As referências de Quem Faz a Casa 1

Para quem acompanha as redes da Casa 1, temos o costume de dividir com vocês um pouco dos bastidores do nosso trabalho através da série #QuemFazaCasa1, que são pequenos depoimentos de pessoas que trabalham nas mais variadas áreas do nosso projeto, falando sobre o nosso dia a dia. Com o isolamento social, tivemos que ajustar o nosso formato de trabalho e boa parte do que estamos fazendo está acontecendo em reuniões virtuais, elaboração de relatórios e assim por diante.
Pensando nisso, decidimos reativar o #QuemFazaCasa1, mas dessa vez pedindo para que as pessoas nos indicassem alguma material de referência que, de alguma forma, ajude a explicar ou que esteja relacionado com o tipo de trabalho realizado aqui na Casa. Este é um jeito de a gente falar um pouco mais sobre como a gente trabalha e compartilhar inspirações que orbitam e guiam o nosso fazer.

VALE SAIG (Projeto babadeira)

Livros “Tudo Nela Brilha e Queima” de Ryane Leão e “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire

“Uma das consequências do Covid 19 foi a Quarentena, medida de precaução para não espalhar ainda mais o vírus. Assim que a quarentena começou fiquei muito abalada, triste, com vários ataques de ansiedade. Mais a medida que o tempo esta passando só agradeço a oportunidade e o privilégio de poder ficar em casa. Assim comecei a tirar proveito deste tempo tão valioso para reflexões sobre nós mesmos, a comunidade, o planeta. Tenho dedicado muito tempo a decifrar minhas dores, minhas angústias, a ver minha pertencia, a redescobrir meu silêncio. Comecei a fazer várias coisas que no dia a dia paulistano (ritmo frenético de trabalho e compromissos) não conseguia realizar. O simples ato de ler um livro. “Tudo Nela Brilha e Queima” de Ryane Leão é um dos livros que esta me ajudando muito e que me me ajuda a entender sobre as dores das mulheres negras, se eu posso entender minhas feridas vou poder empoderar e ajudar outras mulheres. No projeto, eu ministro várias aulas de automaquiagem e de maquiagem profissional, onde falo muito do amor próprio e empoderamento. Como cuidar de nós e tão importante, é quantas vezes deixamos isso de lado. Não é só passar um simples creme ou uma máscara, é muito mais profundo do que isso. E o segundo livro que tem me dado chão (a leitura não é tão fácil mais vale muito a pena) é “Pedagogia do Oprimido” do Paulo Freire, aprendizados sobre o diálogo que possibilita a conscientização com o objetivo da transformação na educação . No Projeto Babadeira estamos trabalhando para poder fortalecer nossa pedagogia de ensino sobre os diálogos a beleza, amor próprio e educação.”

DENISE PIRES (biblioteca comunitária caio fernando abreu)

Livro “O velho e o mar” de Ernest Hemingway

“Escrito em 1951, em Cuba, esta pequena obra prima é o livro que mais indico na biblioteca porque sua história de força e resiliência mostra a grandiosidade da vida perante as adversidades do caminho. Em cada uma das pessoas que conheço e atendo na Casa 1 eu vejo a luta e nobreza de Santiago.”

 

IRAN GIUSTI (comunicação)

Documentário “Ex-Pajé” , livro “Ideias Para Adiar o Fim do Mundo” e página “Mídia Índia”

“”Ex- Pajé” é um semi-documentário de 2018 dirigido pelo Luiz Bolognesi e conta a história de um pajé que para ser aceito novamente em sua comunidade tem que se tornar zelador de uma igreja evangélica. O filme é lindo de doer, tem um tempo muito único daquelas pessoas e mostra a violência e crueldade das missões evangélicas. Um soco no estômago que me fez entender mais ainda o quanto as lutas dos grupos minorizados tem uma mesma raiz. Dá pra alugar no Youtube e no GooglePlay.

Ainda nesse campo, destaco “Ideias Para Adiar o Fim do Mundo” , um livro do Ailton Krenak (o livro fala de um entendimento de mundo completamente oposto do predominante, algo que é um dos cernes da Casa 1) e também a página Mídia Índia que compila matérias e informações sobre a luta indígena no país.

CAROLINA CASTANHO (educativo)

Relato da educadora Renata Meirelles e vídeos

“Pra este menino, o brinquedo só faz sentido quando a brincadeira está viva, caçar sementes, construir o pião e jogar faz parte do mesmo ciclo. depois, aquela semente volta a ser floresta ” Renata Meirelles.

Aqui os links dos vídeos: vídeo 1vídeo 2vídeo 3 e vídeo 4

“Achei bonita essa frase tão pequena que faz parte de um relato da educadora Renata Meirelles sobre um menino de Roraima que fazia pião com sementes de Tucumã. Um brincar acontecendo no encontro do corpo com o mundo. do corpo com seu território. durante as aulas de teatro e o estar na Casa1 ficava especialmente intrigada com a facilidade que eles tem de fluir entre-mundos, e como carregavam consigo objetos de seu território sem aplicar à eles uma função isolada, eterna ou única de existência. Os revólveres feitos de canos de pvc e fitas isolantes são revólveres da mais alta potência. Sejam eles, de fato usados para um assalto forjado ou para a criação. aliás, esse limite entre o brincar e o real é bastante estreito. como os jogos de policia e ladrão margeiam campos de ficção e realidade. E apesar dos pesares, não deixo de achar engraçado como ficamos perplexo quando caímos nos jogos, até porque eles nos colocam junto do que há de mais vivo. Pego esse exemplo do revólver porque é um objeto do território e um jogo que desmancha a ideia de que o jogo faz parte de campo exclusivo da infância. É claro que há outros jogos e inventividades que permeiam nosso estar. Assim como o campo da infância se difere do campo do adulto. Mas, o que me interessa é quando o jogo consegue presentificar as forças atuantes. Um jogo pode atuar no campo do cinético-espacial assim como atua no campo da ética e da política. Pular corda, brincar com pedras, equilibrar-se num pé só, bater cartas, apostas prá-valer, banhos de esguicho, esconde-esconde, correio elegante e por aí vai. Estar na Casa com os jovens e crianças não é estar num campo de segurança ou preparação para a vida. É estar nela, e ficar nos jogos é poder mover-se no mundo. E quem sabe mudar algumas peças de lugar mesmo que depois do fim do jogo elas voltem a ser cidade.”

ALVINA CIRILO (assistência social)

Música “Tente Outra Vez”, do Raul Seixas

“A letra desta música transmite ânimo, fala sobre não desistir dos sonhos e das conquistas, sejam elas pequenas ou grandes. A letra retrata a realidade vivida por nós e principalmente  para os moradores da Casa 1. Eu exerço várias atividades na Casa 1, vou elencar algumas delas: faço compras, colaboro na manutenção da casa e na organização do Centro Cultural Casa 1, colaboro com a equipe de gestão de RH, organizo junto com a equipe de voluntários, o atendimento junto às pessoas em situação de rua, atendimento este que se realiza no local que denominamos de paliativo, que consiste na distribuição de roupas e kits de higiene. No entanto, o que eu faço e que considero prioritário e o que mais me alegra dentre as minhas funções, é o incentivo que procuro dar aos jovens recém acolhidos, para que possam colocar em prática suas novas ideias. Procuro orientá-los na busca de seus direitos e na efetivação dos mesmos, porém, a força para que tudo aconteça está dentro de cada um. O que eu faço é assoprar aquela brasinha que está coberta de cinzas e fazê-la voltar a ter chamas e isto como se diz por aí: “não tem preço”. Os jovens que são acolhidos na Casa 1 chegam fragilizados e aos poucos a situação emocional e material vai mudando.  Os desdobramentos acontecem, aquela pastinha de vida, que chega vazia de alegria, de repente fica repleta de sorrisos, e olha que são sorrisos de batom vermelho, prancha no cabelo, perfumes, cosméticos mil e autoestima lá em cima.  E a pastinha dos documentos, a qual cobro bastante dos acolhidos, vai ficando organizada, e assim, tudo fica pronto para que eles possam correr atrás da saúde, trabalho, educação, vida social, baladas e amigos.  E a partir daí, a vida destes jovens entre 18 e 25 anos, segue o seu curso natural. E diante de uma nova etapa, se por acaso tiverem dificuldades, como eles dizem,  “se der ruim”, o que pode acontecer, é seguir o que disse  Raul Seixas: “Tente Outra Vez”, porém, desta vez ele não estará mais sozinho, pois a equipe da Casa 1,  passa a ser um ponto de apoio para aqueles que já saíram, para os que estão na Casa e para  os que virão.”

A CASA 1
(Alvina Cirilo)

A Casa 1 tem festa

Mas também tem labuta

E muita luta

A Casa 1 tem alegria todo dia

Que não combina com pandemia

A Casa 1 traz aconchego pra cada um

Que venha daqui, dali

Ou de acolá

Não importa

O respeito é o que aporta

A Casa 1 tem arte

E criança que faz arte

Tem doçura nas criaturas

Tem costura

Tem inglês

Pra qualquer freguês

Que quiser enobrecer

A custa do saber

Mas também tem dança

Comidinhas que alegram a pança

Idosos que jogam bingo

Jovens que bordam e tricotam

Fazem maquiagens e

Traquinagens

Tem bibliotecas com muitas histórias

Que se misturam com as nossas e vossas

Tem gente unida

Que com beleza e alegria

Está encarando a pandemia

Levando pra vizinhança

Um pouco de esperança

A Casa 1 tem festa

Mas também tem labuta

E muita luta

A Casa 1 tem alegria

Que não combina com pandemia

Bruno Oliveira (centro cultural)

Poema “A educação pela Pedra” de João Cabral de Melo neto

“Logo no início do poema “A educação pela Pedra” (publicado em 1966 em livro homônimo), o pernambucano João Cabral de Melo Neto aponta para um aspecto fundamental do trabalho que fazemos na Casa 1: é preciso estar atento à didática da pedra, “frequentá-la”. Reconhecer na partilha do mundo, do chão, da pedra, suas possibilidades de ensino-aprendizagem e a partir dela instituir uma prática dialógica. Estar atento à estas lições da pedra é sobretudo uma tarefa política que atravessa toda a nossa atuação, no centro cultural, na clínica social e na república de acolhida.”

A EDUCAÇÃO PELA PEDRA

(João Cabral de Melo Neto)

Uma educação pela pedra: por lições;

para aprender da pedra, frequentá-la;

captar sua voz inenfática, impessoal

(pela de dicção ela começa as aulas).

A lição de moral, sua resistência fria

ao que flui e a fluir, a ser maleada;

a de poética, sua carnadura concreta;

a de economia, seu adensar-se compacta:

lições da pedra (de fora para dentro,

cartilha muda), para quem soletrá-la.

*

Outra educação pela pedra: no Sertão

(de dentro para fora, e pré-didática).

No Sertão a pedra não sabe lecionar,

e se lecionasse, não ensinaria nada;

lá não se aprende a pedra: lá a pedra,

uma pedra de nascença, entranha a alma.

ANGELO CASTRO (PROGRAMAÇÃO)

Peça “O Evangelho segunda Jesus Rainha dos Céus” no Teatro Oficina

“”Depois de pensar muito a respeito, acho que algo que me remete muito ao que faço hoje na Casa 1 como assistente de programação, foi a peça “O Evangelho segunda Jesus Rainha dos Céus” protagonizado pela brilhante atriz Renata Carvalho, e especialmente na ocasião que assisti, foi um evento produzido e organizado por nós da Casa, na semana de visibilidade Trans de 2019. Mesmo sendo algo estruturado por nós, a peça aconteceu no Teatro Oficina, vizinho, parceiro e amigo do projeto. Toda essa sucessão de fatos me remete a algo muito potente e relacionado à visão do trabalho que faço hoje. A peça, que já foi censurada inúmeras vezes, faz uma releitura de textos religiosos e do próprio evangelho (que conta a história de Jesus), mas mostrando esse Jesus encarnado em um corpo Trans, na pele de Renata, e todas as sutilezas e escancaramentos da peça, assim como todo o (re)significado do texto vem a partir desse fato. Foi tão expressivo, por me ver fazendo parte desse evento, ajudando a organiza-lo e produzi-lo, e vê-lo acontecer em um teatro histórico e renomado, apinhado de gente por todos os lados. Acho que meu trabalho tem muito disso, de ajudar realizar coisas tão incríveis, com o destaque e a voz desses corpos dissidentes e muitas vezes marginalizados, falando de algo tão urgente e importante, e assim como o texto ressignifica o evangelho, ressignifica também o mundo a nossa volta, e nossa compreensão da sociedade, e acredito que a tudo isso junto ajuda na construção de um espaço onde isso seja possível de acontecer. A Renata Carvalho, assim como muitas outras pessoas trans estão mostrando seus trabalhos por aí seja na escrita, atuação e diversos outros campos e merecem serem vista e apoiadas.”

Letícia Ferreira (Clínica Social)

Podcast “DEGENERADOS”

“Hoje eu indico para ouvir nesse isolamento social é o podcast “DEGENERADOS”, realizados por dois homens trans, onde eles recebem perguntas sobre questões trans e suas interseccionalidade. O episódio #7 “COBAIAS” gerou várias reflexões sobre o trabalho que realizo na Casa 1. Hoje sou uma das psicólogas que atende moradores e moradoras na República de moradia e coordenadora da clínica social Casa 1. Durante esse episódio também foi falado sobre o despreparo ou até desserviço dos profissionais de psicologia e o quando isso pode gerar mais uma violência para essa pessoas . A Casa 1 é uma espaço que sempre busca questionar os processos de saúde mental, (que muitas vezes são cisgêneros, heteronormativos, elitistas e brancos). Hoje faz 3 anos que estou atuando na Casa e tentando ressignificar esse espaço de escuta que a psicologia propõe, para um espaço sem gerar violência, opressão e obrigatoriedade.”

Diego almeida (educativo)

Livro “Mulheres, raça e classe” da Angela Davis

” Esse livro tá me dando uma surra de realidade e aprendizado, em todos os dias que leio. É muito bom, faz parte da minha vivência e do meu trabalho e com o que a Casa 1 busca também. Quando se pensa em dança para todos, todos os corpos, e eu trabalho com dança na Casa, então eu penso muito sobre isso. E dança em São Paulo ainda é para brancos, quem vai prestigiar, a maior parte dos bailarinos, são brancos. Então esse livro me faz refletir sobre o quanto é importante ter pessoas nessas nesses espaços de trabalho como a dança, como a Casa 1. E ainda, pensar que raça e gênero são suas questões que andam em paralelo, simultaneamente.”

Eis aqui um pequeno manual para você começar a ouvir Podcasts

Por Angelo Castro, Assistente de Programação na Casa 1.

Muitos dizem que o futuro da televisão são os serviços de streaming (sob demanda) como Netflix, Globo Play, Amazon Prime Video onde você pode ter acesso ao conteúdo que deseja, na hora em que preferir e reassistir quantas vezes quiser. Nessa mesma tendência, o Podcast surge como uma espécie de sucessor natural do rádio, que teve um aumento  de 67% de consumo no ano 2019 segundo dados das plataformas que distribuem o conteúdo.

Os Podcasts são arquivos de áudio para ouvir quando e onde quiser. Hoje já conta com uma gama gigantescas de temáticas, formatos e durações e atinge um número cada vez maior de pessoas.

Mas se você ainda está um pouco perdido nessa tendência,explicamos aqui onde você pode acessar e dar dicas de alguns podcasts divididos por temática para te ajudar a encontrar algum que combine com seu gosto.

Plataformas

 

Antes de qualquer coisa é precisa saber ONDE ouvir os Poscasts, os chamados agregadores. Hoje já existem diversas plataformas que possibilitam ouvir, continuar de onde parou, marcar seus favoritos e ser avisado de quando saiu algum novo programa do seu Podcast favorito. Destacamos algumas aqui:

1 – Spotify

O já consagrado app de música também possibilita seguir e ouvir os programas por meio dele. Está disponível para Android, iPhones (IOS), assim como para seu computador seja Windows ou Mac. Ele pode ser utilizado de forma gratuita com algumas limitações e anúncios, mas também com a opção de assinar alguns dos planos pagos mensais (individual, universitário, família, entre outros) para utiliza-lo com todos os recursos que dispõe, inclusive poder baixar o conteúdo para ouvir offline.

Conheça aqui o Spotify

2 – Deezer

Um concorrente ferrenho do Spotify, o Deezer também segue crescendo nessa competição, e no geral oferece as mesmas funcionalidades, e a escolha entre um e outro (embora existam discussões intermináveis da internet de quem é o melhor) acaba sendo uma questão de gosto. Também disponível em versão paga e gratuita com diferentes limitações e pode ser acessado nas principais plataformas (Android e IOS, Windows e Mac).

Conheça aqui o Deezer

3- Google Podcast

Disponível para usuários de Android, o aplicativo da Google é gratuito e bem completo para as necessidades dos ouvintes como: se inscrever e saber das novidades dos programas favoritos, baixar para ouvir off-line dentre outras funcionalidades.

Baixe aqui o Google Podcast

4- Apple Podcast

Assim como tem uma plataforma exclusiva para aparelhos Android, a Apple tem seu agregador para seus aparelhos e usuários de IOS. O Apple Podcast é gratuito e conta com todas as funcionalidades básicas de um bom agregador.

Baixe aqui o Apple Podcast

5- Castbox

Pra quem ainda não está satisfeito, temos uma quinta opção. O Castbox, além das funções gerais conta com uma ferramenta de busca que juntamente com um sistema de inteligência artificial, consegue localizar palavras-chave no meio dos Podcasts e pode facilitar na hora de localizar o que quer ouvir. A plataforma chinesa é gratuita, mas tem a opção de uma conta Premium que acrescenta algumas facilidades, como a eliminaçãoão de anúncios visuais.

Conheça aqui o Castbox

Uma dica bacana é uma ferramenta presente em todos os agregadores e que pode ser muito útil é o controlador de velocidade de reprodução, onde você consegue deixar o áudio mais lento, quando achar que o locutor está falando rápido demais, ou até 3 vezes mais rápido caso queria otimizar seu tempo.

Os Grandes Destaques

Agora que você conhece as plataformas, mas ainda não sabem por onde começar, listamos os programas já consagrados e com milhares de seguidores e ouvintes para você começar a desbravar os Podcasts:

  • Mamilos

Comandado por Cris Bartis e Ju Wallauer o Mamilos, como o título já escancara, fala de qualquer polêmica de peito aberto. É lançado semanalmente e traz sempre um convidado ou convidada para tratar do tema proposto, que vai de política a lazer, tudo com muita leveza, cuidado e simplicidade.

Ouça aqui o Mamilos

  • NerdCast

Dos primórdios da Internet, o consagrado NerdCast conta hoje com mais de 700 episódios e quase 15 anos de existência. Encabeçado por Alexandre “Jovem Nerd” Ottoni e Deive “Azaghal” Pazos , traz sempre convidados para falar sobre cultura nerd, ciência, jogos, tecnologia, literatura e até política com visões distintas sobre os assuntos, tudo com muito bom humor.

Ouça aqui ao NerdCast

  • Um Milkshake Chamado Wanda

Assim como os outros dois anteriores, figura como um dos programas mais ouvidos de 2019 nas plataformas, falando sobre fofocas, notícias, reality shows e cultura pop, com uma dose característica de bom-humor contando com a participação de Phelipe Cruz (“Papel POP”), Samir Duarte e Marina Santa Helena.

Ouça aqui Um Milkshake Chamado Wanda

Mas se você já conhece e acompanha estes mais famosos, ou está procurando outros assuntos trazemos também mais indicações, separadas por gêneros pra endossar essa pequena introdução ao mundo dos Podcasts. São três indicações por temática, deixando conscientemente muita coisa boa de fora, tendo em vista o grande volume de conteúdo já produzido no país (sorte a nossa).

Cultura e Ciência 

Também tem muita gente discutindo sobre ciência e cultura nos programas, trazendo muita discussão interessante e de olho nas notícias mais recentes.

  • Xadrez Verbal

Toda semana Felipe Figueiredo e Matias Pinto dão uma aula de Geopolítica, trazendo as notícias internacionais mais relevantes sobre o assunto. Sempre aberto a debates e a convidados que contribuam com o tema.

Ouça aqui Xadrez Verbal

  • Naruhodo!

Naruhodo! conta com a presença da dupla Ken Fujioka (leigo e curioso) e o Altay de Souza (Cientista PhD) para trazer de forma  observadora e dinâmica curiosidades sobre, ciência, experimentos, senso comum e desafios.

Ouça aqui Naruhodo!

  • Braincast

O Objetivo desse podcast é tratar sobre as intersecção entre criatividade, tecnologia, cultura, inovação, notícias, atualidades e negócios com um time bem diverso para discutir sobre esses assuntos e como eles se entrelaçam.

Ouça aqui Braincast

LGBT

Hoje já existem Podcast para a todos os gostos e jeitos, e tem muita gente dentro da sigla LGBT que está produzindo seus conteúdos sobre sexualidade, gênero ou atualidades e são ouvidos por milhares de espectadores.

  • POC de Cultura

Como o nome já sugere esse podcast é uma junção de 4 Pocs (Caio Baptista, Filipe Bortolotto, José Melo e Hilário Júnior) falando sobre atualidades, cultura, amores e vivências.

Ouça aqui POC de Cultura

  • Santíssima Trindade das Perucas

Apresentado por 3 Drags belíssimas, Bianca DellaFancy, Duda Dello Russo e LaMona Divine, falando sobre montação, cultura POP, novidades, notícias, e vivência LGBT.

Ouça aqui Santíssima Trindade das Perucas

  • Degenerados

Um programa semanal sobre gênero e transexuaildade, que questiona e debate os pontos de vistas de seus próprios ouvintes. Os responsáveis por esse diálogo são Jonas Maria e Vitor Lourenço.

Ouça aqui Degenerados

  • BONUS – Escuta Trans

Sempre que possível vamos dar destaque ao trabalho de pessoas LGBT, por isso essa indicação extra! No Escuta Trans, Rodolfo Rodrigues, Valentim Félix e Vicente Tchalian falam sobre os mais variados assuntos, debatendo e trazendo pontos de vistas que englobam a vivência trans. Como eles mesmos dizem: onde trans fala e cis escuta.

Ouça aqui Escuta Trans

Negritude

Sendo um formato bem democrático não faltam opções para quem quer ouvir produções de pessoas negras discutindo sobre racismo, negritude, questões raciais ou então cultura pop com uma visão mais politizada.

  • História Preta

Thiago André apresenta esse programa que tem por objetivo trazer para superfície a memória histórica da população negra no Brasil e no mundo, ecoando questões e narrativas muitas vezes invizibilizadas.

Ouça aqui História Preta

  • Pretas na Rede

Como elas mesmo dizem, chegaram para melanizar sua rede. O programa feito por duas mulheres negras que falam sobre vivências, atualidades e temas muito relevantes com bastante leveza.

Ouça aqui Pretas na Rede

  • O Lado Negro da Força

Não podia faltar a discussão de algo tão falado atualmente como cultura pop, mas claro com um olhar bem cuidado para questões raciais. O Lado Negro da Força traz debates muito interessantes e necessários sobre filmes, cinema, séries, animes e quadrinhos.

Ouça aqui O Lado negro da Força

Mulheres e Feminismo

O protagonismo de mulheres também não fica para trás em nenhum aspecto quando falamos de podcasts sensacionais, trazendo também questões indispensáveis para entendermos e debatermos assuntos da atualidade.

  • Conexão Feminista

Colocando em pauta assuntos urgentes e indispensáveis como misoginia, prostituição e violência obstretícia, a jornalista Renata Senlle e a escritora Heloisa Righetto comandam o programa de um jeito único.

Ouça aqui Conexão Feminista

  • Baseado em Fatos Surreais

Apostando em um formato diferenciado, esse programa conta em primeira pessoa história de mulheres, com o intuito colocar as pessoas no centro da experiência e desse modo sensibilizar e promover empatia sobre essas histórias tão reais e delicadas. Ele é realizado por Marcela Ponce de Leon e Sheylli Caleffi.

Ouça aqui Baseado em Fatos Surreais

  • As Mathildas

Tendo como pilar central das discussões o pensamento feminino, Iole Melo e Grecia Baffa conversam sobre o mundo do entretenimento áudio visual, cinema, séries e TV.

Ouça aqui As Mathildas

Notícias

Como bom sucessor do rádio, não podia faltar o acervo de notícias. Vários dos grandes jornais já desenvolvem programas frequentes em formato de Podcast:

  • Café da Manhã

Um dos programas da “Folha de São Paulo”, o Café da Manhã destaca diariamente as notícias mais relevantes do momento logo pela manhã, conduzido pelos jornalistas Rodrigo Vizeu e Magê Flores.

Ouça aqui Café da Manhã

  • O Assunto

Produzido pelo “Grupo Globo”, O Assunto, traz Renata Lo Prete em conversa com jornalistas e analistas para se aprofundar em algum tema relevante do momento.

Ouça aqui O Assunto

  • Jornal da CBN

A “CBN” entrou de cabeça no formato de Podcast, deixando vários de seus programas para ser consumidos quando o ouvinte quiser. Destaca-se o Jornal da CBN comandado por Mílton Jung e o time de comentaristas já conhecidos da emissora.

Ouça aqui Jornal da CBN

Crimes e Suspense

Um dos temas que mais se popularizaram e viralizaram foram Podcasts sobre crimes, investigação e suspense. Muitas vezes são histórias feitas em formato de narrativas, trazendo detalhes das investigações e especulações das histórias. Esse formato conquistou muitos ouvintes e premiações.

  • O Caso Evandro – Projeto Humanos

O Podcast Projeto Humanos, trouxe em sua 4ª temporada, 25 episódios a narrativa do caso real do desaparecimento de Evandro Ramos Caetano de 6 anos em Guaratuba (PR) em 1992, suspeito de ligação com rituais satânicos. Ivan Mizanzuk conta com uma riqueza de detalhes o caso, fruto de uma grande pesquisa de mais de 2 anos, de um jeito que é difícil parar de ouvir.

Ouça aqui O Caso Evandro.

  • República do Medo

Em programas semanais, são trazidas discussões sobre filmes, séries e HQs de terror e suspense, lendas urbanas e até casos reais. Sendo assim uma boa opção pra quem já gosta do assunto ou quer conhecer mais sobre esse universo.

Ouça aqui República do Medo.

  • Assassinos em Série

Produzido por Max e Ron Cutler, também semanalmente nos traz episódios que com casos de notórios assassinos em série, fazendo uma análise psicológica dos seus perfis, de seus métodos e muita pesquisa envolvida sobre esses casos.

Ouça aqui Assassinos em Série.

Institucionais

Não são só jornais e grupos de amigos que se juntam para fazer Podcast, esse é um terreno cada vez mais explorado por instituições, sejam elas de cultura, universidades e até museus, trazendo programas riquíssimos que dialogam com a área de atuação dessas organizações.

  • Jornal da USP

A “Universidade de São Paulo” traz uma gama bem abrangente de temas abordados nos seus programas como ciência, música, esporte e saúde, convidando sempre estudiosos da universidade para colaborar com a discussão.

Ouça aqui os Podcast da USP

  • Águas de Kalunga – MAR

O “Museus de Arte do Rio” (MAR) lançou 10 episódios inspirados no conteúdo da exposição “o Rio dos Navegantes”. Águas de Kalunga traz Elisa Lucinda, narrando histórias de artistas convidados, enaltecendo a trajetória de personagens negros e a vinda de imigrantes para o Brasil. Essa iniciativa tem sido cada vez mais usada por museus ou espaços de exposição para complementar a vivência de exposições e instalações.

Ouça aqui Águas de Kalunga

  • Itaú Cultural

O Itaú Cultural tem vários programas separados por temáticas: “Toca Brasil”, trazendo artistas e personalidades do mundo da música; “Escritores – Leitores”, convidando escritores e escritoras, falando sobre processos criativos e questionando como lidam com esse universo também como leitores. Mas o destaque vai mesmo para a série chamada “Mekukradjá” que foca nas vivências de vários povos indígenas, trazendo convidados e convidadas relatando preocupações sociais, políticas e a cultura de suas tribos e povos.

Ouça aqui os Podcasts do Itaú Cultural

Casa 1

Não tem outro jeito de acabar esse texto sem falar dos Podcasts feitos por nós aqui da Casa 1. Desde o começo da Casa, sempre aconteceram falas, palestras, aulas e rodas de conversa sobre os mais diversos assuntos e temáticas, com convidados que tem muito a dizer sobre o assunto. Recentemente conseguimos os equipamentos necessários para transformar essas programações em Podcast e divulgar para quem não conseguiu estar presencialmente. Até o momento contamos com dois programas com vários episódios cada, que ainda estão sendo produzidos, então ainda vem mais por aí!

  • Precisamos Falar sobre sexo

É uma série de mesas, sempre trazendo um especialista e um influenciador convidado para tratar de temos sobre sexualidade, saúde sexual e prevenção sem tabus. Os temas variam de chuca e redução de danos a sex partys e sexo anal.

Ouça aqui as mesas do Precisamos falar sobre sexo.

  • Insituto Temporário de Pesquisa Sobre Censura

Em 2019 a Casa 1 foi convidada e desenvolver uma intervenção para compor  a programação da “Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo” intitulado “Verão sem censura”, com isso surgiu o “Instituto Temporário de Pesquisa Sobre Censura”, que contou além de um ateliê livre, com uma série de aulas abertas com convidados muito especiais para falar sobre censura e seus desdobramentos na TV, arte, história, corpos negros, dentre outras temáticas.

Ouça aqui as aulas abertas do Instituto.

Ainda serão inseridos mais programas, assim como outras programações da Casa 1. Por enquanto nossos podcasts estão disponíveis apenas para Spotify.

Obviamente foram deixados de fora muitos Podcasts incríveis, assim como diversos assuntos que também contam com listas gigantescas de programas sendo produzidos em diversas áreas como: saúde e bem estar, esporte, meditação, comédia e até fortes recomendações para quem quer incrementar os estudos de novas línguas.

Parque do Bixiga reivindica derrubada do veto da prefeitura ao Projeto

Após o prefeito em exercício Eduardo Tuma vetar no último dia 13 de março a PL – Projeto de Lei (805/2017) que cria o Parque do Bixiga, políticos e entidades sociais entraram com uma solicitação para que o prefeito Bruno Covas, agora de volta ao posto, reavalie a decisão e desfaça o veto.

O ofício enviado ao prefeito nesta segunda-feira 13 de Abril – exato 1 mês após o veto -, e que pode ser lido na íntegra aqui embaixo, reforça a importância da área verde em um dos bairros mais adensados de São Paulo e reitera a existência de mecanismos jurídicos legais para a negociação do terreno.

 

Ofício enviado pelo vereador Gilberto Natalini (PV) à prefeitura de São Paulo, nesta segunda-feira 13/04

 

O Projeto de Lei para a criação do Parque do Bixiga, que tem co-autoria de outros 25 vereadores dos mais variados partidos, teve a segunda votação aprovada no dia 12 de fevereiro na Câmara Municipal de São Paulo, marcando um importante e simbólico passo para a luta do Parque.
O Parque do Bixiga tem se tornado um desejo compartilhado por cada vez mais pessoas que vivem, moram e/ou trabalham no bairro do Bixiga e tem como um dos principais representantes de sua luta o Teatro Oficina Uzyna Uzona, companhia de teatro mais antiga em atividade do país, cuja sede é localizada no bairro há décadas, mais precisamente logo vizinha ao terreno em questão.
Recentemente o Teatro Oficina publicou em sua página do facebook uma resposta pública ao veto, argumentando item por item os pontos alegados na ocasião pelo prefeito em exercício. A resposta pode ser lida na íntegra aqui.

Seguimos acompanhando e participando desta luta, contando que o prefeito Bruno Covas reavalie a decisão do veto em nome da importância de um espaço de natureza, cultura e lazer não só para o Bairro do Bixiga,região em que nós da Casa 1 estamos localizados, mas também para toda a cidade de São Paulo.

Abraço coletivo ao terreno do Parque do Bixiga, em ato realizado em 2017. Foto: Jennifer Glass

 

 

Ato pelo Parque do Bixiga em 2018 . Foto: divulgação

 

Como as crianças começaram a fazer parte da Casa 1

Por Bernardo Camara, voluntário do GT de Comunicação da Casa 1

Mal entrei na Rua Condessa de São Joaquim e de longe já dava pra ver algumas cabecinhas de criança correndo de um lado pro outro na calçada. Cheguei à Casa 1 e conheci os figuras: Isaías e Airton moram na rua de cima e toda quarta-feira pulam da cama cedinho para bater ponto ali às 10h onde desde o início de abril rola o projeto Casa Aberta para Crianças.

Quem lidera a tropa mirim é a arquiteta, cenógrafa e professora Livia Loureiro. Ela já chega no clima: atravessando a rua com o caçula no peito, com uma mão segura o filho mais velho e com a outra empurra um carrinho de bebê. Ah, ainda sobra braço para carregar uma sacola recheada de papel, giz, tecidos e fios para interagir com a galerinha que não para um-mi-nu-to.

Livia nem se abala com o alvoroço. Entra no jogo, faz uma roda, canta com eles e cola papéis enormes no chão pra turma desenhar. Com um jeitão lúdico, usa o próprio corpo e os gestos das crianças para exercitar a criatividade deles num traçado livre. “A ideia é fazer exercícios que brinquem com o corpo no espaço e o desenho como expressão de gestos”, explica a professora.

Quintal de casa

No início do ano, foi batendo perna pelas calçadas do bairro que Livia trombou com aquela casa de portas escancaradas. Olhou, parou, se informou, simpatizou, voltou mais vezes. Numa delas, rolava uma festinha-verão com direito a piscina na calçada e criançada em peso. Achou um bapho. “As crianças brincaram muito, inclusive meus filhos. Achei muito potente, não só ter uma casa de acolhida LGBT como poder trabalhar a aproximação do bairro com a casa em vários âmbitos, entre eles a infância”, diz.

Na primeira reunião de voluntários da área de arquitetura, Livia estava lá. Levantou a mão e propôs uma oficina semanal voltada para crianças. A galera, que já estava pirando em mil formas de aproximar a casa da vizinhança, achou a ideia ótima. E rapidinho nasceu o Casa Aberta para Crianças.

“Não é que o bairro tenha poucos equipamentos culturais. Mas o uso dos espaços da cidade não é democrático. Você vai a um centro cultural, por exemplo, e é super fechado, com um monte de seguranças. As crianças não vão”, diz ela. “A ideia de fazer um trabalho num espaço aberto, com portas voltadas para a rua foi o que me motivou. Aqui é um lugar em que as crianças conseguem vir sozinhas, não precisam nem que os pais tragam”.

De fato, Isaías e Airton chegam ali como se estivessem chegando no quintal de casa. Pé descalço, falando com todo mundo, o pai passa, dá um abraço, vai embora, eles seguem, dão uma saidinha, voltam… Estão em casa. “Eles mesmos chegam, eles mesmos saem… Outro dia eu trouxe uns tecidos coloridos, eles pegaram e começaram a dançar, a performar na rua”, conta Livia. “Isso é muito bom, terem um lugar onde podem ir com segurança e exercitar essa autonomia”.

Imagem: Iran Giusti

Pluralidades

Nas oficinas de quarta-feira, as atividades propostas por Livia em geral não abordam as questões LGBT. Aliás, este nem é o objetivo. “Na Casa 1, a república de acolhida tem um público bem específico, enquanto no centro cultural a gente considera a vizinhança em sua pluralidade”, diz Bruno Oliveira, que coordena o centro cultural da casa e buchas em geral. “Nós consideramos as questões de gênero, mas precisamos também abraçar esses outros públicos para construir uma ideia de diversidade de fato”.

Livia também acha que o caminho é por aí. “Só o fato de eles estarem fazendo essa oficina numa casa de acolhida LGBT já ganha outra camada de entendimento que ajuda na quebra do preconceito”, diz. E a molecada acaba sendo como uma ponta de lança, levando para outros espaços a vivência gostosinha que tem ali.

“A gente vai construindo com as crianças um processo de atenção para diversidade. E isso acaba reverberando nas famílias ou mesmo na escola”, afirma Bruno. “O fato de funcionar um centro cultural embaixo da república de acolhida faz com que a Casa 1 esteja protegida afetivamente, porque o bairro já simpatiza com a iniciativa”, diz Livia.

E pra quem está ali dentro, a impressão é esta mesmo. Volta e meia passa criança, adulto, velhinhos esticando o pescoço e botando a cara pra saber o que tá rolando ali dentro. Uma senhorinha que já deve ter seus 80 anos sempre passa com o netinho de colo. E toda vez avisa com um sorriso: “Quando crescer ele vai vir aqui pra desenhar”. A gente espera que sim.

Confira a programação completa para as crianças na página da Casa 1 no Facebook.