BLOG

Documentário Corpolítica, de Pedro Henrique França, é selecionado para a 46ª Mostra de Internacional de Cinema de São Paulo e leva Prêmio Félix no Festival do Rio como Melhor Documentário

Filme, premiado nos três festivais pelos quais já passou, debate a representatividade LGBTQIAP+ na política e traz personagens como Erika Hilton, uma das duas primeiras mulheres trans eleita a Deputada Federal no Brasil, Fernando Holiday, Monica Benicio, Thammy Miranda, entre outros 

O filme Corpolítica, dirigido por Pedro Henrique França e produzido pelo ator Marco Pigossi, está selecionado para a 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que acontece entre os dias 20 de outubro a 02 de novembro na capital paulista. As sessões do longa acontecem nos dias 27 de outubro, às 20h45, no Espaço Itaú – Frei Caneca 2, e no dia 29 de outubro, às 16h05, no Instituto Moreira Salles, na Paulista, mais informações, aqui

Após passar pela seleção oficial dos festivais Queer Lisboa, que marcou sua estreia mundial e rendeu o prêmio de Melhor Documentário pelo público, pelo Festival Internacional de Cinema de Brasília, onde levou o prêmio de Melhor Roteiro, e pelo Festival do Rio, onde acaba de ganhar o Prêmio Félix de Melhor Documentário, o filme desembarca na 46ª Mostra Internacional de Cinema, dentro da Mostra Brasil, seção que reúne títulos brasileiros de cineastas consagrados e obras de diretores estreantes. 

A partir de um recorde de candidaturas LGBTQIAP+ para as câmaras municipais de todo o Brasil nas eleições de 2020, em meio a uma pandemia que já matava milhares de brasileiros, o diretor e roteirista Pedro Henrique França quis ir atrás do que motivava esse despertar político. Associou sua produtora, Representa, à do amigo, ator e produtor executivo, Marco Pigossi, e começou às vésperas daquela atípica eleição o documentário independente Corpolítica, que tem ainda coprodução da ACME.  

Corpolítica tenta responder o porquê da sub-representatividade no cenário político de um país que lidera o ranking dentre os que mais matam LGBTQIAP+ no mundo, superando inclusive nações em que ser LGBTQIAP+ é legalmente uma sentença de morte. Para isso, reuniu seis candidaturas da sigla: Andréa Bak, Erika Hilton, eleita em 2022  como uma das duas primeiras mulheres trans para Deputada Federal, Fernando Holiday, Monica Benicio, Thammy Miranda e William De Lucca – além de entrevistar atores políticos atuantes, como Erica Malunguinho (a primeira Deputada Estadual trans eleita no Brasil, em 2018) e Jean Wyllys, que cumpriu dois mandatos como deputado federal e se exilou em 2019, antes da posse para o terceiro mandato, por conta de ameaças de morte que vinha recebendo. 

Para o diretor Pedro Henrique França, o documentário tenta entender por que a comunidade LGBTQIAP+ é tão pouco representada na política e busca traçar um paralelo com os processos de aceitação e violência que esses corpos passam para estar presente – e vivo – na sociedade. “Tentamos entender o que despertou esses corpos num momento político desfavorável às suas existências, de uma escalada autoritária, conservadora e preconceituosa no Brasil. E como a baixa participação desses corpos na política está intrinsecamente relacionada aos índices que colocam o Brasil como o país mais violento para LGBTQIAP+ no mundo“, afirma o diretor Pedro Henrique França. 

Em 102 minutos, o documentário Corpolítica acompanha as eleições de 2020 e debate a representatividade LGBTQIAP+ através de imagens de arquivo e de violências políticas registradas em ambientes legislativos, entrevistas com personagens de diferentes correntes partidárias, ativistas e especialistas, todos LGBTQIAP+. “Um filme tem o poder de tocar, humanizar e fazer refletir. E esse documentário me mobilizou desde o início pelo objetivo de cumprir esses quesitos, sobretudo de humanizar esses corpos, muitas vezes violentados por mentiras, difamações e uma falsa e violenta ideia de pecado, e trazer para o debate a importância que temos de nos posicionarmos e ocuparmos esses lugares“, afirma o produtor Marco Pigossi. “Queremos que esse filme provoque também as famílias que por algum motivo tenham medo, como a mãe de uma das personagens afirma no filme, a compreender que essa relação deve ser baseada sempre no amor e no acolhimento“, complementa Pigossi.  

O documentário traz a importância de discutir as presenças desses corpos nas estruturas de poder, segundo o diretor. “Nenhuma lei, das poucas e muito recentes leis de proteção e direitos à população LGBTQIAP+, saiu do Congresso Nacional. Tudo o que temos, veio do Judiciário por omissão do legislativo. Representamos hoje apenas 0,16% dos cargos eletivos brasileiros. ‘Corpolítica’ quer trazer esse debate para a sociedade, despertar novos corpos a entenderem que é a partir da política que faremos as mudanças necessárias e fazer um chamamento à diversidade na prática, para além do discurso“. 

O longa, que terá distribuição da Vitrine Filmes, já foi selecionado no Chicago Indie Awards, nos Estados Unidos, entre outros festivais. A estreia em circuito comercial está prevista para o primeiro semestre de 2023.

Sobre a Vitrine Filmes

A Vitrine Filmes, em doze anos de atuação, já distribuiu mais de 190 filmes e alcançou mais de quatro milhões de espectadores. Entre seus maiores sucessos estão “O Som ao Redor”, “Aquarius” e “Bacurau” de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Outros destaques são “A Vida Invisível”, de Karim Aïnouz, representante brasileiro do Oscar 2020, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, de Daniel Ribeiro, e “O Filme da Minha Vida”, de Selton Mello. Entre os documentários, a distribuidora lançou “Divinas Divas”, dirigido por Leandra Leal e “O Processo”, de Maria Augusta Ramos, que entrou para a lista dos 10 documentários mais vistos da história do cinema nacional.

Além do cinema nacional, a Vitrine Filmes expandiu o seu catálogo internacional ao longo dos anos. Assim, foi responsável pelo lançamento dos sucessos “O Farol”, de Robert Eggers, indicado ao Oscar de Melhor Fotografia; “Você Não Estava Aqui”, dirigido por Ken Loach; e “DRUK – Mais uma rodada”, de Thomas Vinterberg, premiado com o Oscar de Melhor Filme Internacional de 2021. Em 2022, a Vitrine Filmes apresenta ainda mais novidades para a produção e distribuição audiovisual. Entre as estreias, estão confirmados ainda para 2022 ‘Serial Kelly’, de René Guerra com Gaby Amarantos; e ‘O Clube dos Anjos’, de Ângelo Defanti, inspirado na obra de Luis Fernando Verissimo.

Serviço

27/10 | 20:45

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA – FREI CANECA 2

29/10 | 16:05 – INSTITUTO MOREIRA SALLES – PAULISTA

Foto de capa: Divulgação

A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade. Contamos com três frentes principais: república de acolhida para jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsos de casa, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativa e a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos e terapias complementares, com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.

Notícias Relacionadas

‘Se for evento hétero, podem’: vereadores querem impedir criança na...

Museu da Língua Portuguesa exibe curtas-metragens do 31º Festival M...

Festival Transforma de cinema anuncia programação

MDHC prorroga prazo para participação social em levantamento sobre ...

Lula veta parcialmente projeto de marco temporal do Congresso

Pedido de vista adia votação de PL sobre população LGBT encarcerada

Mais de 20 filmes com temática LGBTQIA+ concorrem ao Prêmio Félix, ...

Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania promoverá 1º Encontr...

PL contra casamento homoafetivo tem chance remota de aprovação, diz...

“Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor” estr...

Eleições para Conselho Tutelar no dia 1/10: saiba como e onde votar

MPF pede arquivamento de projeto que proíbe casamento homoafetivo e...