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Idealizado por cineastas transmasculinos, festival leva cinema para as quebradas

Rosa Caldeira e Nay Mendl são os produtores do festival que acontece de 9 a 13 de fevereiro

Apesar de todo um discurso de solidariedade e tolerância, o Brasil segue sendo o país que lidera o ranking global de violência contra transgêneres. Por isso é de extrema importância promover iniciativas que buscam dar voz à luta por identidade das pessoas trans e travestis. E neste dia 29 de janeiro, em que é celebrado o Dia da Visibilidade Trans, vamos conhecer o Festival Perifericu, que tem como objetivo valorizar as diferentes manifestações e processos artísticos da população LGBTQIAP+ periférica. O evento, que está previsto para acontecer de forma itinerante nas quebradas do Jardim São Luís, Capão Redondo e Jardim Ângela, na Zona Sul de São Paulo entre os dias 9 e 13 de fevereiro, é idealizado e produzido pelos cineastas transmasculinos Rosa Caldeira e Nay Mendl, em conjunto com Well Amorim, cineasta cis preto e periférico. Os três são fundadores da Maloka Filmes.

Para Nay Mendl, cineasta transmasculino periférico e um dos idealizadores do Festival Perifericu, mesmo após centenas de anos de violência e invisibilização, as pessoas trans existem, resistem e estão em todos os lugares. “Por isso que é tão importante o destaque e protagonismo não só para a população T que lidera o festival, mas também todes artistes que existem na quebrada e que criam poesia, cinema, música, dança, performance, artes visuais e tantas outras formas de resistência a partir de suas artes”, complementa.

Na programação do evento estão previstas formações, mostras de filmes, apresentações musicais, slams, debates e muita acuendação, visando democratizar e enaltecer a cultura LGBTQIAP+ de quebrada, construindo pontes dentro das comunidades e viabilizando espaços de encontros. Por conta da pandemia da Covid-19, o festival será realizado de forma híbrida, obedecendo os protocolos de segurança vigentes, e a transmissão online será feita pela plataforma Todesplay, em conjunto com a APAN – Associação dos profissionais do Audiovisual Negro.

“Janeiro é um mês símbolo da resistência de pessoas trans na sociedade e no país que mais mata mulheres trans e travestis no mundo e com um número alarmante de suicidamento de pessoas transmasculinas, precisamos de fomento para iniciativas lideradas por nós e feitas para nós para diminuir essa desigualdade, como é o caso do Festival Perifericu. No mês da visibilidade trans, financie artistas trans e seus projetos”, pontua Rosa Caldeira, cineasta transmasculino periférico e idealizador do festival.

A iniciativa do festival é da Maloka Filmes com apoio do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI) da Prefeitura de São Paulo, Associação Comunitário Bloco do Beco e Casa de Cultura do M’boi Mirim.

SERVIÇO

Festival Perifericu – Festival Internacional de Cinema e Cultura da Quebrada.

Data: 9 a 13 de fevereiro

Formato: Híbrido 

Local: De forma itinerante pelas favelas da Zona Sul de São Paulo

Mais informações sobre a programação em: https://www.instagram.com/festivalperifericu/ 

SOBRE O FESTIVAL

O Festival Internacional de Cinema e Cultura da Quebrada tem como objetivo valorizar as diferentes manifestações e processos artísticos da população TLGB+ periférica, que sempre existiu e segue resistindo às marginalizações e estigmas sociais.

SOBRE ROSA CALDEIRA

Rosa Caldeira (@orosacaldeira) é diretor e roteirista na produtora de audiovisual comunitário Maloka Filmes. Cineasta trans e militante, sempre juntando ideias para atuar com cultura TLGB e periferia. Seu último curta-metragem, Perifericu (@perifericu), recebeu mais de 30 prêmios, incluindo Festival de Tiradentes e Curta-Kinoforum. É formado em sociologia e especializado pela Escuela Internacional de Cine y TV en Cuba. Busca junto aos seus um reolhar sobre a imagem de experiências transviadas faveladas em primeira pessoa.

SOBRE NAY MENDL

Nay Mendl (@naymendl) é cineasta periférico, transmasculino, graduado em Cinema pela UNILA com intercâmbio pela Universidad Nacional de Colombia, e co-fundador do coletivo Maloka Filmes. É diretor, diretor de fotografia e montador, com seus estudos voltados para as representações de corpos dissidentes e periféricos no cinema contemporâneo e busca com seu trabalho descolonizar narrativas, no corre pelo cinema favelado transvestigenere latino-americano.

Foto de capa: Divulgação

A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade. Contamos com três frentes principais: república de acolhida para jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsos de casa, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativa e a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos e terapias complementares, com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.

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