Com uma variedade sofisticada de possibilidades de edição e efeitos, a rede social é um sucesso entre criadores de conteúdo. Contamos um pouco da relação de um usuário com a plataforma e listamos 15 perfis para acompanhar.
Nos últimos tempos, ficou impossível ignorar a existência dessa rede social. Criado em setembro de 2016 pela ByteDance, empresa chinesa voltada para o entretenimento, o TikTok deu um salto significativo de crescimento durante 2020, impulsionado pela quantidade de pessoas que, confinadas em casa, buscavam alguma distração para o tempo ocioso. Foi assim com Diego Toledo, assistente de marketing do interior de São Paulo: “Não tinha nada para fazer e falei com dois amigos ‘vamos fazer o tiktok para passar vergonha juntos?’. Tinha muito a concepção errada de que é uma rede social para gente nova e muita gente acha isso, que é uma rede social de gente nova ou que é uma rede social só para fazer vídeo de dancinha. Fiz meio que brincando e na quarentena conseguia produzir bastante conteúdo. Não que não esteja ainda em quarentena, mas, hoje em dia, já voltou a produção normal de algum dos meus clientes. Me ajudou a ocupar o tempo [que estava] sobrando”. Hoje, seu perfil tem mais de 140 mil seguidores: “É bastante gente para o tempo que estou fazendo isso. Comecei em Julho e dei uma mini estouradinha”, conta.
Além da busca para ocupar o tempo vago, o algoritmo inteligente também explica o sucesso da plataforma. “Percebi que ele é muito de nichos, segmenta bastante o conteúdo. Quando entrei no TikTok consumia bastante conteúdo de edição porque queria aprender a editar meus vídeos, então isso aparece muito para mim. Não vejo praticamente nenhum vídeo de desafio ou de dancinha, que era o que eu achava [que fosse] o conteúdo principal do aplicativo”. Ao abrir o Tiktok, um “cardápio” com diferentes assuntos é apresentado ao usuário e, após algum tempo de navegação, o feed é customizado e moldado para as suas preferências. A possibilidade de compartilhar as produções em outras plataformas com facilidade e as métricas do aplicativo — que é bem diferente de outras redes como o Instagram, por exemplo, dá uma boa visibilidade a produtores de conteúdo já estabelecidos ou para quem quer tentar essa carreira. “Quando começou a dar certo percebi que, como é uma rede social nova, eles impulsionam bastante o conteúdo de novos criadores. Não existia, na época que eu entrei, criadores de conteúdo estabelecidos, como existem no Instagram ou no Youtube, que já têm pessoas que atingiram uma fama muito grande e o conteúdo dessas pessoas é sempre reproduzido para você o tempo todo”.
Na opinião de Diego, muita gente migrou para essa rede pelo seu alcance orgânico. A plataforma estimula a produção de conteúdo, entregando o material para seguidores e não seguidores, ajudando no crescimento do usuário. “No Instagram, por exemplo, as pessoas que te seguem às vezes não veem seu conteúdo. [No TikTok] é muito comum você ver uma conta com 100 seguidores e um vídeo com 5 mil visualizações”.
Por serem interações rápidas e divertidas, o aplicativo que estourou no início da quarentena, até agora está conseguindo se estabilizar, mas as empresas brasileiras ainda não têm muita confiança no alcance da plataforma: “Já tive duas parcerias para publi e elas foram sempre ações casadas com outras redes sociais, ou Instagram ou Twitter. Não teve uma empresa focada 100% no TikTok porque, acredito que, ainda não criaram confiança que ele veio para ficar, ainda veem como uma consequência da quarentena, mas a movimentação já tá acontecendo, a gente vê a Pequena Lo que consegue bastante publicidade e cresceu nas outras redes por causa dos vídeos no Tik Tok”.
Contudo, apesar do seu público diverso, uma pesquisa realizada em setembro de 2020 pelo Instituto Australiano de Pesquisa Estratégica (ASPI) revelou que o aplicativo restringe o alcance de determinados conteúdos. Palavras como “gay” e “lésbica” tiveram seu alcance diminuído na Rússia e o mesmo aconteceu com “transgênero” em países do Oriente Médio. Algumas hashtags de manifestações como #acab, em referência aos protestos anti racistas nos Estados Unidos, também tiveram a divulgação restringida. O relatório da ASPI sugeriu que a plataforma faz isso para tentar evitar polêmicas e se manter apolítica enquanto cresce e se consolida no mercado mundial. A ByteDance, empresa responsável pelo TikTok, se posicionou em nota sobre a pesquisa falando que alguns termos foram parcialmente restringidos em razão das leis locais e que algumas palavras procuradas estavam sendo relacionados a pornografia, por isso foram restringidas. Porém, eles admitiram que algumas hashtags realmente estavam sendo monitoradas incorretamente e foram corrigidas. A empresa também disse que apoia fortemente seus criadores LGBTQ+ em todo o mundo, e tem orgulho dessa categoria, que é a mais popular na plataforma.
Até agora, para os usuários, a métrica da rede tem funcionado. “Eu particularmente não vejo o TikTok no nível de ‘hate’ [ódio] das outras redes sociais, como o Twitter. Nunca tive problema de alguém entrar na minha rede e falar ‘nossa que bichinha sem graça’. Nunca. Até porque o TikTok tem bastante diretriz, bastante regra do que pode ou não pode ser feito e eles levam isso bem a sério. Já tive conteúdo derrubado por insinuação a sexo. Eu fiz um gesto com os dedos no vídeo e saiu do ar. Eles têm muitas regras para evitar discussões e para que conteúdos impróprios não sejam divulgados em larga escala. Crianças não podem fazer live. Acho que menores de 16 anos não podem aparecer em live, o algoritmo identifica e derruba. Existem vários critérios que eles estão tentando manter para que continue uma rede social não muito violenta. Vai dar certo? Não sei. Só o tempo dirá. Comigo não aconteceu nada ainda”.
A seguir, listamos 15 perfis brasileiros LGBTQIA+ para acompanhar na rede social:
1.Diego Toledo
2.Teka Balluthy
3.Thiessita
4.Larissa Bianchi
5.Mari Morena
6.Vinícius Zurc
7.Le Cardenuto
8.Raphael Dumaresq
9.Efe Godoy
10.Beto Martinez
11.MARTTE
12.Rita D’Libra
13.Dan Ponit
14.Bianca Barroca
15.Igor Sudano