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Festival Bixanagô une debate étnico racial e LGBTQIA+ em programação online

Por Cyro Morais, produtor de conteúdo freelancer da Casa 1

Com uma programação totalmente online nos dias 21, 25, 26 e 27 de março, o evento – realizado pelo coletivo Bixanagô, – traz rodas de conversa, oficinas, showcases e uma exposição virtual. O objetivo é estimular as potencialidades da cultura LGBTQIA+ com estética urbana e do universo periférico, ampliando o debate sobre questões acerca das identidades étnico racial, de gênero e interseccionalidade. 

A primeira edição, em 2019, foi a única presencial do Bixanagô, que contou com um público de cerca de 3 mil pessoas. Em 2020, a programação, mais enxuta, já foi online. Este ano, segundo os organizadores, o número de atrações cresceu. 

Entre os diversos temas abordados nas atividades do festival, estão alimentação, planejamento financeiro e arranjos produtivos, como os relacionados à moda e às artes, para geração de renda. “O movimento LGBTQIA+ está discutindo outras pautas que não são essas de sobreviver, alimentação. Estão nas universidades, discutindo casamentos”, diz Marcelo, acrescentando que a discussão sobre direitos civis é importante, mas existem outras pautas básicas e urgentes quando se pensa a realidade da parcela da população negra. 

“O movimento dos gays, brancos, classe média, eles não estão pensando nisso. É a partir do cenário de raça que aparecem todas essas outras interseccionalidades. A gente tem que trazer esse contraponto de que existe essa série de demandas secundárias e que são urgentes”, diz ele. 

Economia criativa, cuidados e imunização contra doenças também são alguns dos temas dos debates do festival realizado pelo coletivo desde 2019. “Naquele ano, um dos integrantes do coletivo se descobriu com HIV. Colocamos esse debate sobre as ISTs e, mais especificamente, sobre o apagamento das bichas pretas soropositivo. Temos uma alta infecção das bichas brancas. Mas as que mais morrem são as bichas pretas. O Bixanagô surge nesse contexto da gente ter um espaço para conseguir debater essas e outras questões que são da população preta e que as bichas brancas não estão discutindo”, afirma Morais. 

“Por exemplo, quando você faz o uso do coquetel antirretroviral você precisa garantir uma alimentação, vitaminas. Tem gente que o coquetel causa descalcificação e a pessoa perde os dentes. Precisamos dar visibilidade a essas outras pautas que o movimento não dá visibilidade”, revela Marcelo. 

DISCUSSÕES 

““Para a construção das oficinas tivemos o trabalho de observar quais eram as necessidades do cotidiano das BixaNagôs, como por exemplo, pensar em sua alimentação, ou em arranjos produtivos que consigam gerar alguma fonte de renda. Assim também foi feito com as rodas de conversa, onde tivemos o cuidado de pensar questões que interferem diretamente no cotidiano como a criminalização da cultura periférica, sustentabilidade econômica e espaços para pensar na prevenção combinada de ISTs”, conta o idealizador do festival e curador das atividades 

Os temas das roda de conversa são: “Bixa cadê meu dinheiro: Sustentabilidade econômica e economia criativa nas artes”,  com Guilherme Calixto; “Criminalização da cultura e das identidades periféricas”, com Jaqueline Santos, Juliana Bragança e Maitê Freita; “Das margens, ao centro do debate: Direitos, Políticas Públicas e Pop LGBTQIA+”, com Felipa Brunelli, Midiã Noelle e Thiago Amparo; “Pega ou não pega: ISTs, transmissão e prevenção”, com Beto de Jesus; e “Prevenção combinada – novas tecnologias para o controle da AIDS”, com Dr. Alvaro Costa, Lorangeles Thomas e Emer Conatus e Raul Nunnes do projeto Preto Positivo. 

 
EXPOSIÇÂO, PERFORMANCES E ATRAÇÕES MUSICAIS 

O festival traz uma programação intensa com diversas performances e números musicais. A abertura será no domingo 21, com os shows de Enme e Tasha Tracie. 

No final de semana seguinte, estão os shows de Urias, Irmãs de Pau, (que recentemente lançaram o clipe Travequeiro); Rico Dalasam, primeiro show do novo álbum; Alice Guél e muitos outros. 

O festival conta ainda com performances de Renata Prado, Babiy Querino. 

É possível conferir a programação completa no instagram do @festivalbixanago 

O evento traz ainda com uma exposição virtual dos artistas Alexandre dos Anjos, Karolayne Kemblin, Mayara Amaral e Manauara Clandestina irão expor seus trabalhos em uma plataforma exclusiva do festival. 

SERVIÇO 

Festival Bixanagô 

Dias: 21, 25, 26 e 27 de março. 

Transmissão pelo @festivalbixanago 

Foto de capa: Divulgação

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