Por Daniele Gross, voluntária da Bilioteca Caio F Abreu
Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original E Sua Mãe Também traz a história de amizade entre Tenoch (Diego Luna) e Julio (Gael Garcia Bernal), dois adolescentes mexicanos, que aos 17 anos se envolvem com Luisa (Maribel Verdú), mulher mais velha e casada com o primo de Tenoch.
O drama trabalha as tensões e angústias pelas quais todo adolescente passa. Os hormônios à flor da pele, a tensão, as provações e inseguranças, amizades, família e tudo o mais que cerca as emoções juvenis estão presentes em E Sua Mãe Também, dirigido pelo também roteirista mexicano Alfonso Cuarón, que dirigiu os premiados Gravidade (2013) e Roma (2018) — e que assina o roteiro desse filme em parceria com seu irmão Carlos Cuarón.
Se há personagens melhores para se debater a sexualidade do que os jovens, eu não conheço. Entretanto, o filme apresenta outras problematizações. Narrado em terceira pessoa, as cenas são interrompidas de forma abrupta — o que, confesso, em um primeiro momento causa certo estranhamento —, trazendo à bordo desse “road movie” questões sociais muito presentes naquele país: a invasão de grandes empresas nos pequenos vilarejos, levando seus moradores a cantos e trabalhos não desejados; a percepção da invisibilidade social pelo garoto burguês; as dificuldades sócio-econômicas, perpassadas pela aridez das estradas-cenário do filme, e que tem sua fotografia dirigida por Emmanuel Lubezki (que mantém a parceria com Cuarón em Gravidade), carregando nas cenas toda a beleza natural que o México possui.
Os irmãos Cuarón também problematizam as diferenças de classe, bem como o racismo que transborda em todas as sociedades com grandes diferenças sociais — caso da mexicana, da brasileira e, bem como sabemos, de muitas outras da América Latina, quando já na primeira parte do filme é possível perceber o incômodo classista e racista que o abastado Tenoch carrega mesmo em relação ao seu inseparável amigo, e não tão bem de vida, Julio.
E Sua Mãe Também já marcou duas décadas de existência e continua sendo profundamente atual. Àqueles que assistirem ao filme, ainda hoje, se perceberão inseridos em uma sociedade desigual, racista, classista e que trata aos menos privilegiados com desdém e invisibilidade — problematizações entremeadas em quase todo o filme que, não à toa, foi o vencedor de melhor roteiro no Festival de Veneza de 2001.
Se você curtiu essa indicação, saiba que a Biblioteca Comunitária Caio Fernando Abreu, conta com um rico acervo de filmes e livros, que abrangem, entre outras, temáticas LGBTQIAPN +, Literatura Negra, Feminista, Indígena e Amarela.
Venha conhecer!
Foto de capa: Divulgação