Por Lívia Lima, para Nós Mulheres da Periferia
O Entretodos 13 – Festival de Filmes Curtos e Direitos Humanos, reconhecido internacionalmente como uma importante plataforma de valorização da cultura, educação e difusão dos direitos humanos, começa no próximo domingo (13). Totalmente gratuito e online, o evento conta com a participação de filmes de todo o mundo em uma programação até o dia 19. O evento é realizado pela Prefeitura de São Paulo, Spcine e ESTATE Produções.
A curadoria do evento teve o cuidado de selecionar filmes curtos que promovam o debate sobre diretos humanos, como participação social, direito à moradia, à vida, à igualdade social, orientação sexual, processos migratórios, direitos da juventude, idosos, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, ativismo político, ambiental entre outros.
A programação do Entretodos conta com atividades diárias, como a disponibilização de todos os filmes no site e cinco sessões da Mostra Competitiva, de 14 a 18 de setembro, sempre às 18h – com exceção para quinta (17) quando acontece às 16h – transmitidas pelas redes sociais e seguidas por bate-papos com diretores e participação do público.
Além disso, o evento conta com exibições de filmes com debates especiais sobre temas como educação, pandemia, sistema prisional e trabalho.
Entre os filmes apresentados no festival, alguns retratam a questão de gênero em seus diversos aspectos. Entre eles, o argentino “Vigilia”. Dirigido por María Magdalena, o filme fala sobre o debate sobre a descriminalização e legalização do aborto na Argentina, uma dívida histórica para as mulheres. Em 2018, pela primeira vez, o debate sobre a interrupção voluntária da gravidez chegou ao Congresso. Mais de um milhão de pessoas participaram, então, no dia 13 de junho, de uma vigília de mais de 20 horas durante o debate.
O filme brasileiro “Minha História é Outra”, dirigido por Mariana Campos, apresenta uma relação entre gênero e raça. Niázia, moradora do morro da Otto, abre a sua casa para compartilhar as camadas mais importantes na busca pela resposta à questão “O amor entre mulheres negras é mais que uma história de amor?. Já a estudante de direito Leilane apresenta os desafios e possibilidades de construir uma jornada de afeto com Camila.
Dois filmes tratam da relação entre sistema prisional e gênero. Em “Liberdade é uma Palavra”, dirigido por Stephanie Ricci, é apresentado o cotidiano de mulheres e crianças que vivem presas no Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade, em Vespasiano, Minas Gerais. Já “Homens invisíveis”, de Luis Carlos de Alencar, apresenta a situação da população transgênero masculina no cárcere a partir dos problemas de saúde acarretados pelo binarismo de gênero que embasa o sistema penal.
Os filmes “Alcateia”, dirigido por Carolina Castilho e “Cosecha”, de Wendy P. Espinal, abordam as diversas barreiras, desafios e agressões que as mulheres vivem em seu cotidiano. Alcateia conta de mulheres que se juntam contra as agressões sofridas por uma delas pelo marido. Cosecha narra a dificuldade de mães-solo. Mãe e filha se preparam para uma grande mudança e separação.
O anúncio dos filmes vencedores, entre os 34 participantes, será no dia 19 de setembro, às 17h, na cerimônia de encerramento do Festival com transmissão pelo Youtube e site. Além dos jurados técnicos haverá um Júri Popular em que o público poderá votar no site do evento. Serão distribuídos prêmios de até R$ 5.000,00.
O festival ainda conta com a Mostra Moçada, que pela primeira vez na história do evento será competitiva. Serão premiados os melhores filmes nas seguintes categorias: Melhor Curta Infantil; Melhor Curta Juvenil e Melhor atuação (troféu/prêmio não-remunerado) com o objetivo de incentivar atores menores de 18 anos. Ela é dividida pelos blocos Juventude e Infantil) que dão destaque para animações e filmes que destacam atores menores de 18 anos. Os blocos Juventude e Infantilacontecerão em todos os dias do festival, no Instagram, com lives com os diretores às 14h, 15h e 16h.
A programação completa também estará disponível na plataforma SPCINEPLAY, entre 17 e 26 de setembro. O Festival ainda conta com um podcast, que aprofunda algumas temáticas trazidas pelos filmes.
O evento promove reflexões sobre a importância da garantia de direitos para toda a sociedade, discutindo os direitos humanos de forma artística e transversal, não apenas didática. Para isso, utiliza os filmes para inspirar a sociedade nessas temáticas. Em um momento que muito se discute a importância da democracia, da cultura e do conhecimento, é fundamental a disseminação de conteúdos claros e de qualidade sobre os diversos assuntos que mais impactam a vida dos brasileiros.
“Essa pandemia está escancarando a realidade de desigualdade e intolerância do Brasil. Isso só reforça a necessidade da garantia dos direitos humanos. Apesar de distantes, este ano estaremos mais conectados e fortes do que nunca. É isso que pretendemos passar com a realização de ações em diversos canais de comunicação”, afirma Jorge Grinspum, coordenador do Entretodos.
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Foto de capa: cena do filme “Minha história é outra”, de Mariana Campos. – Crédito: Divulgação