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Estudo revela agravamento na vulnerabilidade do público LGBT+ com a pandemia

Pesquisa do coletivo #VoteLGBT com a Box1824 revela que a vulnerabilidade de pessoas LGBT+ aumentou 16% desde a última medição, um ano atrás

Passado mais um ano de pandemia, a população LGBT+ no Brasil passa por um agravamento da vulnerabilidade financeira e psicológica, além de rejeitar fortemente o governo Jair Bolsonaro. Essa é a conclusão de um estudo recém-lançado pela plataforma #VoteLGBT com a Box1824, que atualiza o “Diagnóstico LGBT+ na Pandemia”, lançado em Junho de 2020, e ouviu mais de 7 mil pessoas nas cinco regiões do país.

O estudo, realizado pela plataforma #VoteLGBT com apoio da Box1824, busca entender melhor a realidade da população LGBT+ no Brasil, por meio de um levantamento quantitativo em âmbito nacional (algo inédito e de extrema relevância para um segmento da sociedade que carece de dados demográficos) e que foi posteriormente somado a um estudo qualitativo da Box1824 para entender melhor as diferentes realidades de um grupo tão diverso quanto a própria sigla anuncia.

O estudo, realizado pela plataforma #VoteLGBT com apoio da Box1824, busca entender melhor a realidade da população LGBT+ no Brasil, por meio de um levantamento quantitativo em âmbito nacional (algo inédito e de extrema relevância para um segmento da sociedade que carece de dados demográficos) e que foi posteriormente somado a um estudo qualitativo da Box1824 para entender melhor as diferentes realidades de um grupo tão diverso quanto a própria sigla anuncia.

O estudo, realizado pela plataforma #VoteLGBT com apoio da Box1824, busca entender melhor a realidade da população LGBT+ no Brasil, por meio de um levantamento quantitativo em âmbito nacional (algo inédito e de extrema relevância para um segmento da sociedade que carece de dados demográficos) e que foi posteriormente somado a um estudo qualitativo da Box1824 para entender melhor as diferentes realidades de um grupo tão diverso quanto a própria sigla anuncia.

Em situações de um maior afastamento das redes de apoio, isso implica também na piora da saúde mental e consequente ampliação da insatisfação em relação aos governos, tanto federal quanto estaduais, por falta de políticas públicas e apoio às demandas da comunidade.

Os números deixam essa realidade bem clara: mais da metade das pessoas (55,19%) considera que estão em condições piores em relação a sua saúde mental se comparado a um ano atrás, e 54,92% foram diagnosticadas com o risco de depressão no nível mais severo. E, num contexto crítico como esse, a rejeição ao governo de Jair Bolsonaro é praticamente absoluta: 98,7% rejeitam o presidente, e 95% são favoráveis ao seu impeachment.

Relevância da pesquisa

O estudo se detém a uma parcela da população que, historicamente, carece de dados confiáveis no Brasil. A atualização desta pesquisa permite um acompanhamento dessa comunidade ao longo do tempo, e contou com o apoio de All Out e da Casa 1. Esforços como este dão visibilidade a essas pessoas – que existem, são muitas, e estão lutando por sua sobrevivência e por seus direitos.

O resultado da primeira edição do estudo, em 2020, trouxe 3 principais impactos que atingiram a comunidade LGBT+ durante os primeiros meses de pandemia. São eles: a piora da saúde mental, o afastamento da rede de apoio e a falta de fonte de renda.

Confira aqui a pesquisa completa e a seguir, os dados detalhados nos eixos de Vulnerabilidade Financeira, Saúde Mental e Insatisfação com o Governo.

Agravamento da Vulnerabilidade Financeira

Problemas estruturais profundos dificultam a existência de uma pessoa LGBT+ no ambiente de trabalho. Esta população por diversas vezes é preterida por fugir da normatividade e por outras questões sistêmicas, como falta de acesso à educação de qualidade e rede de contatos para empregos formais e melhor remunerados. Da mesma forma, estar o tempo todo sob a ameaça de sofrer preconceitos traz uma carga mental bastante grande para esses profissionais.

Diante desse cenário, a pesquisa apontou que:

6 em cada 10 pessoas LGBT+ tiveram diminuição ou ficaram sem renda por causa da Pandemia de Covid-19
17,15% é a taxa de desemprego geral observada, passando para 20,47% entre pessoas trans
6 em cada 10 dos desempregados LGBT+ (59,47%) já estão sem trabalho há 1 ano ou mais
4 em cada 10 pessoas LGBT+ (41,53%) vivem em domicílios com insegurança alimentar. Quando falamos em pessoas trans, esse número sobe para mais da metade delas (56,82%)

Piora da Saúde Mental

Com o agravamento da pandemia e continuidade do isolamento social, uma parcela da população LGBT+ vive contextos de enormes perdas: perda de renda e decorrentes vulnerabilidades materiais, perda e adoecimento de parentes e amigos, ausência de convívio social, solidão, falta de espaço físico, de perspectivas. Todos esses fatores se traduzem no agravamento da saúde mental da maior parte dos respondentes.

Além de viverem todo o contexto estrutural e os agravamentos da pandemia, dois fatores colaboram para a piora da saúde mental da população LGBT+: não só as relações mais próximas ficaram distantes com o isolamento, como a ajuda profissional está mais escassa.

55,19% declararam que sua saúde mental em 2021 está pior do que em 2020.
54,92% das pessoas foram classificadas com o risco de depressão no nível mais severo (depressão maior), quase 8% a mais que na pesquisa de 2020 (47%). Esse percentual sobe para mais de 80% quando levamos em consideração as pessoas com algum nível de depressão
30% das pessoas já haviam recebido diagnóstico prévio de depressão e 47,59% já haviam recebido diagnóstico prévio de ansiedade. Em ambos os casos, cerca 2% a mais que na pesquisa de 2020, que foi de 28% para depressão e de 45,35% para ansiedade

Insatisfação acentuada com o governo

A reprovação do governo federal segue absoluta, no mesmo patamar do ano passado. O prolongamento da pandemia, no entanto, se desdobrou também na piora da avaliação dos governos estaduais. A ineficiência do programa de vacinação, a maior exposição ao risco, bem como a sensação de que a COVID-19 está mais próxima do cotidiano das pessoas e de seus relacionamentos próximos, fez com que as pessoas sentissem falta
da ação do Estado.

➔ 98,7% é a reprovação ao presidente, mesmo número da pesquisa de 2020.
➔ 95% são favoráveis ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
➔ 52% das pessoas classificaram o desempenho dos governos estaduais como “bom”, “ótimo” e “regular”, quase 23% a menos que na pesquisa de 2020 (74,78%)
➔ 12% tentaram o auxílio emergencial, mas não conseguiram. Entre as pessoas trans esse percentual é de 17%. Entre os que receberam, 9 em cada 10 declaram que o auxílio emergencial ajudou bastante ou que sem o benefício não teria como pagar as contas e comprar comida

ÍNDICE VLC – VULNERABILIDADE LGBT+ À COVID-19

Criado para o estudo de 2020, o Índice VLC foi um marco na discussão sobre
vulnerabilidade do público LGBT+, por oferecer indicadores quantitativos que envolvem cruzamento de dados sobre acesso à saúde, trabalho, renda e exposição ao risco de infecção pelo coronavírus.

A metodologia utilizada na construção do VLC é a mesma que caracteriza o índice de vulnerabilidade social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O VLC é um índice que varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo a 1, maior a vulnerabilidade ao COVID do grupo analisado.

Enquanto os números de 2020 já indicavam que a população LGBT+ se encontrava em um nível de vulnerabilidade entre alto e grave (especialmente entre pessoas trans, bissexuais e pretas, pardas ou indígenas) os resultados encontrados em 2021 apontam que a totalidade da população LGBT+ se encontra em um nível de vulnerabilidade grave e em média 16% mais elevado do que o ano passado, segundo as dimensões de renda e trabalho, exposição ao risco de covid e saúde.

Este índice pode ser acionado na tomada de decisão e priorização de políticas públicas para populações LGBT+, como ferramenta didática para abordar de forma clara e simples as diferentes vivências dentro da comunidade, entre outros usos.

Obviamente, por tratar-se de uma simplificação da realidade, não substitui de forma alguma o olhar atento para as vivências individuais de cada um dos sujeitos. Mas já é um grande avanço se estamos falando que as medidas para romper com os problemas vivenciados pelas pessoas LGBT+ durante a pandemia passam por mudanças que envolvem os governos e a conscientização da sociedade civil.

Sobre #VoteLGBT

Formado por profissionais de várias áreas como demografia, economia, jornalismo, antropologia, direito, artes visuais, entre outras, o #VoteLGBT é um coletivo que busca aumentar a representatividade das pessoas LGBT+ em todos os espaços da sociedade, principalmente na política. Entendendo a representatividade de forma interseccional às pautas de gênero e de raça, o coletivo compreende a diversidade como um valor fundamental para a democracia.

Além de campanhas realizadas em épocas de eleições municipais, estaduais e nacionais — que visam dar visibilidade a candidaturas pró-LGBT e lutar pelo respeito à diversidade sexual e de gênero -, os membros do coletivo também promovem pesquisas presenciais e online para gerar dados sobre essa parte da população.

A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade. Contamos com três frentes principais: república de acolhida para jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsos de casa, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativa e a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos e terapias complementares, com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.

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