Nem Felipe Neto e nem Moro: entrevista histórica do “Roda Viva” foi a do Silvio Almeida

No noite desta segunda-feira, 22 foi ao ar a entrevista com Silvio Almeida, advogado, filósofo e professor universitário no programa “Roda Viva” da Tv Cultura. Com 30 anos de exibição, o programa é considerado o mais antigo do gênero da televisão brasileira e mesmo respeitadíssimo não foge à regra dos problemas que regem a nossa sociedade, entre eles o racismo e o machismo.

Para termos uma ideia, Silvio foi uma das sete pessoas negras que foram entrevistadas no últimos 237 programas exibidos (entre 23 de junho de 2020 e 11 de janeiro de 2016). Os outros entrevistados foram o compositor Nel Lopes (24 de fevereiro de 2020) , o coreografo Ismael Ivo (19 de novembro de 2018) , a ex-ministra Marina Silva (30 de abril de 2018), o ativista Celso Athayde (16 de abril de 2018), o ator e humorista Hélio de La Peña  (15 de janeiro de 2018) e o artista plástico Emanoel Araújo (18 de dezembro de 2017). Já o numero de mulheres nesse período foi 16, sendo Marina Silva a única mulher negra.

O recorde de audiência do programa é do ex-ministro Sérgio Moro em uma entrevista de 2018 (onde chegou à 3,8 pontos), já online, o programa mais acessado teve no centro da roda o atual presidente Jair Bolsonaro (9 milhões de visualizações) e recentemente a participação do youtuber Felipe Neto foi tida por muitos como histórica por ter sido ele o primeiro “influenciador digital” convidado.

No entanto, arriscamos dizer que foi Silvio Almeida quem fez história mesmo: em uma hora e 43 minutos, o advogado falou, esmiuçou e escancarou as questões raciais do país, falou sobre o mito da democracia racial, a importância das pessoas brancas na luta antirracista, passou pela comunicação, economia, esporte e toda a luta do movimento negro. É preciso ver e rever!

Cabe aqui também um ressalva: muito se falou sobre as interrupções do entrevistado, algo que cabe a ele fazer algum tipo de pronunciamento, no entanto, vale ressaltar que em uma entrevista, em especial com mais de um entrevistador, a prática de interrupção não é rara. Obviamente, há casos onde se extrapola, como por exemplo em 2018, quando a então pré-candidata a presidência  Manuela D’ávila foi interrompida 62 duas vezes durante o programa, oito vezes mais que Ciro Gomes, entrevistado três dias depois.

Assista na integra a entrevista de Silvio Almeida no Roda Viva:

Tudo Que Vai Rolar na 18ª Caminhada das Mulheres Les e Bi de SP

Desde 2003 que a Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais de São Paulo acontece, em suas últimas edições, sempre no sábado que antecede a Parada do Orgulho LGBT. A Caminhada surge como uma forma potente de ecoar as demandas específicas das mulheres dentro do movimento sejam elas bissexuais, lésbicas, trans, travestis, negras, PCD e todas as singularidades que atravessam essas vivências.

Em contraponto com a Parada LGBT, a Caminha de Mulheres Lésbicas e Bissexuais é realizada de forma autônoma, sem uma associação nomeada para a gestão, sem articulações e relações institucionais e sem apoio de empresas, pois entendem a importância dessa autonomia para o compromisso com as pautas políticas que movem a Caminhada.

Em 2020 por conta do cenário de pandemia de Coronavirús, foram necessárias várias adaptações para que o evento acontecesse on-line. Desde o começo do isolamento social, promoveram lives com debates urgentes para o momento como “O Impacto do isolamento Social na vida de mulheres lés, bi cis e trans”. Já no dia 18 de junho a organização do evento lançou o Manifesto que norteia as ações desse ano, o documento que foi apresentado em lido em live, foi escrito e assinado por mulheres negras, indígenas, imigrantes, mães, com necessidades especiais, trans, travestis como fazem questão de ressaltar. Para esse ano o mote, frase que simboliza e sintetiza as principais pautas abordadas, é: “Contra Política da Morte, Mulheres Lésbicas e Bissexuais Resistem ao Fascismo e ao Racismo”.

O texto do Manifesto discorre ainda sobre o apagamento no contexto social e político das pautas de mulheres e a violação de seus direitos que está instaurada de maneira estrutural e sistêmica, trata também do contexto enfrentado diante da crise de Coronavírus acompanhada da crise política no país, que atinge de maneira particular as mulheres, o que pode ser evidenciado pelo crescimento dos números de caso de violência contra mulher, dentre outros indícios e desafios que esse cenário apresenta. O documento termina com exigências de políticas públicas, igualdade, inclusão e democracia, reiterando que é inaceitável a instauração de movimentos e políticas facistas, racistas e lesbo, bi transfóbicas.

A edição desse ano vai contar com três dias de programação com direito, a webnário, sarau e CineSapatão.

Confira a Programação:

25/06 – Quinta-feira

20h | Live sobre afetividades plurais entre mulheres com Walkiquia Rosa e Leona Wolf.

27/06 – Sábado

16h – 17h30 | Webnário – História de luta do movimento de mulheres lés e bis.

Dentre outros temas vão tratar sobre a própria trajetória da Caminhada.  Vai contar com a participação de Ana Carla Lemos, Márcia Balades e Irina Bastos com a mediação de Iara Viana.

17h30 – 19h| Sarau

As inscrições estão abertas até o dia 24/06 (Corre que ainda dá tempo, você pode se inscrever clicando aqui).

28/06 – Domingo

16h| Cine Sapatão

Vão ser exibidos os filmes “Sair do Armário” e “Periféricos” e acontecerá o debate com as diretoras.

18h| Lançamento do Vídeo Caminhada

Exibição do vídeo simbólico da 18ª edição da Caminhada de Mulheres Lésbica e Bissexuais de São Paulo.

 

Coloque na agenda, prestigie e fortaleça.

Mais detalhes você confere nas redes da Caminhada (Facebook, Intagram, Evento)

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Foto que ilustra o post: Paulo Pinto/ Fotos Públicas

Casa 1 e Parque do Bixiga distribuem cestas agroecológicas do MST

Recentemente a Casa 1 intensificou a distribuição de cestas de alimentos para famílias, moradores e moradoras da região da Bela Vista – onde estamos localizados – e outras localidades, assim como para população LGBT como um todo. Com a pandemia, a procura aumentou vertiginosamente e demos um salto para 851 cestas entregues no mês de maio (neste post tem uma relação completa de todo o trabalho realizado por nós ao longo de maio). Estas cestas foram financiadas parte com um valor que tínhamos em caixa, parte em doações de pessoas físicas, marcas e empresas. No total, 2721 pessoas receberam os produtos e mais de 10 toneladas de alimentos foram distribuídas.

No meio deste processo, também distribuímos 400kg de verduras e legumes graças a uma aliança muito importante através Parque do Bixiga com o pessoal da Terra e Liberdade, uma cooperativa que distribui alimentos sem veneno produzidos por assentamentos do Movimento Sem Terra (MST), pela região metropolitana de São Paulo.

“A proposta da Terra e Liberdade é construir uma cadeia comercial baseada em princípios ecológicos e solidários que permita que alimentos sem veneno sejam vendidos e distribuídos de forma justa, de modo a fortalecer o trabalho de base com acampados(as) e assentados(as) do MST” nos conta Raul Miranda, um dos articuladores da cooperativa.

Equipe da cooperativa Terra e Liberdade realizando distribuição de cestas agroecológicas durante a pandemia. A cooperativa também realiza entregas em domicílio.Fonte: Facebook Terra e Liberdade.
Cestas com alimentos orgânicos prontas para distribuição, em uma das entregas aqui na Casa 1. Fonte: Iran Giusti

A Terra e Liberdade comercializa os alimentos em feiras agroecológicas, em mercados de produtos orgânicos, além de serem feitas entregas de cestas agroecológicas em diversos Grupos de Consumo Responsáveis (GCRs), que resumidamente são endereços para retirar cestas encomendadas pela internet, através do site da cooperativa. O próprio Parque do Bixiga, por exemplo, é um dos dois Grupo de Consumo Responsáveis (GCRs) localizados no centro de São Paulo.

A compra das cestas agroecológicas é uma das principais maneiras de contribuir com esta cadeia de produção ligada aos trabalhadores sem-terra, garantindo uma luta permanente mesmo quando essa rede de solidariedade se enfraquecer depois que a pandemia acabar. Desta forma é possível viabilizar o aumento de renda para os produtores e auxiliar em outros trabalhos, como compra e transporte de mudas, organização de seminários para controle biológico de pragas, organização de mutirões, etc.

Alimentos sem veneno prontos para compor as cestas agroecológicas. Fonte: Facebook Terra e Liberdade

De acordo com Raul “outro papel fundamental é o de conscientização dos consumidores em relação à importância da transição agroecológica na produção e da reforma agrária popular enquanto eixo central para transformar o quadro de desigualdades sociais no Brasil”.

No Facebook da Terra e Liberdade vocês podem acompanhar todo o trabalho da cooperativa. No site, é possível encomendar cestas de alimentos sem veneno. No Facebook e Instagram do Parque do Bixiga, você também acompanha outras ações e estratégias à favor do parque e no site do Movimento Sem Terra, você tem o trabalho completo de um dos movimentos sociais mais importantes do país.

 

20 coisas que fizeram a gente ter orgulho em ser LGBT em 2019 e 2020

Junho celebramos o mês do Orgulho LGBT que tem no Brasil e no mundo o dia 28 como marco do início do movimento como entendemos hoje. Por isso aproveitamos para lembrar de coisas aconteceram neste ano e no ano passado que fizeram a gente sentir muito orgulho em fazer parte da comunidade.

Cabe lembrar que assim como todo movimento, existem muitas frentes, ideias, posicionamentos, problemas e acertos, no entanto, com muito esforço a luta tem sido cada vez mais plural e

 

1- Renata Carvalho no Festival Internacional de Cinema de Berlim

https://www.instagram.com/p/B9F9MG4n7Rd/

O filme “Vento Seco”, de Daniel Nolasco foi exibido em abril de 2020, na sétima edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim, conquistando ótimas críticas. Interprete da personagem cis Paula, uma sindicalista potente no longa, a atriz Renata Carvalho foi ao Festival com a equipe do filme representar o país. Vale lembrar que “Vento Seco” conta ainda com a atriz trans estreante nas telonas, Mel Gonçalves.

“Vento Seco” também entrou na lista dos filmes que concorreram ao Urso Teddy, que premia os melhores filmes LGBT junto do filme “Alice Junior”, protagonizado pela atriz  Anne Mota. Representatividade Trans que chama!

2 – Glamour Garcia ganhando o troféu de atriz revelação

A Glamour Garcia, foi a primeira atriz trans a ganhar o prémio Troféu Domingão na categoria de Atriz Revelação devido a personagem Britney, da novela “A Dona do Pedaço” na premiação que aconteceu em dezembro de 2019. Glamour que já tem uma longa carreira nos palcos e nas séries, tendo participado de “Toda Forma de Amor” e “Rua Augusta” estreou nas telenovelas em horário nobre com um papel de destaque que ganhou o público rapidinho.

Vale lembrar que as atrizes trans Maria Clara Spinelli e Rogéria já haviam participado de tramas globais mas sempre em papeis menores ou participações especiais, o que não tira o mérito dessas grandes atrizes que abriram caminhos para as novas gerações de atrizes e atores trans.

3 – STF derruba a restrição de doação de sangue por pessoas LGBT

A maioria dos ministros considerou como institucional a proibição dos LGBT de doarem sangue, fazendo com que a votação tivesse um resultado vitorioso para os que desejam doar e não podiam, ainda mais em uma época de pandemia onde os hemocentros viram seus estoques diminuirem consideravelmente. Essa significativa vitória amplia o debate em relação ao HIV/AIDS que não deve ser exclusivo da comunidade LGBT e sim de toda a população.

4 – Inauguração da Clínica Social Casa 1

No mês de Abril de 2019 foi inaugurada a Clínica Social da Casa 1 que oferece para população LGBT atendimentos psicoterapicos, psiquiátrico e de terapias complementares gratuitamente ou a preços sociais.  Situada no bairro daBela Vista, na Rua Lettiere, 65, está fechada por conta da pandemia do coronavírus mas segue com seus atendimentos em um formato online!

5 – A repercussão positiva da sociedade contra a censura do beijo entre dois homens na Bienal do Livro de 2019

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, mandou remover a HQ “Vingadores: A cruzada das crianças” da Bienal do Livro que rolou no Riocentro. Para ele, a imagem que mostra dois personagens se beijando é considerado  “conteúdo impróprio para menores”. E ainda exigiu que fossem embalados e que colocassem avisos de que seriam impróprios para os jovens.

Diante da estapafúrdia decisão, a internet se mobilizou para protestar contra a medida com direito a  protesto organizado pela ativista Giowana Cambrone onde rolou um beijaço. E de quebra, o youtuber Felipe Neto comprou vários exemplares do HQ e distribuiu para os participantes do evento, apoiando assim o protesto. Deu o que falar, ein!

6 – Essas 10 gays que mostraram que delícia é ser viado mesmo durante a quarentena

Com muito humor e desenvoltura, muitas pessoas LGBT tiraram de letra a necessidade de se manter isolado durante a pandemia do coronavirus, por isso reunimos aqui no blog 10 gays que mostraram que delícia é ser viado mesmo durante a quarentena. Sendo parte de uma comunidade que tem de lutar de forma constante por direitos e existência, é sempre um alívio lembra que a cultura LGBT tem como um dos seus maiores pilares, a leveza do humor! Vejam aqui!

7 – Avenida Paulista iluminadíssima pelo Orgulho LGBT

Uma lindíssima instalação de luzes da artista porto-riquenha Yvette Mattern em parceira com a Doritos Rainbow, iluminou a Paulista toda com as cores do arco-íris no dia da Parada LGBT de São Paulo quem em função da pandemia do coronavírus aconteceu de forma online. A ação de Doritos, marca da Pepsi Co, que desde 2017 patrocina a Parada LGBT de São Paulo foi mara, né?

8- A Parada LGBT de SP que pela primeira vez, trouxe visibilidade e inclusão para a comunidade surda LGBT

https://www.instagram.com/p/CBd4LtIJArk/

Para além das muitas críticas que a edição online da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo sofreu, há de se destacar os acertos: foi a primeira vez que a maior parada LGBT do mundo visibilizou a comunidade surda e convidou um influenciador surdo, Leo Viturinno, para falar sobre a sua vivência enquanto homem gay, nordestino, drag queen E surdo. Foi um momento muito lindo e emocionante de se ver.

9 – O Supremo Tribunal Federal deu a vitória aos LGBT ao manter a proibição da ‘cura gay’

No mês de Abril, o STF decidiu que a ‘cura gay’ continuaria proibido, mantendo a Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 01/99, que determina que não cabe aos profissionais da área o oferecimento de qualquer tipo de prática de “reversão sexual” por não se tratar de uma patologia (ou doença), que precise de tratamento. Mais uma vez, coube ao judiciário defender os direitos da comunidade!

10- Festival MARSHA

Nos dias 4 e 5 de abril, rolou no YouTube o Festival MARSHA Entra na Sala, primeiro festival online produzido exclusivamente por pessoas trans e contou com o patrocínio da Casa Chama e da loja Transludica e contou com nomes como Linn da Quebrada, Mel, Liniker Ventura Profana e Alice Guel, entre outras.

O nome do evento é em alusão à Marsha P. Johnson, uma ativista estadunidense conhecida pela sua luta a favor da libertação LGBT. A realização do evento contou com financiamento coletivo, que remunerou igualmente a cerca de 50 artistas que compuseram o line up.

O festival contou ainda com a edição Marsha entra no CCSP em maio e prepara uma nova edição nos dias 26 a 28 de junho, o Marsha Pride. Acompanhe todas as informações do festival aqui.

11 – Nickelodeon assume oficialmente que o Bob Esponja é um personagem LGBT

Bob Esponja, o personagem que foi citado como LGBT.

A Nickeloden usou as redes sociais para fazer um anúncio celebrando o Mês de Orgulho LGBT e aproveitou para homenagear alguns dos seus personagens que fazem parte da comunidade: Bob Esponja, o personagem e Schwoz Schwartz, da série “Henry Danger”, e Korra, da animação “Avatar: A Lenda de Korra”.

“Celebrando o orgulho com a comunidade LGBT e seus aliados este mês e todos os meses”, publicou a Nickelodeon no Twitter. Quanto amor, né? ❤️

12. O beijão da She-Ra no desenho da Netflix

Personagem icônica dos desenhos dos anos 80/90, She-ra ganhou uma nova versão mais atualizada nas mãos da Netflix. Além de estar mais alinhada com sua idade e bem menos sexualizada que no original, em She-ra e as Princesas do Poder, a princesa guerreira se envolveu afetivamente com Felina!. Você pode assistir as cinco temporadas aqui.

13 – Evento LGBT Baphos Periféricos do Rio de Janeiro que promove e visibiliza artistas trans e travestis

O evento ocorreu no Rio de Janeiro em comemoração ao Mês da Visibilidade Trans, onde trouxe artistas trans e travestis para promoverem o seu trabalho, com a colaboração da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual (CEDS Rio). A travesti Quitta Pinheiro, produtora e fundadora da Baphos Periférios, diz que a comunidade trans vem conquistando seu espaço na cena musical. Link. Por muito mais quebradas tomando conta da comunidade LGBT!

14 – A Dominique Jackson fazendo um belo dum discurso sobre a LGBTfobia na HRC (Human Rights Campain), o maior grupo de defesa e dos direitos civis LGBTQIA+ dos EUA

Após de ganhar o prémio de Igualdade Nacional da Campanha de Direito Humano (HRC), uma organização não governamental por advogar em defesa das pessoas LGBT e dos direitos delas, a Dominique Jackson fez um maravilhoso discurso onde diz que respeito não se dá por opção, é uma exigência!

Uma parte do discurso dela: “MINHA COMUNIDADE MORRE TODOS OS DIAS. SEJA POR CONTA DO HIV /AIDS, OU DE TRANSFOBIA E HOMOFOBIA. EU TE PEÇO QUE CONSIDERE ISSO: É UM SER HUMANO. NÓS TODOS SOMOS SERES HUMANOS. É SOBRE SER INCLUSIVO. E EU NUNCA VOU PEDIR PARA VOCÊS ME RESPEITAREM, EU VOU EXIGIR.

15 – A Pabllo Vittar na capa da revista britânica Gay Times

A cantora Pabllo Vittar como capa da revista britânica Gay Times

É uma grande conquista para uma bicha afeminada, que veio da periferia do Nordeste e drag queen. Pabllo Vittar conquistou muita coisa para chegar onde está, sendo a capa de uma das mais importantes revistas LGBT do mundo e foi celebrada pela revista como uma das drags mais importantes do mundo. Ela ainda aproveitou a projeção para lembrar que o Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais e um dos que mais matam LGB no mundo. Além da capa Pabllo fez muita parceria com artistas internacionais, uma turnê pelos EUA e até uma apresentação na ONU. Sucesso!

16 – Artistas negros e gays arrasando nas premiações

O rapper Lil Nas X

Apesar de ser bastante conhecido pelos ambientes rap, o cantor Lil Nas X se tornou o primeiro homem gay e negro a ser indicado ao Country Music Award, maior prêmio da música Country nos Estados Unidos  com o sucesso “Old Town Road”, canção que mistura rap e música country. Um orgulho para as manas gays e negras!

Quem também arrasou foi Billy Porter, que se tornou o primeiro homem assumidamente gay a ganhar o Emmy, na categoria Melhor Ator em série dramática, por seu trabalho na série “Pose”, além de muitos outros prêmios.

17. Finalmente “sair do armário” deixou de ser um problema para artistas

Se por décadas, artistas nacionais e internacionais tiveram que ocultar suas sexualidades do público por um temos de rejeição e até políticas das emissoras e estúdios, o cenário hoje é completamente outro. Na foto, Vitória Strada posa ao lado da namorada Marcella Rica, relação que se tornou pública e não mudou em nada a escalação da atriz como protagonista da novela das 19h da Rede Globo “Salve-se quem Puder”. Nesta coluna o Fefito fala um pouco sobre a questão e lembra outros tantos casais LGBT celebres.

18. A criação do coletivo LGBT “Tibira”

https://www.instagram.com/p/CATFk-JnXyx/

O coletivo Tibira, formado por pessoas indígenas, tem como proposta falar das questão do direito e cultural LGBT dentro da população originária dos países, consolidando em seu perfil no Instagram figuras de diferente países que estejam ligadas à cultura indígena! Trabalho maravilhoso que deve ser muito fortalecido!

19. A posse das primeiras deputadas trans do Brasil

https://www.instagram.com/p/Briq-tynkS2/

A educadora Erica Malunguinho se tornou a primeira deputada trans eleita do país, assumindo uma cadeira na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, onde tem se mostrado uma figura fundamental na manutenção dos direitos das populações minorizadas. Ainda em São Paulo, Erika Hilton foi eleita em um formato diferente: ela é co-deputada da Mandata Ativista que elegeu Monica Seixas e outras oito pessoas para o cargo. No mesmo molde, Robeyoncé de Lima é co-deputada pelo mandato coletivo Juntas, em Pernambuco. Saiba mais sobre elas aqui.

20. As apresentações históricas dos espetáculos “Segunda Queda” e “O Evangelho Segundo Jesus, a Rainha do Céu” no Oficina

Em 2019, Renata Carvalho apresentou o monólogo “O Evangelho Segundo Jesus, a Rainha do Céu” no icônico Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, já em 2020 foi a vez do espetáculo “Segunda Queda” com um elenco e produção totalmente composto por pessoas trans ocupar o espaço. Evoé!

E agora conta pra gente, quais mais momentos de 2019 e 2020 que fizeram você sentir orgulho em ser LGBT?

 

Projeto mapeia mulheres que trabalham na arte por toda América Latina

O projeto “Trabalhadoras da Arte Contemporânea” é uma iniciativa colaborativa para o estabelecimento de boas práticas laborais que visa consolidar e profissionalizar as cenas locais da América Latina e em novembro de 2010 começou as mapear as mulheres profissionais da cultura na América Latina.

São cinco campos de atuação: artistas, curadoras, gestoras, investigadoras, críticas e galeristas de 20 países, inclusive Brasil.

Acessando o mapa aqui, você pode ver as fichas completas das profissionais. No país já foram contabilizadas 490 artistas, 105 curadoras, 39 gestoras, 72 investigadoras, 25 críticas e 17 galeristas um número muito aquém da quantidades de mulheres que trabalham com cultura,  porém é um belo de um pontapé para quem quer conhecer, estudar e consumir a produção feita por mulheres.

O site/plataforma está disponível apenas em espanhol mas nada que uma boa pesquisada no Google torne possível saber mais sobre as profissionais.

Demétrio Campos e o amor de mãe

Ontem, dia 16 de junho postamos aqui no blog da Casa 1 uma lista com 64 pessoas que são negras e trans para seguir no Instagram. Feita por muitas mãos, apresentou profissionais de diversos campos de atuação e tem como propósito, entre outras coisas, quebrar o discurso de que não existem pessoas trans e pessoas negras produzindo e fazendo trabalhos de qualidade.

Durante e divulgação e circulação do post, duas questões foram apontadas: a primeira foi que houve um erro de digitação e um dos nomes foi escrito no gênero incorreto e assim que sinalizaram para nós corrigimos e pedimos desculpas. A pessoa entendeu e já está divulgando a lista em seus perfis. Questões técnicas que todo mundo que faz conteúdo passa e seguimos prestando mais atenção para acontecer o mínimo possível.

O segundo ponto foi um comentário feito por Ivoni Conceição Campos Santos, mãe de Demétrio Campos, um jovem trans negro, artista e dançarino que morreu no dia 17 de maio, data que marca também o Dia Internacional da Luta Contra a LGBTFobia.

De imediato ficamos nos perguntando: o que poderíamos ter feito para que essa mãe não tivesse que sofrer esse incomodo? O que podemos fazer? Deveríamos ter colocado o perfil de Demétrio e de outras pessoas que não estão mais entre nós? As perguntas são muitas e a resposta não temos, afinal não sabemos como cada pessoa que parte gostaria que suas redes e conteúdos fossem usadas.

No entanto, sabemos agora que as redes de Demetrio seguem sendo alimentadas pela mãe Ivoni e por isso, além de inserir o perfil na lista inicial decidimos fazer este post, pedindo desculpas pela não inclusão do perfil de Demetrio e também mostrando para quem segue o blog da Casa 1 que o perfil agora tem o nome @demetriocamposvive e conta com posts dessa mãe que tanto ama seu filho.

E Ivone, pode contar com a gente para sempre lembrar do Demétrio e de tantos outros que se foram mas deixaram suas marcas na vida de tanta gente!

https://www.instagram.com/p/CArOEt3HBkX/

65 pessoas trans negras para seguir no Instagram

Colaborou na construção deste post Iran Giusti, organizador da Casa 1, Ledah Martins, voluntária de produção da Casa 1 e Junior Magalhães, coordenador de empregabilidade e parcerias da Casa 1

Não é raro nos depararmos com espaços, em especial de poder,  que contam exclusivamente com pessoas brancas e cisgêneras e a justificativa é sempre a mesma: “mas não tem pessoas trans qualificadas para tal função”, ou então, “as pessoas negras estão em processo de formação profissional”.

Ainda neste exercício de manutenção do racismo, muitas pessoas dizem não conhecer pessoas trans e pessoas negras, algo que é realmente possível devido a estratificação da nossa sociedade e por isso listamos aqui 64 pessoas trans e negras, de diversas áreas de atuação para você começar a seguir e acompanhar os trabalhos.

É muito importante dizer que algumas figuras ficaram de fora porque contam com seus perfis fechados (algo que faz muito sentido devido a ataques virtuais, em especial à pessoas envolvidas com ativismo) e também que outras tantas não contam com perfis no Instagram, assim como pessoas não binárias, agênero ou bigenero porque estarão em outras listas.

Essa lista tem função de apresentar o máximo de pessoas para todos e todas e foi formatada por ordem alfabética da @ (com algumas pequenas variações por questões técnicas) mas não se trata de uma lista de posições, beleza?

Arrasem e sigam todo mundo que curtir!

1. Brunessa Candace Zion Loppez – Drag Queen e Modelo

https://www.instagram.com/p/B9Ghg2RlkHH/

2. Pletu – Poeta e Produtor Cultural

https://www.instagram.com/p/B61dDQnHap7/

3. Isma Almeida – Criadora e Dj

https://www.instagram.com/p/B1ZplFcneT-/

4. Albert Magno – Cantora, Artista Visual e Modelo

https://www.instagram.com/p/B-FR4b0HbsJ/

5. Alice Guel – Multiartista

https://www.instagram.com/p/B-nVhfBH0Bx/

6. All Ice – MC, Articulador Cultural e Produtor de Arte

https://www.instagram.com/p/B0Ly69knxkC/

7. Aretha Sadick – Atriz, Modelo e Cantora

https://www.instagram.com/p/B3YWqMul6Ok/

8. Ana GIiselle – DJ, Performer e Produtora

https://www.instagram.com/p/B6LWEZhHUk2/

9. Ayo Lima –  Modelo, Poeta e Futuro Técnico de Som

https://www.instagram.com/p/CBOmNY8nPPP/

10. Bentô Batalha – Poeta

https://www.instagram.com/p/CA09n8jh_-k/

11. Bia Manicongo – Poetiza e Cantora

https://www.instagram.com/p/B9m4JCZpj-6/

12. Thales Alves – Chef , Professor e Consultor

https://www.instagram.com/p/Bw0Y_-FF0B4/

13. Felipa Damasco – Diretora de Arte, Performer e Musicista

https://www.instagram.com/p/B9H9NKtHPid/

14. Erica Malunguinho – Deputada Estadual e Ativista

https://www.instagram.com/p/B9uiE1jnLem/

15. Danna Lisboa – Cantora, Compositora, Dançarina e Atriz

https://www.instagram.com/p/B8Z9U0znzTB/

16. Fernando Ribeiro – DJ

https://www.instagram.com/p/CA_C-9znHEo/

17. Agatha Gonçalves – Modelo e Artista

https://www.instagram.com/p/-2DeszAntN/

18. Ona Silva – Atriz e Modelo

https://www.instagram.com/p/CAsVmwrBzIg/

19.  Théo S. – Ativista, Escritor e Palestrante

https://www.instagram.com/p/Bv1qvhOnS5I/

20. Augusto Oliveira – Modelo, DJ, Ritmista e Técnico em Canto

https://www.instagram.com/p/B0RmutYHgqp/

21. Erika Hilton – Ativista

https://www.instagram.com/p/CBUUnDcnJG0/

22. Yanke – Maquiadora, Trancista, Costureira e Artista

https://www.instagram.com/p/CBUJUi1nvYX/

23. Jaqueline Gomes de Jesus – Doutura, Professora, Psicóloga e Escritora

https://www.instagram.com/p/CA-mPqxJC9O/

24. Joseph Rodriguez – DJ, Produtor Musical, Modelo, Pesquisador, Musicista Experimental e Multiartista

https://www.instagram.com/p/CA7FTORnSS2/

25. Jup do Bairro – Cantora  e Performer

https://www.instagram.com/p/CBWJJouJHvM/

26. Keila Simpson – Ativista

https://www.instagram.com/p/B9IBqcilWCr/

27. Kiara Felippe – Criadora e Dj

https://www.instagram.com/p/B71futMHgwW/

28. Léo Kret do Brasil – Ativista, Dançarina e Vereadora

https://www.instagram.com/p/B8v6wdungNG/

29. Leona Vingativa – Cantora

https://www.instagram.com/p/B9z-0OnhJH0/

30. Liniker – Cantora

https://www.instagram.com/p/B42zJnhppwO/

31. Linn da Quebrada – Cantora, Atriz e Performer

https://www.instagram.com/p/B4iwOggljI5/

32. Luane Domingos – Performer

https://www.instagram.com/p/Bxvorf_gO7N/

33. Luh Maza – Escritora, Diretora, Roteirista e Atriz

https://www.instagram.com/p/B9AP00FnGSH/

34. Sol – Modelo e Maquiadora

https://www.instagram.com/p/B4yFZ42nT5R/

35. Majur – Cantora

https://www.instagram.com/p/B89snnanSyD/

36. Maria Leticia Costa – Artista Visual, Modelo, Diretora de Arte e Figurino

https://www.instagram.com/p/Bw-vmK3AMcw/

37. MC Dellacroix – Rapper, Performer e Modelo

https://www.instagram.com/p/BvnQnAagNQE/

38. Megg Rayara Gomes de Oliveira – Doutora, Professora e Ativista

https://www.instagram.com/p/CASj1b0B1hl/

39. MEL – Cantora e Apresentadora

https://www.instagram.com/p/B3IPtP0lftb/

40. Natasha Princess – Performer e Drag Queen

https://www.instagram.com/p/CBb0y1PDntb/

41. Esteve Maris – Artista Visual e Poeta

https://www.instagram.com/p/B5oIq7uA_se/?utm_source=ig_embed&ig_mid=1CFBF73A-0810-4047-8039-C3182B3B8874

42. Neon Cunha – Publicitária, Artista e Ativista

https://www.instagram.com/p/BrX2uJWhhCt/

43. Bernardo X – Ativista e Artista

https://www.instagram.com/p/B5JZ2EFndTo/

44. Onika –  Atriz, Performer, DJ e Professora de Poledance

https://www.instagram.com/p/B5FzBdEHzTK/

45. Le Cardenuto – Influenciador

https://www.instagram.com/p/B97uCDjndm-/

46. Lea T – Modelo

https://www.instagram.com/p/CBcw2pOBPGA/

47.  Tereza Tessaro – Historiadora, Arte-Educadora e Artista

https://www.instagram.com/p/BuIR46RgdjF/

48. Patricia Borges – Poeta, Palestrante e Artista

https://www.instagram.com/p/B4FZZvIHoa1/

49. Paula Ferrreira – Modelo e Youtuber

https://www.instagram.com/p/B_7ZOG-jN1c/

50. Zaila – Dançarina e Coreógrafa

https://www.instagram.com/p/B8PtplQH0kx/

51. Raquel Virginia – Cantora

https://www.instagram.com/p/B_Qie0HFg4a/

52. Robeyoncé Lima – Advogada, Co-Deputada e Ativista

https://www.instagram.com/p/B-erIAqHyMm/

53. Sasha Vilela – Publicitária e DJ

https://www.instagram.com/p/B-r6sTWnfid/

54. Terra Johari – Advogada, Antropóloga, Pesquisadora de Corpo e Performer

https://www.instagram.com/p/B7Zcl4intq-/

55. Stefan Costa – Advogado, Empreendedor e YouTuber

https://www.instagram.com/p/B5S9sjone8B/

56. Giovanna Heliodoro – Social Media, Comunicadora, Historiadora, Pesquisadora, Artista e Apresentadora

https://www.instagram.com/p/B8-BP_rJWVm/

57. Shay – Musicista

https://www.instagram.com/p/B0Q1lvfl7Bh/

58. Trindade – Artista Audiovisual e Diretor de Arte

https://www.instagram.com/p/BpNHBMiHSS5/

59. Urias – Cantora

https://www.instagram.com/p/B7r6QO8FDNs/

60. Valenttina Luz – Multiartista

https://www.instagram.com/p/B8jDmRBnmYI/

61. Ventura Profana – Performer e Artista

https://www.instagram.com/p/B2zwtnoJweS/

62. Vita Pereira – Multiartista

https://www.instagram.com/p/B3z3nh3grD4/

63. Paula Beatriz De Souza Cruz – Educadora e Professora

https://www.instagram.com/p/B74p3EEH-RN/

64. Alexya Salvador – Reverenda

https://www.instagram.com/p/BzDFAIgFczV/

E olha, achamos que é pouco viu, então comenta aí perfis de pessoas negras e trans porque a gente quer fazer mais muitas listas!

ATUALIZAÇÃO

65. Demétrio Campos. Artista e Dançarino

Neste post explicamos a inclusão de Demétrio nesta lista.

https://www.instagram.com/p/B-FXdcnn4QC/

 

32 poetas vivas

Este post contou com a colaboração de Luiza Dias, professora e pesquisadora de Recife-PE.

Antes de qualquer coisa, é preciso dizer que esta é uma lista insuficiente, afinal, nem ela e nem qualquer outra dará conta da infinidade de poetas e escritoras que atuam ou que estão surgindo a cada momento no Brasil (nosso chão é bom). E é justamente do entusiasmo pela insuficiência desta lista que ela própria surge.

E que bom que elas existem: em 1979, por exemplo, foi exatamente uma lista entitulada “26 poetas hoje” e organizada e publicada pela ensaísta e professora Heloísa Buarque de Hollanda, que projetou a poesia underground feita na época, nos trazendo autores e autoras fundamentais para produção poética e marcando uma virada de linguagem, inclusive. Mas não que esta nossa tenha tais pretensões (no máximo pegamos o título da publicação emprestado como inspiração para dar nome ao post).

Muitos podem pensar que poesia é uma coisa enfadonha, empoeirada, que ficou parada no tempo. Ou mesmo que é uma arte inútil. Mas trago outras notícias: a poesia está vivíssima, elétrica, correndo ramificada pelo país e sendo um dos radares mais precisos dos nossos tempos. Mais do que nunca, a poesia brasileira tem cumprido um de seus papéis mais importantes, que é o de manter a nossa imaginação em pleno funcionamento diante de um sucateamento da própria palavra, fenômeno tão comum de uns anos pra cá.

Como resgatar e expandir os sentidos que as palavras perderam? Como aproximá-las dos acontecimentos da vida e vice-versa? Como oxigenar a nossa relação com elas? Talvez esteja aí – e não só – o ‘pra quê’ da poesia.

Este é então um convite para que você se aproxime e decifre – aos poucos, verso por verso, página por página – o que a poesia tem a ver com você, agora. Porque tem. E aqui abaixo estão 32 poetas brasileiras vivas e à todo vapor que comprovam isso:

adelaide ivánova

A pernambucana Adelaide Ivánova mora em Berlim e é uma poeta que acredita no poder do coletivo. Além do seus mais recentes livros, “O Martelo”  – que ganhou o Prêmio Rio de Literatura 2018  – e ” 13 nudes”, ela também é responsável por organizar o zine independente “Mais Nordeste Por Favor”, publicando e ao mesmo tempo catalogando poetas do nordeste do país, no intuito de expandir os horizontes das publicações concentradas no sudeste. O zine já conta com três edições que podem ser acessadas aqui, aqui e aqui.

ave terrena alves

Ave Terrena é poeta, atriz, dramaturga e professora. Com o seu mais recente livro “Segunda Queda” registra os fazeres e sentires de sua vivência travesti. Além de compor o corpo docente da Escola Livre de Teatro de Santo André, transformou os versos do livro em cenas para uma peça homônima, que conta com um coro de atrizes e atores trans e não-bináries. Neste ano tivemos a honra de assistir “Segunda Queda” nos palcos do Teatro Oficina, compondo a programação da 2ª Semana de Visibilidade Trans da Casa 1, que pode ser assistido neste link.

angélica freitas

A gaúcha Angélica Freitas tem um dos livros de poesia mais conhecidos da recente geração de lançamentos brasileiros. Publicado em 2012, “O útero é do tamanho de um punho” (assista a um trecho lido pela poeta aqui) trata dos padrões sociais da mulher de forma crítica e  sarcástica. Em 2019, o livro foi alvo de moção de repúdio por deputados do PSL na Assembléia de Santa Catarina, porque havia sido indicado como uma das leituras para o vestibular de 2020 das Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). O episódio ganhou repercussão nacional e provou a força das palavras de Angélica. Além disso, ela e a cantora, musicista e atriz Juliana Perdigão realizam juntas algumas performances que unem poesia, música e teatro, como “Crianças Kids” e “Canções de Atormentar”. Esta última pode ser assistida aqui.

Alice Ruiz

Poeta, tradutora, haicaísta, letrista, Alice Ruiz é um nome referencial para a poesia brasileira. Feminista, possui mais de 20 livros publicados, tendo em 1989 recebido o prêmio Jabuti por Vice-versos (editora Brasiliense). Alice também é reconhecida por escrever haikai, esta forma poética de origem japonesa e feita com pouquíssimos versos, praticada por nem tantos escritores no Brasil. Também escreve letras de músicas e textos feministas. Nesta entrevista, Alice abrange toda a sua relação com a literatura e sua perspectiva feminista de mundo.

Ana Martins Marques

Desde Belo Horizonte, Ana Martins Marques observa e registra as minúcias do aqui e do agora. Com o seu ótimo “O Livro dos Jardins”, lançado no ano passado pela Editora Quelônio, reúne 21 poemas em torno do tema das plantas e dos jardins. O livro possui particularidades técnicas e poéticas especiais: o texto dos poemas foi composto em linotipia, uma técnica tipográfica que produz linhas de chumbo que servem de matriz para a impressão. O papel utilizado na capa é artesanal, feito com resíduos vegetais e aparas industriais de papel.

Annita Costa Malufe

Annita Costa Malufe é das poetas que habitam o fazer da escrita e o fazer acadêmico como pesquisadora e professora de pós graduação. Já com alguns livros publicados,  o quinto e mais recente “Um caderno para coisas práticas”, é uma das principais investigadoras do trabalho da também poeta Ana Cristina César (nome marcante da poesia marginal brasileira que recebeu homenagem na FLIP de 2016), tendo publicado ensaios importantes para a bibliografia voltada para a poeta. Aqui, um áudio completo da mesa “A teus pés” na Flip em questão, onde Annita e outras duas poetas, Marília Garcia e Laura Liuzzi, conversam sobre a vida e a obra da Ana Cristina.

Bell puã

Sem dúvidas a jovem poeta pernambucana Bell Puã tem chamado a atenção com sua escrita e atuação para além do circuito tradicional das editoras. Ela se tornou um dos principais nomes do slam brasileiro, sendo a vencedora do Slam BR – Campeonato Brasileiro de Poesia Falada em 2017, e ainda representando o Brasil no Grand PoetrySlam, em Paris, no ano de 2018. Aqui  e aqui você assiste a alguns trechos da final de 2017 em que Bell saiu vencedora e aqui, a performance que ela apresentou na FLIP de 2018.

Bruna Beber

Bruna Beber é poeta, escritora e tradutora. Natural de Duque de Caxias, Bruna já publicou 5 livros, o primeiro “A fila sem fim dos demônios descontentes” em 2006 pela editora 7Letras e o mais recente “Ladainha”, lançado pela editora Record em 2017, cujos poemas foram gravados pela autora e estão disponíveis em áudio no seu Soundcloud.

Cafira Zoé

De Minas Gerais, Cafira Zoé é poeta, artista visual e atua no Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, em São Paulo. Publicou seu primeiro livro pela recente editora Fera Miúda, entitulado “quando sonham os cães”. Já publicou alguns de seus poemas neste post do site Ruído Manifesto, o texto “carta ao cultivo pela aliança vital” em defesa do Teatro Oficina e recentemente este conto de ficção para a série “A céu aberto” da N-1 Edições. Além disso, Cafira compôs a primeira exposição de arte da Galeria Reocupa, projeto de artes da Ocupação 9 de Julho. É também um dos nomes à frente da articulação e estratégia do Parque do Bixiga, em conjunção com outros pontos de resistência como a própria Ocupação 9 de Julho, a Casa 1, o Movimento Terra e Liberdade e mais.

Camila Valones

Artista visual, poeta, cientista e mais, Camila é das que desafiam a escrita. Costuma trabalhar com a criação de poemas-título, como assim define, publicando estas formulações pensantes por diferentes meios como bandeiras, faixas, muros e camisetas, propondo assim uma reflexão sobre o próprio fazer poético e a noção de publicação. É uma das artistas que compoem a Kuceta Plataforma, organização transfeminista interseccional que articula trabalhos de artistes brasileires. Também é uma das propositoras das ações do “teatro de sanidades”, trabalho que compôs a mostra “Arte-Veículo” em 2018 no Sesc Pompéia e que pode ser assistido aqui. Realizou no final de 2019 sua primeira exposição solo “Como? Criando Costumes” no Museu Murillo La Greca em Recife, sua cidade natal.

Catarina Lins

De Florianópolis, Catarina Lins foi, em 2018 , uma das finalistas na categoria poesia do Prêmio Jabuti, talvez a  mais tradicional premiação literária do país, com seu livro “O Teatro do Mundo”. O livro, lançado em 2017 pela editora 7Letras, é composto por um único poema, dividido em 12 partes que permitem que o leitor se relacione com o texto de forma única ou em etapas. Também lançou o seu mais recente “Na capital sul-americana do porco light” (7Letras, 2018).

Conceição Evaristo

Mineira de Belo Horizonte, Conceição Evaristo talvez seja mais conhecida como escritora de contos e romances que de poesia. Mas seu livro “Poemas da recordação e outros movimentos” lançado pela Editora Malê em 2008 é um belo exemplo da potência de sua escrita, abrindo espaço para sua poética em versos. Inclusive, o livro teve uma nova edição bilíngue publicada pela renomada editora francesa Éditions des femmes-Antoinette Fouque, em 2019 . Conceição começou a publicar em 1990, numa série de antologias de “Cadernos Negros”. Seu primeiro romance, “Ponciá Vicêncio”, foi publicado em 2003. Posteriormente, vieram “Becos da memória” (2006), “Insubmissas lágrimas de mulheres ” (2011), “Olhos d’água” (2014) e “Histórias de leves enganos e parecenças” (2016). Nesta entrevista, de fevereiro deste ano, a escritora explica sobre seu processo criativo e sua “escrevivência” negra.

cristiane sobral

A escritora, poeta, atriz, diretora e professora de teatro Cristiane Sobral é carioca e mora em Brasília desde a década de 90.Há mais ou menos 20 anos, foi a primeira mulher negra a se graduar no curso de Artes Cênicas da Universidade de Brasília (UnB), marco determinante para a sua própria produção artística. Além de um longo currículo no campo docente das artes cênicas como coordenadora de Artes Cênicas e professora de teatro na Faculdade Dulcina de Moraes, na Faculdade Anhanguera e na própria UnB, Cristiane publicou o seu mais recente “Terra Negra” e teve seu primeiro texto dramatúrgico “Uma boneca no lixo” remontado 20 anos depois pelo diretor de teatro uruguaio Hugo Rodas, outro importante nome do teatro brasiliense.

Carla Diacov

O intrigante título “A menstruação de Valter Hugo Mãe” dá nome a um dos livros da poeta Carla Diacov. Publicado em 2017 com edição do próprio escritor português no projeto não comercial Casa Mãe de Portugal, “A menstruação..” pode ser lida como um desdobramento, em palavras, para os desenhos que a poeta já realizava com sangue. Ou seria o inverso? De fato, temas como o sangue, o corpo, a mulher, dentre outros, estão presentes em seus escritos. Com alguns livros publicados, um deles “bater bater yuri” de 2017 pode ser lido online aqui.

dodi leal

Também atuante no teatro, Dodi Leal é um nome importante para o campo da pesquisa e da docência das artes cênicas, sendo atualmente professora da Escola Livre de Teatro em Santo André. Recentemente lançou o seu “De trans pra frente”, livro de poemas publicado em 2017 pela Editora Patuá. Vinda da psicologia social, é no teatro que Dodi passa a experimentar e teorizar sobre performatividade, representação e gênero. Nesta excelente entrevista para o canal Desaquenda ela conta toda a sua trajetória e principais ideias.

elisa lucinda

Elisa Lucinda dispensa apresentações. Com sólida carreira nas artes, é sem dúvidas reconhecida como uma das principais vozes da poesia brasileira, tanto na escrita quanto na declamação: sua voz e seu jeito de falar poesia são marca registrada. Além disso, a poeta e escritora capixaba que reside no Rio de Janeiro tem alguns livros publicados, antologias organizadas e editadas por ela, além de discos onde empresta sua voz para a leitura de poemas.

Eliane Marques

A gaúcha Eliane Marques é poeta, escritora e também atua como curadora da Escola de Poesia do Rio Grande do Sul. Publicou os livros de poemas “Relicário” (Grupo Cero Brasil, 2009) e “E se alguém o pano” (2015), vencedor do Prêmio Açorianos de Literatura 2016, na categoria poema. Nesta entrevista, Eliane conta mais sobre seu processo de criação e o seu interesse com a poesia.

fabiana faleiros

Também do sul,  Fabiana Faleiros é uma poeta em profusão. Seu trabalho acontece na intersecção entre arte, produção de subjetividade e invenção de pedagogias a partir de perspectivas feministas decoloniais. Também investiga a multiplicidade dos meios, tendo trabalhos sonoros, audiovisuais, performativos (com o seu Mastur Bar), sempre reinventando noções do que poderia ser uma publicação. A poeta já participou da 30ª Bienal de Artes de São Paulo e 10ª Berlin Biennal, na Alemanha. Na academia, é Doutora em Arte pela UERJ com a tese “Lady Incentivo -SEX 2018: um disco sobre tese, amor e dinheiro”. Publicou em 2016 o livro “O Pulso Que Cai e As Tecnologias do Toque” pela editora IKREK. Recentemente, agora em Maio, apresentou o texto “Manwatching” no site da Tenda de Livros. É também integrante da Kuceta Plataforma.

 isadora krieger

Isadora Krieger e seu “Explorações Cardiomitológicas” chamaram a atenção de leitores e da crítica com sua potente poética do mistério e do subjetivo. O livro de 2018 publicado pela Editora da Casa foi semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura 2019. Também lançou “O wi-fi da igreja é muito fraco” (2017, Editora Urutau), “Memória da Bananeira “(2014, Carniceria Livros), dentro outros, entre poesia, romance, contos e peça de teatro. Isadora também promove oficinas de escrita, que costumam ser divulgadas em seu perfil do instagram.

JANAÚ (ana beatriz domingues)

A poeta, artista-educadora e terapeuta holística Janaú tem no seu primeiro livro lançado “Antlântida” (2018) a ideia do mar como material de trabalho. Mas não só ele interessa a escritora. Com ascendência indígena, Janaú também lançou “Verão Cinza” em 2019, uma plaqueta publicado pela Editora Primata e outros poemas em blogs, como este. Ainda, a poeta realiza um belo trabalho de arte-educação aqui com a gente, na Casa 1.

júlia de carvalho hansen

Astrologia e poesia podem caminhar juntas. E a poeta Júlia de Carvalho Hansen, que também é astróloga, é a prova de que ambos os fazeres consistem em traduzir as noções do tempo e da existência em palavras. Seus mais recentes livros, “Seiva veneno ou fruto” (2016), que resumidamente aborda o mundo dos vegetais e suas experiências com ayahuasca, e “Romã”(2019), declaradamente composto por poemas de amor, foram publicados pela editora Chão da Feira, onde também é uma das organizadoras. Para quem se interessou pelo pensamento da poeta sobre as plantas,  neste ensaio Júlia aborda a experiência poética e as possibilidades de aprendizado e comunicação com as espécies vegetais e neste vídeo, ela comenta a feitura do “Seiva veneno ou fruto”.

kimani (cynthia santos)

Kimani é simplesmente a mais recente campeã do Slam BR, maior competição de poesia falada do país, levando o troféu em dezembro do ano passado. Não fosse a pandemia do novo coronavírus, embarcaria para a França agora em Maio para representar o Brasil no campeonato mundial de slam . É autora do manifesto “Mostra Para Eles, Mulher” que fez parte do lançamento da série britânica “The Handmaid’s Tale” e que já possui mais de 16 milhões de visualizações.

Laura Erber

A carioca Laura Erber, além de escritora e poeta, é ensaísta, artista visual e professora. É também a fundadora da Zazie Edições, uma pequena editora independente, sem fins lucrativos, que disponibiliza gratuitamente ensaios e textos que vão do campo do pensamento crítico-teórico até o da produção artística. Atualmente vive e trabalha na Dinamarca, como professora da Universidade de Copenhague na área de Estudos Brasileiros. Seu mais recente livro, “A Retornada”  pela Relicário Edições, foi lançado após nove anos sem que a autora publicasse inéditos. Também teve o seu “Os corpos e os dias” como finalista do Prêmio Jabuti, em 2008.

Laura Liuzzi

A poeta carioca Laura Liuzzi tem 3 livros lançados. Seu primeiro, “Calcanhar” (7Letras), foi publicado em 2010. “Desalinho” é o segundo, publicado pela extinta Cosac Naif em 2014. E o terceiro, “Coisas” (7Letras), em 2016. Além de poeta, Laura também é cineasta, já tendo trabalhado com o documentarista Eduardo Coutinho e também no acervo do Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro. Em 2016, a poeta participou da FLIP que homenageou a outra poeta Ana Cristina César, em Paraty, compondo a mesa “A teus pés” ao lado de Marília Garcia e Annita Costa Malufe. O áudio da mesa você pode ouvir na íntegra aqui.

Ledusha Spinardi

Ledusha é uma das poetas que contribuiu para que a história da poesia brasileira feita por mulheres chegasse até aqui. Componente da geração de poetas dos anos 1980, especialmente no Rio de Janeiro, onde passou a morar na época, teve com o livro “Risco no disco” a sua estreia (em 2016 o livro foi reeditado pela Lunaparque). Embalada por seus pares de geração, como o poeta Cacaso e a poeta Ana Cristina César, Ledusha também explorou novas temáticas e formatações na escrita poética que ajudou a dar novos rumos para a produção literária no Brasil, especialmente se tratando de sonoridades, humor e ironia. Dentre outros livros (“Finesse e fissura”, “40 graus”, “Exercícios de levitação” e “Notícias da ilha”), o mais recente é o “Lua na Jaula” de 2018. Este trabalho retoma a verve que a fez ser reverenciada por gerações de jovens autores e também apresenta novas e marcantes facetas de sua produção.

 lubi prates

A poeta, tradutora e editora Lubi Prates é um dos nomes da recente poesia brasileira que mais se destaca. O seu livro “Um corpo negro” publicado em 2018  através do PROAC (e que pode ser adquirido através do próprio Instagram da autora), tem ganhado cada vez mais atenção da crítica e de leitores, se afirmando como um dos mais importantes da atualidade. Prova disso é que o livro está em processo de publicação na Argentina, Colômbia, Estados Unidos, Espanha e França, além de ser finalista do Prêmio Rio de Literatura e do 61º Prêmio Jabuti, no ano passado. Além disso, Lubi está em vias de tradução de Poesia Completa da aclamada poeta estadounidense Maya Angelou, como contou recentemente nesta entrevista.

Luna Vitrolira

Nascida em 1992, Luna Vitrolira é poeta, pesquisadora da literatura oral, produtora e idealizadora dos projetos de circulação nacional “Estados em Poesia”, “De Repente uma Glosa” e “Mulheres de Repente”. A recifense estreou na poesia com o livro “Aquenda — O amor às vezes é isso” (2018), tendo sido finalista do Prêmio Jabuti de 2019, e que pode ser adquirido diratamente pelo Instagram da autora. Você pode sentir um gostinho da potência da poesia de Luna assistindo ela mesma declamando seus textos neste vídeo e neste.

luz ribeiro

Luz Ribeiro é poeta, performer, atriz e slammer. Ela mesma se define como uma pessoa coletiva:  integra o importante coletivo Legítima Defesa e também compõe o Slam das Minas São Paulo. Participa de saraus e Slam’s desde 2012 e já ganhou torneios importantes de poesia (FLUP SLAM NACIONAL em 2015, SLAM BR em 2016 e em 2017 o Brasil na “Coupe du Monde de Poesie”, na França, ficando entre os semifinalistas). Já publicou “Eterno contínuo” em 2013 e “Espanca estanca” em 2017.

Marília Garcia

A poeta Marília Garcia sempre se interessou pelo encontro de linguagens, principalmente a poesia e o cinema. Também vinda das artes visuais, Marília costuma apresentar seus textos em seminários e simpósios por via de uma leitura performática, onde incorpora filmes e fotografias em suas leituras. É o caso da mais recente “Então descemos para o centro da terra”, realizada à convite do Espaço Pivô, em São Paulo, que pode ser assistida neste video. Seu penúltimo livro “Câmera Lenta”, publicado pela Companhia das Letras, venceu o prestigiado Prêmio Oceanos em 2018, evento que premia os melhores da literatura feita em língua portuguesa.

 Natasha Felix

Natasha é poeta, escritora e educadora. Em 2018,  lançou pela Edições Macondo seu primeiro livro “Use o Alicate Agora”. Dividido em quatro seções, o livro de estreia da poeta santista faz uma leitura ao mesmo tempo incisiva e delicada de questões ligadas ao corpo, desejo e violência. Dentre suas publicações, destaca-se o livro 9 poemas (Las Hortensias, Argentina) e a coletânea de poetas negras contemporâneas, Nossos Poemas Conjuram e Gritam (Ed. Quelônio). A artista desenvolve trabalhos de performance e já participou de projetos como o Instrumental Poesia (Sesc Paulista), Black Poetry (Sesc Ipiranga) e Trovadores do Miocárdio (Balsa). Pesquisa as relações entre a poesia falada e as experimentações corporais e sonoras.

roberta estrela d’alva

Mc, atriz, slammer, pesquisadora, diretora, apresentadora, roteirista… Roberta Estrela D’Alva é uma das precursoras do poetry slam no Brasil, e portanto uma das responsáveis pela popularização do concurso de poesia falada nos grandes centros urbanos brasileiros. De Diadema, região do ABC em São Paulo, se formou em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da  USP (ECA/USP), passando a ser uma dos idealizadores do importante grupo de teatro Núcleo Bartolomeu de Depoimentos na capital paulista, que ao longo dos anos construiu uma pesquisa cênica denominada teatro-hip-hop. Em 2017, lançou o documentário “Slam – A Voz de Levante”.

tatiana nascimento

De Brasília, Tatiana Nascimento vem escancarando o óbvio e sem dúvidas é uma das vozes e letras mais importantes de nossa geração. É cantora, compositora, poeta, tradutora, zineira, blogueira, editora, pesquisadora em literaturas da diáspora negra sexual-dissidente e também professora, integrando o quadro da Universidade de Brasília (UNB). Estreou nas publicações com “lundu” em 2016, pela Padê Editorial, editora artesanal criada em 2016 por ela e por Bárbara Esmenia, com o objetivo de pra publicar autoras negras e/ou lgbtqi+. De lá pra cá, também já publicou “mil994” pela Padê (2018), “07 notas sobre o apocalipse ou poemas para o fim do mundo” pela Editora Garupa (2019) e o ensaio “leve sua culpa branca para terapia” pela Padê (2019).

Por que artista brancos estão passando a responsabilidade de falar sobre racismo para pessoas negras?

A curadora, pesquisadora e educadora Luciara Ribeiro postou nesta quinta-feira, 11, uma declaração em relação a cessão temporária dos perfis de redes sociais de artistas brancos e brancas para pessoas negras. A prática que começou com a filosofa Djamila Ribeiro assumindo a conta do Instagram do humorista Paulo Gustavo se estendeu para outros artistas como Ingrid Guimaraes cedendo a conta para o youtuber e publicitário Spartakus, Tatá Werneck dividindo o perfil com a cantora Linn da Quebrada e Armando Babaioff que emprestou a conta para o publicitário Ricardo Silvestre.

No texto, Luciara afirma entender o porque dessa movimentação que tem por função visibilizar as pautas relativa a negritude e o protagonismo de pessoas negras, no entanto aponta que as iniciativas tem pouca atuação prática: “Vou levar essa campanha à sério quando essas mesmas pessoas brancas começarem a ceder os seus cachês e convites publicitários, quando rejeitarem convites de emissoras e programas racistas, quando contratarem pessoas negras para suas equipes”, explica.

Outro ponto bastante importante que Luciara traz é que esses artistas devem entender que “são agentes da mudança e que não dá para terceirizar tal responsabilidade” e que “pessoas brancas precisam assumir suas responsabilidades perante o racismo”. Nestas colocações, a curadora vai de encontro ao post feito pela cantora, compositora, poeta, tradutora, zineira, blogueira, editora, pesquisadora em literaturas da diáspora negra sexual-dissidente Tatiana Nascimento no dia 9 de junho:

https://www.instagram.com/p/CBMP-NlHlK6/

“[…] Tenho insistido na inversão paradigmática fundamental que é: pessoas brancas, saiam da manifestação performática da culpa y construam uma ética da responsabilização racial. isso demanda coragem de tentar, errar, conversar entre vcs do que têm coragem de fazer, o que podem, o que não vão dar conta”, explica Tatiana completando que a cobrança para que apenas pessoas negras falem sobre racismo é um problema e que não se deve esperar que pessoas negras sentem e ensinem pessoas brancas sobre questões raciais e sugere: ” lê os textos, y/ou faz o curso. pague pelo meu trabalho ou se dê ao trabalho de ler mais de uma postagem. tô há mais de um ano escrevendo organizadamente sobre isso. tenho até um livro publicado!”

Tatiana está inclusive ministrando um curso online sobre privilégio branco que você pode se inscrever aqui. É importante ressaltar que o curso é pago, como deve ser se tratando de um trabalho e que 50% da arrecadação será repassada pra um grupo de migrantes togoleses que vive em São Paulo e  para uma família negra do Distrito Federal.

Vale destacar ainda a postagem da co-deputada Erika Hilton que publicou também no dia 9 de junho uma lista de autores e autoras negras para se informar sobre questões raciais.

A Casa 1 entrou em contato com Luciara Ribeiro e Tatiana Nascimento pedindo autorização para reproduzir aqui as publicações feitas em seus respectivos perfis pessoais.

Campanha arrecada fundos para comprar chips e pacote de internet para estudantes

Oito cursinhos populares e periféricos: a Rede Ubuntu, de São Paulo, Pré-Vestibular Solitário, PRU (Projeto Rumo à Universidade) e Pré-vestibular comunitário Carolina de Jesus, de Recife, NICA (Núcleo Independente comunitário de Aprendizagem), no Rio de Janeiro, Cursinho Popular Risoflora e AfirmAção Rede de Cursinhos Populares, no Espírito Santo, e Uneafro, que tem unidades espalhadas por todo o Brasil se reuniram para arrecadar fundos para compra de chips e pacotes de dados para estudantes que não tenham acesso à internet.

“As salas de aula foram substituídas por computadores e, num país onde 70% das famílias mais pobres não têm acesso à internet, é impossível dizer que todos os alunos têm as mesmas chances. A mobilização dos estudantes conseguiu o adiamento da prova, e agora precisamos garantir que os jovens mais pobres tenham condições de se preparar para quando o Enem chegar”, explica a plataforma da campanha

“Os pré-vestibulares comunitários atuam há anos para diminuir a desigualdade de acesso à universidade pública, garantindo educação de qualidade em espaços abandonados pelo estado. A educação é a principal ferramenta de transformação social no Brasil e é essencial que os estudantes mais vulneráveis, negros em sua maioria, possam transformar o sonho da universidade em realidade. Se a pandemia escancarou desigualdades, nossa resposta será a solidariedade”, completa o texto. 

A campanha está sendo realizada pela plataforma do Nossas, um laboratório de ativismo que organiza pessoas para gerar impacto na sociedade e é super confiável. No ano de 2019 a Casa 1 inclusive foi uma das beneficiarias da campanha “Ninguém fica Pra Trás” do laboratório que deu suporte para organizações LGBT pós eleição do presidente Jair Bolsonaro.

Confira quais os valores que podem ser doados e o que você garante com a contribuição:

Para doar basta acessar o site da campanha aqui.