformação tem desejo. E desejo é impulso de morte, porque é reconhecimento de falta. E para suprir um desejo, preencher uma vontade é preciso matar essa lacuna. Portanto, eu preciso matar também a Mãe. Pois, é o que um dia eu mais quis e agora me preenche. Se eu não matar a Mãe ficarei para sempre parada.

Você seria capaz de matar? Capaz de matar sua Mãe? Para descobrir quem matou o pai é preciso matar a Mãe. Eu de fato estou em casa e você irá me encontrar. Mas apenas se seguir minhas regras. Volte para a casa de Cesária e faça o que é preciso.  Não sei se estou morta ou se estou viva. Mas uma coisa eu sei: Eu hoje sou Mãe.  E você não será o eterno filhinho

Trecho de Cesária

Telas pintadas à mão em tinta acrílica pelo artista plástico e homem trans Max Ruan, compõem o cenário e indicam transições de planos ao dividirem espaço com telas digitais compostas por códigos binários de computadores que falham, trazendo novos caracteres para o sistema, que passa a codificar à sua própria maneira.

SERVIÇO

Cesária

Local: Teatro Cacilda Becker | R. Tito, 295 – Lapa, São Paulo

1º a 10 de setembro de 2023 – Sextas e sábados, 21h. Domingos, às 19h.

Gratuito – Retirada de ingressos pelo Sympla

OFICINA de Escritas Fabulares Autobiográficas – Módulo 2

5 e 7 de setembro de 2023 das 18:30 ás 22:30

Gratuito – Inscrições a partir de 17/07 no link no site da coletivaprofanas.com 

Exposição Travesti… parir… planeta

DATAS: Sempre no intervalo das sessões no foyer de cada Teatro.

Gratuito e entrada individual.

Iran Giusti é formado em Relações Públicas pela FAAP, passou por agências como TVRP e Remix Social Ideias. Como jornalista atuou no Portal iG, BuzzFeed Brasil. Atualmente é repórter no Terra Nós e diretor institucional da Casa 1

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